sábado, abril 22, 2006

Lírio dos paúis
Pastorícia no paul dos Patudos
Técnicos ingleses do Wildfowl & Wetlands Trust visitam o nosso paul
Um pouco de reflexão filosófica sobre a predominância do egoísmo na coisa pública.

O filósofo Jacques Lacan debruçou-se sobre a futilidade dos nossos caprichos egoístas e concluiu que o nosso valor e a integridade radicam nos ideais que reflectem o bem comum, na valorização da vida dos outros (no sentido mais lato, vistos como essenciais à nossa segurança e felicidade), ao ponto de nos predispormos ao auto sacrifício altruísta. Mais de um século antes, o inglês John Ruskin observou como a revolução industrial pervertia os melhores valores humanos, escravizando a massa operária e acabando com o ambiente saudável, apenas par alimentar a obsessão das elites vitorianas pela riqueza material. Para Ruskin (cuja influência marcou profundamente até Mahatma Ghandi) a verdadeira riqueza não estava na acumulação e ostentação do símbolos de poder e de prestígio social. As jóias e o dinheiro nas mãos de uns poucos são uma afronta à generalidade da população explorada que não consegue ver as suas necessidades e direitos básicos satisfeitos. Merece o nosso total desprezo a pletora de luxos fúteis à custa da desgraça alheia. Ruskin procurava a felicidade (colectiva) na inteligência, na cultura, na bondade, na generosidade, na cooperação, na honestidade, na liberdade e na justiça, bem como nas habitações dignas, na alimentação adequada, nos espaços verdes e todos o bens ambientais a que todos temos direito. «É do senso comum que o poder [mundano], quer seja de cariz monástico, aristocrata, ou “democrático”, quer se baseie na força bruta, na hereditariedade, na eleição por sufrágio, é sustentado por indivíduos que não são melhores nem piores do que qualquer um de nós, mas cujas posições [sociais] os expõem às maiores tentações do mal. Elevados [por] sobre a multidão (que logo aprendem a desprezar), acabam por se considerar como seres superiores; solicitados pelas numerosas formas da ambição, vaidade, ganância e caprichos, ficam facilmente receptivos à corrupção que uma miríade de incensantes interesses não cessa de os assediar a fim de beneficiar com os seus vícios.» - Elisèe Reclus Mas temos que analisar as razões que impelem os adolescentes a emular estes modelos comportamentais, e tentar corrigir esta situação, ao invés de sorrirmos complacentemente quando vemos os putos recorrer ao apoio financeiro e logístico dos partidos políticos, e depois irem brincar às eleições alardeando (para as suas “listas”) um monte de promessas que todos sabem serem vãs. Claro que o que é mesmo obsceno e imoral é os partidos políticos quererem predar nos liceus, na esperança de recrutar para as suas fileiras jovens ambiciosos que são treinados , como complemento ao ensino formal, na bajulação, na hipocrisia, na competição e nos conluios desleais. Se a vida lhes correr bem, anos mais tarde irão desempenhar cargos públicos e lidar com pastas sobre matérias que não dominam minimamente (nem sequer deixam os seus técnicos subalternos pronunciar-se com honestidade, pois a permanente precariedade do emprego obriga muito a prostituírem os seus valores), tendo apenas como propósito servir os interesses dos poderosos que lhe financiaram as carreiras políticas, ao invés de servir o bem comum. É sobretudo para esta merda que, infelizmente, está vocacionado o ensino formal, mesmo que ainda haja uma réstia de boa vontade e de ideais em alguns professores. A competição exacerbada que domina a nossa sociedade é u reflexo da total falência do nosso sistema de ensino que açula as crianças contra os seus companheiros de escola, por forma a que apenas seja possível criar uma elite de “vencedores” porque estes se destacam da maioria dos “perdedores” (que, na maioria das vezes, já o são à partida…). A competição – entenida como a manifestação de