quinta-feira, dezembro 25, 2008

IV cont.)
Diz-se que a Bíblia, o livro sagrado dos cristãos, do qual se valem eles para provar a existência de seu Deus e Jesus Cristo, seu filho unigênito, foi escrito sob a inspiração divina. O Próprio Deus te-lo-ia escrito, através de homens inspirados por ele, claro. A doutrina cristã ensina que Deus, além de onipotente, é onipresente e onisciente. Sendo dotado de tais atributos, - onisciência e onipresença, - seria de se esperar que Deus ao ditar aos homens inspirados o que deveriam escrever, não se restringisse apenas ao relato das coisas, fatos ou lugares então conhecidos pelos homens.

Sendo onipresente, deveria estar no universo inteiro. Conhecê-lo e levá-lo ao conhecimento dos homens, e não apenas limitar-se a falar dos povos ou lugares que todos conheciam ou sabiam existir.

Sendo onisciente, deveria saber de todas s coisas de modo certo, correto, exato e assim inspirar ou ensinar.

Todavia, aconteceu justamente o contrário. A Bíblia escrita por homens inspirados por Deus onipresente e onisciente, está repleta de erros os mais vulgares e incoerentes, revelando total ignorância acerca da verdade e de tudo mais.

Vejamos apenas um exemplo. Diz a Bíblia que o sol, a lua e as estrelas foram criadas em função da terra: para iluminá-la. Seria o centro do universo, então, o que é totalmente falso.

Hoje, ou melhor, há muito tempo todos sabemos que a terra é apenas um grão de areia perdido na imensidão do universo, sendo mesmo uma das menores porções que o compõe, inclusive dentro do sistema solar de que faz parte.

Como teria Josué feito parar o sol, afim de prolongar o dia e ganhar sua batalha contra os canamitas, sem acarretar uma catástrofe? Decididamente, quem escreveu tais absurdos, sendo homem sujeito a falhas e erros, é perdoável. Entretanto, sendo um Deus onipresente e onisciente, ou por sua inspiração, é inconcebível. E mais inconcebível ainda é que o homem moderno permaneça escravo desta ou de qualquer outra religião. Dispondo de modernos meios de difusão e divulgação da cultura, o homem não pode ignorar o quanto é falsa a doutrina cristã, além de absurda, o mesmo estendendo-se a qualquer outra forma de culto ou religião. Como entender que sendo Deus onipresente e onisciente, não saberia que todos os corpos do universo possuem movimento, e que este os mantém dentro de sua órbita, sem atropelos ou abalroamento?

Quando Jeová resolveu disciplinar o comportamento dos hebreus, marcou encontro com Moisés, no Monte Sinai, para lhe entregar as tábuas da lei. Fato idêntico acontecera muito antes. quando Hamurabi teria recebido das mãos do deus Schamash, a legislação dos babilônios no século XVII a.C.. A mesma foi encontrada em Susa, uma das grandes metrópoles do então poderoso império babilônio, encontrando-se atualmente guardada no Museu do Louvre, em Paris.

No que concerne aos Evangelhos, foram escritos em número de 315, copiando-se sempre uns aos outros. No Concílio de Nicéia, tal número foi reduzido para 40 e destes foram sorteados os 4 que até hoje estão vigorando.

A. Laterre, entre outros escritores, assinala ter sido o Evangelho de Marcos o mais antigo, e haver servido de paradigma para os outros, os quais não guardaram sequer fidelidade ao original, dando margem a choques e entrechoques de doutrina.

Após o Evangelho de Marcos, começaram a surgir os demais que alcançando elevado número, foram reduzidos. A escolha não visou os melhores, o que seria lógico, mas baseou-se tão somente, no prestigio político dos bispos das regiões onde haviam sido compostos.

A. Laterre patenteou igualmente, em "Jesus e sua doutrina", que a lenda composta pelos fundadores do cristianismo para ser admitida pelos homens como verdade, fora copiada de fontes mitológicas muito anteriores ao próprio judaísmo, remontando aos antigos deuses indús, persas ou chineses.