um instinto egoísta – é sinónimo de dissipação de energia, enquanto que a cooperação é o segredo da produção eficiente.» - Edward Bellamy [Por contraste,] «as abordagens não cooperantes quase sempre envolvem a duplicação desnecessária de esforços, uma vez que alguém trabalhando de forma solitária inevitavelmente tem que despender muito tempo a capacidades na resolução de problemas, cujas soluções provavelmente já foram encontradas por outras pessoas. (…) as punições e os prémio/subornos são dois lados da mesma moeda, e com esta não vamos longe. » - Alfie Kohn (93) Sobejam estudos que demonstram com evidência que, quanto mais engajamos os miúdos no sistema de subornos e de punições, mais depressa perdem o interesse pelo conhecimento e aperfeiçoamento de habilidades úteis, externas ficando obcecados por recompensas. No fundo, o sucesso é um reconhecimento que deriva dos outros, podendo, ou não, ter qualquer relação com s reais capacidades dos indivíduos. Algumas das pessoas mais talentosas (em expressões intelectuais e artísticas actualmente valorizadas) que eu conheço mantêm-se arredadas (geralmente por moto próprio) das luzes da ribalta, enquanto que, por outro lado, os média regurgitam constantemente “ídolos” fabricados à pressão pela indústria de entretenimento para idiotas, sem que algum talento extraordinário seja uma prerrogativa na fórmula do sucesso instantâneo. Esta é uma velha questão que já era burilada pelos filósofos gregos e romanos, e até pelos políticos da antiguidade. Por ex., o Imperador (romano) Marco Aurélio (que desprezava o povo que sustentava a sua vida opulenta) afirmou que «o nosso valor tem pouco que ver com aquilo que o outros pensam de nós». Por seu turno, o filósofo alemão Arthur Shopenhauer advertiu para que não déssemos muita importância ao que os outros pensam d nós, sem nos questionarmos sobre quais os valores em que baseiam esses julgamentos, concluindo que « a cabeça os outros é um sítio demasiado horrível para aí encontrarmos nossa felicidade.»
Esta soberba misantropia é uma atitude defensiva perante a hostilidade inerente às sociedades massificadas, e, logo, desumanizadas (ou seja, destribalizadas) , onde o egoísmo se impôs à solidariedade e onde o ter eclipsou o ser. Assim, para as pessoas se poderem afirmar como indivíduos capazes e dignos de respeito e de afecto, é necessário possuírem capital, como o principal símbolo de poder e de prestígio social. O capital é o deus desta civilização, e o neoliberalismo (económico) a sua religião. O descrédito nas instituições é proporcional ao poder a que se aferram a justiça e a verdade tornaram-se dolorosas utopias.
A nossa insegurança não deriva apenas do temor excessivo aos juízos de valor de terceiros. As pessoas que têm uma obsessiva necessidade de provar que são melhores (têm habilidades e adereços superiores) que os demais, deixam claro que não se sentem suficientemente integradas, amadas e respeitadas pela comunidade. Segundo o escritor e especialista em aprendizagem cooperativa Alfie Kohn, nós destruímos o amor/gosto pela aprendizagem nas crianças, que se mostra muito forte em tenra idade, através de prémios fúteis e desrespeitosos (ex.: notas académicas, quadros de honra, brinquedos caros,..), que os iludem na ignóbil satisfação de se sentirem melhores do que os outros.» (1993) no seu livro «No Contest: The Case Against Competition» (publicado nos EUA em 1986, mas ainda por editar em Portugal), Kohn expõe e analisa 122 estudos (quase todos dirigidos por académicos independentes) sobre o mito de que a competição aumenta a produtividade. 65 desses estudos foram categóricos na conclusão de que a cooperação conduz a níveis mais elevados de realização (tanto em termos pessoais, como em produtividade colectiva) , do que a competição. Outros 36 estudos não conseguiram mostrar qualquer evidência estatística em relação às vantagens da competição.