No século II, quando começou a aparecer a biografia de Jesus, havia apenas o interesse político e material em se manter a sua santa personalidade idealizada.

Constantino, no século IV, tendo verificado que suas legiões haviam-se tornado reticentes no cumprimento de suas ordens contra os cristãos, resolveu mudar de tática e aderir ao cristianismo. Percebendo que os bispos de Alexandria, Jerusalém, Edessa e Roma tinham a força necessária para fazer-lhe oposição, sentiu-se na contingência de ceder politicamente, com o objetivo de conseguir obediência total e unificar o império. De sorte que sua adesão ou conversão ao cristianismo, não se baseou em uma convicção intima, espiritual, porém, resultou de conveniências políticas.

Embora não crendo na religião cristã, percebeu que a cruz dar-lhe-ia a força que lhe faltava, para tornar-se o imperador único e obedecido cegamente. Daí, a história do sonho que tivera antes de uma batalha, segundo o qual vira a cruz desenhada no céu e estas palavras escritas abaixo: "in hoc signo vincis", com este sinal, vencerás. Não era cristão verdadeiro, apenas fingia sê-lo para conseguir os seus objetivos.

Dujardin conta-nos que o cristianismo só surgiu a partir do ano 30, graças a um rito em que se via a morte e a ressurreição de Jesus, o qual seria uma divindade pre-cristã. Nesta seita, os seus adeptos denominavam-se apóstolos, significando missionários, os que traziam uma mensagem nova. Os apóstolos desse Jesus, juravam terem-no visto, após sua morte, ressuscitar e ascender ao céu. Entretanto, não era este o Jesus dos cristãos.

O Padre Aífred Loisy, diante do enorme descrédito que o mito do cristianismo vinha sofrendo nos meios cultos de Paris, resolveu pesquisar-lhe as origens, visando assim desfazer as objeções apresentadas de modo seguro e bem fundamentado. Buscava a verdade para mostrá-la aos demais. Entretanto, ao fazer seus estudos, o Padre Loisy constatou que, realmente a crítica havia se baseado em fatos incontestáveis. Por uma questão de honra, não poderia ocultar o resultado de suas pesquisas, publicando-o logo em seguida. Sendo tal resultado, contrário fundamentalmente aos cânones da Igreja, foi expulso de sua cátedra de Filosofia, na Universidade de Paris e excomungado pelo Papa, em 1908.

O Pe. Loisy havia concluído que os documentos nos quais a Igreja firmara-se para organizar sua doutrina, provieram do ritual essênio. Jesus Cristo não tivera vida física. Era apenas o reaproveitamento da lenda essênia do Crestus, o seu Messias.

Verificou-se também que as Paulinianas, de origem insegura, haviam sido refundidas em vários pontos fundamentais e por diversas vezes, antes de serem incluídas definitivamente nos Evangelhos. Do mesmo modo chegou à conclusão de que os Evangelhos não poderiam servir de base para a história, nem para provar a vida de Jesus dada a sua inautenticidade.

Por sorte sua, já não mais existia a Santa Inquisição; do contrário, o sábio Padre Loisy teria sido queimado vivo.

Os documentos relativos ao governo de Pilatos na Judéia, nada relatam a respeito de alguém que se intitulando de Jesus Cristo, o Messias ou o enviado de Deus, tenha sido preso, condenado e crucificado com assentimento ou mesmo contra sua vontade, conforme narram os evangelhos. Não tomou conhecimento jamais de que um homem excepcional, praticasse coisas maravilhosas e sobrenaturais, ressuscitando mortos e curando doentes ao simples toque de suas mãos, ou com uma palavra, apenas.

Se Pôncio Pilatos, cuja existência é real e historicamente provável, e que estava no centro dos acontecimentos da época como governador da Judéia, ignorou completamente a existência tumultuada de Jesus, é que de fato ele não existiu. Alguém que pelos atos que lhe são atribuídos, chega mesmo ao cúmulo de ser aclamado "Rei dos Judeus" por uma multidão exaltada, como efe o foi, não poderia passar despercebido pelo governador da região.

O imperador Tibério, inclusive, jamais soube de tais ocorrências na Judéia.

Estranho que ninguém o informasse de que um povo, que estava sob o seu domínio, aclamava um novo rei. Ilógico. A ele, Tibério, é que caberia nomear um rei, governador ou procurador.

Prosper Alfaric, em L'Ecole de la Raison, assinala as invencíveis dificuldades do cristianismo em conciliar a fé com a razão. Por isso, a nova crença teve de apoderar-se das lendas e crenças dos deuses solares, tais como Osíris, Mitra, Ísis, Átis e Hórus, quando da elaboração de sua doutrina. Expôs, igualmente, que os documentos descobertos em Coumrã, em 1947, eram o elo que faltava para patentear que Cristo é o Crestus dos essênios, uma outra seita judia.

O cristianismo nada mais é, então, do que o sincretismo das diversas seitas judias, misturadas às crenças e religiões dos deuses solares, por serem as religiões que vinham predominando há séculos.

A palavra "evangelho" em grego significa "boa nova", já figura na Odisséia de Homero, Século XII, a.C.. Foi depois encontrada também ruma inscrição em Priene, na Jônia, numa frase comemorativa e de endeusamento de Augusto, no seu aniversário, significando a "boa nova" no trono. E isto ocorreu muito antes de idealizarem Jesus Cristo.

Conforme já mencionamos anteriormente, no inicio do cristianismo, os evangelhos eram em número de 315, sendo posteriormente reduzidos para 4, no Concílio de Nicéia. Tal número, indica perfeitamente as várias formas de interpretação local das crenças religiosas da orla mediterrânea, acerca da idéia messiânica lançada pelos sacerdotes judeus. Sem dúvida, este fato deve ter levado Irineu a escrever o seguinte: "Há apenas 4 Evangelhos, nem mais um, nem menos um, e que só pessoas de espírito leviano, os ignorantes e os insolentes é que andam falseando a verdade". A verdade da Igreja, dizemos nós.

Haviam então, os Evangelhos dos naziazenos, dos judeus, dos egípcios, dos ebionistas, o de Pedro, o de Barnabé, entre outros, 03 quais foram queimados, restando apenas os 4 sorteados e oficializados no Concílio de Nicéia.

Celso, erudito romano, contemporâneo de Irineu, entre os anos 170 e 180, disse: "Certos fiéis modificaram o primeiro texto dos Evangelhos, três, quatro e mais vezes, para poder assim subtrai-los às refutações".

Foi necessária uma cuidadosa triagem de todos eles, visando retirar as divergências mais acentuadas, sendo adotada a de Hesíquies, de Alexandria; e de Pânfilo, de Cesaréía e a de Luciano, de Antióquia. Mesmo assim, só na de Luciano existem 3500 passagens redigidas diferentemente. Disso resulta que, mesmo para os Padres da Igreja, os Evangelhos não são fonte segura e original.

Os Evangelhos que trazem a palavra "segundo", que em grego é "cata", não vieram diretamente dos pretensos evangelistas.

A discutível origem dos Evangelhos, explica porque os documentos mais antigos não fazem referência à vida terrena de Jesus.

Nos Evangelhos, as contradições são encontradas com muita freqüência. Em Marcos., por exemplo, em 1-1,17: "a linhagem de Jesus vem de Abraão, em 42 gerações"; ao passso que em Lucas. 2 - 23, 28 lê-se que proviera diretamente de Adão e Eva, sendo que de Abraão a Jesus teriam havido 43 gerações.

Eusébio comentando o assunto e não sabendo como dirimir a questão, disse: "Seja lá o que for, só o Evangelho anuncia a verdade".(?)