Paulo Barreiros

quarta-feira, abril 19, 2006


O Paul dos Patudos e as loucuras contra natura da autarquia

As zonas húmidas são dos ecossistemas mais produtivos, com maior riqueza biológica e simultaneamente dos mais ameaçados. A Lezíria foi outrora praticamente toda alagada; um imenso pântano. E a mítica fertilidade (para o aproveitamento agrícola) das suas terras em muito se deve a esse facto. (Apesar dos meus parcos dotes poliglotas não mo permitirem asseverar com certeza, há muitos anos ouvi dizer que Almeirim deriva de uma palavra árabe que significa "o paul". Gostaria que algum filólogo e/ou historiador me elucidasse a cerca desta curiosidade linguística disfarçada na toponímia.) Mas a expansão e ocupação humana do território fez-se à custa da destruição danatureza, e a drenagem das zonas húmidas foram consideradas uma prioridade (desde a Idade Média até meados do século XX), a fim de conquistarem terrenos para a agricultura e para erradicarem a malária. Os promontórios que circundam o paul de Alpiarça estão repletos de testemunhos arqueológicos que revelam ter sido a natureza desta região muito generosa para os nossos antepassados mais longínquos. (Já agora, quando teremos um museu arqueológico em Alpiarça?!) Actualmente é difícil imaginarmos o que terá sido a Lezíria no tempo do império helénico, ou ainda quando Jesus Cristo percorria a Galileia, mas foi certamente um paraíso para a vida selvagem apenas comparável hoje aos parques das Everglades (Florida, EUA), do Pantanal (Brasil), de Keoladeo (Índia) e do delata do Botswana (África).O paul de Alpiarça (vulgo paul da Gouxa, vulgo paul dos Patudos, ou ainda vale da Atela) é provavelmente o tesouro natural mais valioso e mais desconhecido e desprezado da Lezíria.Gravíssimos estragos foram provocados por uma pedreira que ali operou durante muitos anos, e que, ao retirar-se, nunca foi obrigada a fazer um mínimo de "recuperação paisagística" da área que devastou, tal como manda a Lei. Aliás, atropelos à Lei são a actividade mais comum e "popular" na região em causa...A caça desregrada praticou-se ali, como uma guerra sem tréguas contra a natureza, sobretudo desde o 25 de Abril de 1974, quando muita gente confundiu "liberdade" com libertinagem... Frequentemente os caçadores, acoitados no salgueiral e/ou no canavial, dispara às aves aquáticas em voo, sem sequer recolherem as que abatem- só pelo prazer de destruírem o que há de mais belo e frágil, julgando estarem assim afirmar um género (grotesco) de "virilidade". Perdi a conta aos animais que por lá encontrei mortos inutilmente - incluindo aves de rapina e outras espécies supostamente protegidas por Lei. Vários dias por semana tornava-se impossível por lá passear ou lá levar grupos escolares sem correr sérios riscos de ser alvejado, e por duas vezes o chumbo chegou a provar o gosto da minha carne, felizmente sem graves consequências.Agora o paul tornou-se feudo dos adeptos do todo-o-terreno. E estes, nos últimos 4 anos, estão a conseguir provocar pelo menos tantos danos como décadas de agressões ambientais por parte da pedreira, da lixeira municipal, da suinicultura, da vacaria e de uma fábrica de tratamento de paus (com recurso a venenos perigosíssimos) que despejavam os seus resíduos directamente para o paul, como o está a fazer a ETAR (Estação de Tratamento de Águas Residuais) que serve Almeirim e Alpiarça e que funciona pessimamente.Os motoqueiros e os jipeiros apoderaram-se dos caminhos públicos, transformando-os em pistas para as suas tresloucadas corridas, colocando em perigo todos os que por lá passeiam de forma mais respeitosa; cortaram partes desses caminhos para fazerem pistas que rasgam todas as encostas; e o estrépito horritroante dos seus motores tornou-se omnipresente e insuportável (não apenas para os verdadeiros amantes da natureza bípedes, uma vez que, pelo que eu pude constatar, já provocaram o abandono de uma colónia de abelharucos e um ninho de águia-de-asa-redonda…). E qual é a atitude da Câmara Municipal de Alpiarça (CMA) perante estes