Tais divergências, entretanto, parecem indicar que os Evangelhos não se destinavam inicialmente à posteridade, visando tão somente a catequese imediata de povos isolados uns dos outros. Os escritos destinados a um povo dificilmente seriam conhecidos dos outros.

O Evangelho de Mateus teria sido destinado aos judeus, arranjado para agradá-los. Por isso, não fala nos vaticínios nem no Messias.

Por isso ainda é que puseram na boca de Jesus as palavras seguintes: "Não vim para abolir as leis dos profetas, mas sim para cumpri-las". Tudo indica ter sido feito em Alexandria, porquanto, o original em hebraico jamais existiu. Baur provou, entretanto, que as Epístolas são anteriores aos Evangelhos e o Apocalipse, o mais antigo de todos, do ano 68. Todos os escritos do cristianismo desse tempo, falam apenas no Logos, o Cordeiro Pascoal, imolado desde o princípio dos tempos, referindo-se à personalidade ideal de Jesus Cristo.

Justino, filósofo e apologista cristão, escrevendo em torno do ano 150, não emprega a palavra Evangelho nem uma vez. Isto mostra que ele ainda nessa época, ignorava-a, não tendo conhecimento de sua existência. Justino ignorava igualmente as paulinianas, Paulo e os Atos dos apóstolos, o que prova que foram inventados posteriormente.

Marcião no ano de 140, trouxe as Epístolas à Roma, as quais não foram inicialmente consideradas merecedoras de fé. Sofreu rigorosa triagem, sendo cortada muita coisa que não convinha à Igreja. Marcião fora contemporâneo de Justino. As Epístolas trazidas por ele, eram endereçadas aos Romanos, aos Gálatas e aos Coríntios. Apresentavam Jesus como um Deus encarnado. Teria nascido de uma mulher e sofrera o martírio para resgatar os pecados da humanidade, isto é, dos ocidentais porque os orientais não tomaram conhecimento da personalidade de Jesus, seus milagres e sua pregação e do seu romance religioso.

Engels constatou que as Epístolas são 60 anos mais novas do que o Apocalipse. E ainda, os cristãos contrários ao bispo de Roma, rejeitaram-nas durante séculos. Foi o que se deu com os ebionitas e os severianos, conforme Eusébio escreveu e Justino confirmou.

O Apocalipse fala em um cordeiro com sete cornos e sete olhos, o qual foi imolado desde a fundação do mundo (13-8). O Apocalipse foi composto apenas em 68, sendo o mais antigo de todos os escritos cristãos.

Lutero e Swinglio disseram que o Apocalipse foi incluído nos Evangelhos por engano, tendo a Igreja de inventar, por isso a ordem cronológica dos seus livros.

Hoje se pode provar que o Apocalipse surgiu entre os anos 68 e 70; os Evangelhos, no século II e o Atos dos Apóstolos são os mais recentes de todos.

Eusébio em sua "História Eclesiástica':, 4-23, diz: "Compus as Epistolas conforme a vontade do irmão: mas, os 'apóstolos do diabo' tacharam-nas de inverídicas contando-lhes certas coisas e acrescentando outras".

Irineu, ao mesmo tempo ordenava ao copista: "Confronta toda cópia com este original utilizado por ti, e corrige-a cuidadosamente". Não te esqueças de reproduzir em tua cópia o pedido que te faço.

Essas citações servem para medirmos que tipo de santidade havia entre os bispos e seus calígrafos, na arte eusebiana de eméritos falsificadores de documentos importantes.

Com isto, deram autenticidade a todas as invencionices do cristianismo e legitimaram sua liderança na posse material do que pertencia aos outros.

Irineu ainda registrou o seguinte: "Ouvi dizer que não acreditam esteja isto nos Evangelhos, se não se encontrar nos arquivos", Ao que Eusébio respondera: "É preciso demonstrá-lo".

Uma excelente prova da existência de Jesus, seria uma comunicação feita por Pilatos a seu respeito. Entretanto, tal documento não existe.

Justino, instado pelos falsificadores, referiu-se a Jesus, contudo, dada a sua honradez pessoal, no caso do seu escrito ser autêntico, fê-lo de modo inseguro e hesitante.

Tertuliano que é mas seguro do que ele, afirmou que esse valioso documento deverá ser encontrado nos arquivos imperiais. Contudo, a Igreja apesar de haver se apoderado de Roma a partir do século IV, não teve a coragem de apresentar essa indispensável jóia documentária, a qual de certo seria refutada pela ciência e pejo conhecimento.

Mesmo assim, a partir do século IV, essa prova espúria foi produzida, contudo, a Igreja não teve a petulância de submetê-la à grafotécnica.

Daniel Rops, embora fosse um apaixonado cristão, reconheceu a veracidade dessa falsificação dizendo que: "a que arranjaram era uma carta enviada a Cláudio, que reinou de 41 a 44, e não a Tibério, sob cujo governo Pilatos fora Procurador da Judéia".

No Apocalipse João escreveu: "Se alguém acrescentar alguma coisa nisto, Deus castigará com as penas descritas neste livro; se alguém cortar qualquer coisa, Deus cortará sua parte na árvore da vida e na cidade santa descrita neste livro". Ai está mais uma prova de como as falsificações eram usuais na fase da Igreja nascente.

O mais interessante é essa gente falar em Deus, como se fosse coisa cuja existência já tivesse sido provada, não se justificando mais que o conhecimento e a razão estudassem as bases dessa existência.

Os padres mostravam-se estar de tal modo familiarizados com Deus e sua vontade, que por isso achavam certo e justo julgar e queimar vivos a todos os que deles discordassem.

Entretanto, embora dessem a impressão de estar em contato com Deus, usavam de processos criminosos, dos quais todos os ociosos usam para sacar contra o seu meio social. Assim é que hoje se pode provar que o cristianismo, foi construído sobre um terreno atapetado de mentiras, falsificações e mistificações.

O Novo Testamento atualmente oficializado, é cópia de um texto grego do século IV.

É exatamente o sinótico descoberto em 1859, em um convento do Monte Sinai, onde vem informada a origem grega. Os originais do mesmo estão guardados nos museus do Vaticano e de Londres. Foram publicados com as devidas corrigendas, feitas por Hesíquios, de Alexandria.

Um papiro encontrado no Egito, em 1931, apresenta-nos uma ordem cronológica totalmente diferente da oficializada pela Igreja.

Atualmente, as fontes testamentárias aceitáveis são as do século II em diante, provindas de Justino, Taciano, Atenágoras e Irineu e outros, os quais são considerados os verdadeiros criadores do cristianismo.

Taciano foi o "bem amado" discípulo de Justino. Ele, entretanto, omite a genealogia de Jesus, dizendo apenas que ele descendia de reis judeus, de modo muito vago, divergindo assim da orientação oficializada.

Irineu foi que sistematizou o cristianismo. Foi ele a fonte em que Eusébio inspirou-se. Por isso é que daí em diante seria obrigatória a confrontação entre os dois textos. O bispo de Cesaréia fora encarregado pelo todo poderoso bispo de Roma, de falsificar tudo quanto prejudicasse os interesses materiais da Igreja de então. De modo que, por onde passou a mão de Eusébio, foi tudo conspurcado criminosamente contra a verdade.

Eusébio foi realmente um bispo que cria apaixonadamente na divindade de Jesus Cristo contudo, já conhecia o poder que possuia o bispo de Roma.

Graças a Eusébio e outros iguais a ele, tornou-se uma temeridade descrer-se na verdade oficializada pela Igreja.

Após tantas falsificações, todos ficaram realmente inseguros quanto á verdadeira origem do cristianismo, tal a tumultuação impressa por Eusébio.