abusos ilegais? Dá apoio incondicional a estes indivíduos sem a menor sensibilidade ambiental eeducação cívica. Aquando da última feira agrícola de Alpiarça (em Setembro de 2004) agendaram uma prova todo-o-terreno para o paul. Como se já não bastassem as inúmeras pistas que já lá fizeram, a própria autarquia cede às solicitações absurdas do motoclube local (têm alguém influente dentro da câmara a fazer lóbi por eles...), pondo à sua disposição uma máquina retro escavadora e um rancho de trabalhadores que, durante 3 dias, abriram pistas pelo interior do paul - em plena Reserva Agrícola Nacional e justamente na zona ecologicamente mais sensível e valiosa, onde estava nessa altura, e pela primeira vez em décadas, a nidificar um casal de raras garças-imperiais, e no único sítio no vale onde medra o feto-real, que é uma relíquia da flora nacional extremamente rara no Ribatejo – destruindo uma grande área de salgueiral. (Não foi só na pista que ficou pronta para aprova; avançaram em vários sentidos pelo salgueiral adentro à procura de variantes para mais pistas, desistindo a meio caminho ao depararem-se com terrenos demasiado alagados, mas deixando um rasto de destruição lamentável.) Nesses sítios, antes quase impenetráveis para os humanos, surgiram armadilhas para os caçadores furtivos fazerem esperas aos javalis; e como tal ocorreu durante os dias em que lá andaram os trabalhadores da Câmara e antes que lá chegasse mais alguém, não é leviano pensarmos que também foram eles os autores de mais essa ilegalidade. Agricultores das cercanias também aproveitarem para fazer incursões frequentes ao interior do salgueiral, onde cortam as árvores sem que ninguém os veja. É verdade que o dono do paul deu autorização para que se abrisse a tal pista de moto-cross, mas, até numa "república das bananas" em termosambientais, como é Portugal, sem uma autorização do Ministério do Ambiente (que nem sequer foi consultado), essas obras nunca poderiam ter sido feitas. Ou seja, a autarquia, que deveria zelar para que estas coisas não acontecesse, utilizou dinheiro dos nossos impostos para cometer várias ilegalidades para divertimento de uns poucos que em nada contribuem para colocar Alpiarça no mapa pelas melhores razões. Isto aconteceu umas duas ou três semanas após eu ter apresentado à vereadora Vanda um plano ( preço de saldo!) para fazer educação ambiental junto de todas as escolas do concelho. Ela respondeu-me que a autarquia não tinha dinheiro e que tinha que tratar de melhorar as condições de crianças que passavam fome no Frade (sic). Com argumentos deste calibre, não insisti na minha proposta, ciente que os estômagos das crianças tinham prioridade, embora soubesse que a autarquia pouco ou nada fazia para resolver esse grave problema – basta reparar na atitude do Dr. Rosa do Céu que, mal se apanhou no poder, mandou adquirir para si um BMW topo de gama que nós todos pagámos… são estes “pormenores” que mais dizem sobre o carácter os objectivos da elite. Logo a seguir, (contabilizando quanto custa à hora alugar uma retroescavadora, vários veículos para transporte de passageiros e de cargas enormes, um rancho de trabalhadores durante pelo menos 3 dias), para além da compra de manilhas e ferramentas várias) a autarquia gasta mais numa prova de motocross (que durou menos de duas horas)Do que eu pedi por 6 meses a fazer educação ambiental. Fiquei a saber da verdadeiras prioridades dessa gentaça… Incapaz de ficar indiferente e calado ante este atentado ambiental, mas, ainda assim, não querendo entrar em litígio com a autarquia fazendo queixa alguns ramos do Ministério do Ambiente e ao SEPNA, dei conta da ocorrência a alguém que então era da confiança do executivo (mas que agora é perseguido indecentemente por este último). Disseram-me que fosse com um fiscal da câmara ao local indicado. Esse fiscal confirmou-me (de forma confidencial) que tinha sido obra da câmara. No dia seguinte, de manhã cedo, enviaram ao paul a máquina que tinha rasgado os caminhos e destroçado os salguieros, a fim de disfarçar a merda feita, numa óbvia estratégia de “tapar nódoas com buracos”. Assim, retiraram algumas manilhas que facilitavam o acesso dos veículos ao “coração” do paul e, numa das entradas dos novos caminhos, cavaram uma vala, que em nada travou o acesso dos veículos (a não ser para dar cabo das raízes de um sobreiro – uma árvore “protegida”…), pois dá para passar mesmo ao lado. Como técnico de ambiente com muita experiência e algo viajado, sei o potencial que este paul tem. Quando olho para ele, tenho que focar no futuro, pois o presente e o passado recente são desalentadores. Imagino-o daqui a uma década... Se forem tomadas as medidas correctas, por lá veremos a deambular uma manada de cavalos Sorraia (na que será a sua primeira reserva nacional); enormes e variados bandos de aves; observatórios, passadiços elevados e pelo menos um centro de interpretação e de venda de produtos regionais, que servirão para desfrute da população local e de apoio a grupos escolares, turistas, investigadores e fotógrafos. Poderá ainda acolher numerosos espécimes que passam todos os anos pelos centros de recuperação de animais selvagens e que, embora lhes sejam curados os ferimentos, deixam de estar totalmente aptos para sobreviverem sozinhos no meio selvagem (às vezes simplesmente porque já não têm capacidades para migrarem, ou estão demasiado confiados na presença de humanos). Não existe nenhum sítio no nosso país onde estes animais possam ter um final de vida digno e ainda desempenhando um importante papel ecológico (muitos ainda se podem reproduzir), bem como uma função pedagógica (educação ambiental no seu melhor). Geralmente esses desafortunados bichos são enviados para zoológicos (onde têm uma existência miserável), ou são eutanasiados. Bem, o paul de Alpiarça poderá vir a ser o seu paraíso. Aconselho as autoridades e instituições interessadas a que, em vez de irem fazer compras a Londres e coleccionarem estadias em hotéis de luxo à custa do RIPIDURABLE (o quê, não sabiam que era assim?) analisem o processo de recuperação ecológica que deu origem à reserva espanhola “Cañada de los Pájaros” (Sevilha). Esta era uma lixeira à borda de uma estrada, e graças à determinação, visão e conhecimentos de um biólogo (que demorou 10 anos a recuperar o sítio de forma particular), hoje é um dos principais pontos de referência dos ornitólogos, fotógrafos da natureza, educadores ambientais e eco-turistas de toda a Europa. Nesse sítio, que fora tão desprezado, converteu-se no centro nevrálgico de um projecto que praticamente salvou da extinção (na U E)o galeirão-de-crista, servido igualmente como refúgio e como hospital para aves selvagens. Também economicamente o projecto se saldou num sucesso para os seus promotores. A “Cañada de los Pájaros” beneficia da proximidade do Parque Nacional de Doñana (um dos melhores da Europa), mas o nosso paul também está relativamente perto do estuário do Tejo (um “saltinho” para as aves migradoras)e é vizinho da reserva do paul do Boquilobo (Golegã). Ademais, poderíamos criar um corredor ecológico, ligando-o ao paul de Vale de Cavalos (que necessita igualmente de um projecto de recuperação). Deixo aqui um convite para que visitem o paul de Alpiarça, mas não vos quero enganar; a experiência poderá não ser das mais agradáveis: a ETAR está a transformar aquele ecossistema (raro e valiosíssimo, nunca é demais frisar) numa cloaca que emana um cheiro pestilento. (As zonas húmidas são excelentes depuradores naturais da poluição orgânica, mas não abusemos da capacidade regeneradora da Mãe-natureza, especialmente em anos de seca.) Poderão ainda ser atropelados por veículos todo-o-terreno nas suas tresloucadas correrias (pelos caminhos que serpenteiam por um túnel de vegetação sem grande visibilidade e sem margens para nos desviarmos), ou, no mínimo, serão terrivelmente incomodados com o ruído e os fumos de escape. Depois há as lixeiras “selvagens” por toda a parte. (Nunca vou perceber essa mentalidade terceiro-mundista que faz a maioria dos portugueses ver as matas apenas