Tertuliano e Clemente de Alexandria, lutaram um pouco para sanar essas fontes, anulando boa parte do que restara das criminosas unhas de Eusébio.

Jacob Buckhardt examinando essa documentação, concluiu que o Novo Testamento merece confiança.

Em Coumrã, em 1947, como á vimos foram encontrados documentos com escrita em hebraico e não em grego, falando em Crestus não em Cristo. Ali, Habacuc refere-se à perseguição sofrida por essa seita judia, assim como a morte de Crestus, igualmente traído por Judas, um sacerdote dissidente. A Igreja ao ter conhecimento da existência de tais documentos, pretendeu informar que Crestus era o Cristo de sua criação, contudo, verificou-se que eles datavam de pelo menos um século antes do lançamento do romance do Gólgota. Além disso, continham revelações contrárias aos interesses da Igreja. Eles relatam as lutas de morte em que viviam as diversas seitas do judaísmo.

A Didaquê não pôde entrar nos Evangelhos, devendo silenciar completamente a respeito da pretensa passagem de Jesus pela terra.

De qualquer forma, a lenda que existia em torno no nome de Crestus, foi aproveitada na época porque sendo uma seita comunista, suas pregações iriam servir para atrair ao cristianismo a atenção dos escravos, em luta contra os seus senhores, a eterna luta do pobre contra o riço.

Escavações feitas em Jerusalém, desenterraram velhos cemitérios, onde foram encontradas muitas cruzes do século I e mesmo anteriores. Todavia, apesar de já ser usada nessa época, só a partir do século IV é que a Igreja iria oficializá-la como seu emblema. Levantamentos arqueológicos posteriores provariam que a cruz já era um piedoso emblema usado desde há milênios.

Orígenes polemizando contra Celso, um dos mais cultos escritores romanos de seu tempo, e que mais combateram as bases falsas da Igreja e de Jesus Cristo, acusa Flávio Josefo por não haver admitido a existência de Jesus. Flávio não poderia referir-se a Jesus nem ao cristianismo porque ambos foram arranjados depois de sua morte. Assim, os livros de Flávio que falam de Jesus, foram compostos, ou melhor, falsificados muito tempo após sua morte, no decorrer do século III, conforme as conclusões alcançadas pelos mestres da Escola de Tubingen.

Sêneca que foi preceptor de Nero, suicidando-se para não ser assassinado por ele, já pensava mais ou menos como os cristãos. Do que se conclui que as idéias de que se serviu o cristianismo para se fundamentar, são emprestadas das lendas que giravam em torno de outros Cristos Messias, assim como de outros cultos. Nada tendo, portanto, de original. Sêneca acreditava em um Deus único e imaterializável.

Por tudo isso, vemos que os líderes do cristianismo, nada mais fizeram do que se apropriarem das idéias já existentes. Apenas tiveram o cuidado de promover as modificações necessárias, com vistas a melhor consecução dos seus objetivos materiais.

Sêneca, embora não fazendo em seus escritos qualquer alusão à existência de Jesus Cristo, teve muitos de seus escritos aproveitados pelo cristianismo nascente.

Em Tácito, escritor do século II, encontram-se referências a respeito de Jesus e seus adeptos. Contudo, exames grafotécnicos demonstraram que tais referências são falsas, e resultam de visível adulteração dos seus escritos.

Suetônio que existiu quando Jesus teria vivido, escreveu a "História dos Doze Césares," relatando os fatos de seu tempo. Referindo-se aos judeus e sua religião, apenas falou em "distúrbios de judeus exaltados em torno de Crestus". Por aí se vê que ele não se referia aos cristãos, porquanto, eles sempre se mostraram humildes e obedientes à ordem constituída, evidentemente afim de passar, tanto quanto possível, despercebidos. Desse modo, iriam solapando o poder imperial, manhosamente, como realmente aconteceu.

Suetônio escreveu ainda que haviam supliciado alguns cristãos, que eram gente que se dedicava demasiado a tolas superstições, orientadas por uma idéia malfazeja. Disse mais que Nero tivera de mandar expulsar os judeus de Roma, porque eles estavam sempre se sublevando, instigados por Crestus.

Os cristãos estavam sempre organizados de modo a atrair aos escravos, sem contudo, desagradar às autoridades. Assim sendo, jamais provocariam tumultos. Os cristãos aos quais Suetônio refere-se, poderiam ser os zilotas, os essênios ou os terapeutas, mas nunca os cristãos de Jesus Cristo, porquanto, conforme já dissemos acima, os cristãos eram ensinados a não provocarem desordens.

Plínio, o Jovem, viveu entre os anos 62 e 113, tendo sido sub-pretor da Bitínia. Na carta enviada ao imperador, perguntava como agir em relação aos cristãos, ao que Trajano teria respondido, que agisse apenas contra os que não renegassem à nova fé. Entretanto, não ficou evidenciado a quais cristãos, exatamente, eram feitas as referências: se aos crestãos ou aos cristãos. De qualquer forma, a carta em questão, após ser submetida a exames grafotécnicos e métodos rádio-carbônicos, revelou-se haver sido falsificada.

Justiniano, Imperador romano, mandou queimar os escritos de Porfírio, através de um edito, em 448, alegando que: "impelido pela loucura, escrevera contra a santa fé cristã".

Vespasiano ao morrer disse: "Que desgraça! Acreditei que me havia tornado um deus imortal!". Suas palavras justificam-se pela credulidade supersticiosa. Partindo do preceito ensinado pelos judeus, aliás um falso preceito, de que Cristo havia subido ao céu com corpo e alma, não seria de estranhar que os imperadores pretendessem tornarem-se deuses, afim de escapar ao inapelável destino dos que nascem. a morte.

Calígula, por isso, fizera-se coroar como Deus-Sol, o Sol Invictus, o Helius. Nessa época o Império romano embora em declínio, ainda dominava uma porção de províncias afastadas de Roma.

O homem espoliado pela força bruta, unificada em torno das regiões sentindo não ser possível contar com a justiça humana, passa a esperar pela justiça dos deuses. Mas, mesmo assim, teriam de apelar para os deuses dos pobres e não dos ricos, privilegiados e poderosos.

Conta a lenda que Osíris, o deus solar dos egípcios, foi morto por seu irmão Seth, o qual dividiu o corpo em 14 pedaços e os espalhou pelo mundo afora. Ísis, sua esposa e irmã. saiu em busca dos pedaços, levando seu filho Hórus ao colo. Todos os anos o povo fazia a festa de Ísis, relembrando o acontecimento. Havendo conseguido juntar todas a partes do corpo, Osíris ressuscitou passando a ser incensado como o deus da morte e da sombra. Fora uma ressurreição conseguida pelo amor da esposa. Ísis separou a terra do céu, traçou a órbita dos astros, criou a navegação e destruiu todos os tiranos. Comandava os rios, as vagas e os ventos. Seu culto assemelhava-se muito ao de Astartê, de Adônis e de Átis, religiões muito aparentadas entre si, dominando toda a orla do Mediterrâneo. Seu culto era uma reminiscência do culto de Tamus, um deus babilônio, cuja doutrina ensinava que os deuses nasciam e renasciam, ressuscitando-se.

O judaísmo, e mais tarde o cristianismo, beberam dessas fontes grande parte da sua liturgia.

No cristianismo, encontramos Ísis representada pela Virgem Maria e Hórus transformado em Jesus Cristo. Maria e Jesus, fugindo de Herodes e indo para o Egito, é a mesma lenda de Ísis e Hórus, fugindo de Seth.

O Deus-Homem que morria e ressuscitava, já era uma velha "crença religiosa" naqueles tempos. O cristianismo apenas deu novos nomes e novas roupagens aos deuses de velhas crenças.

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