como locais para fazerem despejos – seja de lixo, ou de fluidos corporais… Mesmo tendo contentores para o lixo perto das suas casas, e serviços municipais para recolha de “monstros”, carregam as suas carrinhas com porcarias e vão despeja-las na natureza, ou queimam-nas no quintal…) Também convém não andar por lá em dias em que os caçadores fazem as suas festanças sanguinárias, disparando a tudo o que se mexe… Felizmente, nos últimos 2 anos isso deixou de ser “o prato do dia”. Nesse mesmo local, há quase um ano, em plena época de criação, funcionários da autarquia necessitaram de inertes (ex.: areia, cascalho, etc...) para as suas obras e, podendo extraí-los de imensos barrancos (feitos pela pedreira) de forma relativamente inócua, fizeram-no logo onde estavam a criar andorinhas-das-barreiras ( a espécie de andorinhas mais escassa de Portugal, sendo protegida por Lei), dando cabo da colónia. Bravo! A continuação do paul, para montante, junto ao Casalinho, nos últimos anos foi completamente arrasada uma das melhores áreas de salgueiral do país (que ocupava uns 7 hectares e que foi convertida em pasto), sem que a autarquia tivesse feito algo para o impedir. Tratando-se aquela área de RAN e de REN (geridas pela CRAN e pela CREN, respectivamente) e, ainda por cima, fazendo parte de um leito de cheias (que é de domínio público), não se pode arrasar toda a vegetação – sobretudo a ripícola (essencialmente as árvores que seguram as margens). Isto, como é óbvio, não impede os proprietários de explorar as terras que se encontrem nessas condições, apenas é necessário atender a algumas regras básicas previstas na Lei. Para alguma coisa vivemos num “Estado de Direito”! (Pois, pois, riam-se…) Claro que há leis iníquas (até porque as leis, em primeiro lugar, são feitas pelos poderosos para protecção dos seus interesses), mas o pior é o colossal hiato que separa o país legal do país real… O ambiente leva porrada de todos os lados… bem, ainda vamos a tempo de pedir contas por este atentado. Quem tem coragem? Em breve construirão uma estrada principal (IC3) que atravessará o vale da Atela, e por onde circularão os camiões carregados com resíduos tóxicos a fim de que sejam tratados na Chamusca. Os estudos de impacto ambiental, afinal servem para quê?! Note-se que a autarquia de Alpiarça foi, porventura, a única do Ribatejo que não se pronunciou sobre estes perigos graves (acidentes são o "pão nosso de cada dia" nas nossas estradas...) Estimo que actualmente o paul tenha, quando muito, um terço da riqueza biológica que tinha há duas décadas. No entanto, há 40 anos era apenas um arrozal. Temos que ter um optimismo visionário e muita competência e sanha para melhorarmos o futuro. O facto de o paul apresentar tantos e graves problemas pode ser um interessante manancial para a investigação e o ensaio de projectos-modelo, se as universidades aceitarem o repto e a CMA e as ONG (organizações não governamentais) as souberem atrair e disponibilizar-lhes esse laboratório vivo. A CMA tem um projecto aprovado (e financiado pelo programa Interreg, que, para o efeito, disponibilizou, via FEDER – Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional -, à volta de 1 milhão e 300 mil €, a distribuir pelos vários parceiros do projecto RIPIDURABLE) para a valorização do referido paul. Segundo o Instituto de Turismo Português este programa é dedicado ao «desenvolvimento harmonioso, equilibrado e sustentável»(sic). Vamos lá a ver se estes rútilos pleonasmos têm alguma veracidade na prática… Também sei que a autarquia está determinada em fazer um campo de golfe (custeado pelo Interreg ou apenas pelos seus compadres ligados à construção civil ao turismo para a elite?!) por aquelas bandas. A porra é que ninguém se questiona os motivos que seduzem os autarcas apostarem tanto nos plutocráticos e anti-ecológicos campos de golfe, mas sei que optar por esses empreendimentos é uma irresponsabilidade dos que estão dispostos a hipotecar o futuro só para deleite de um punhado de endinheirados. E não me venham com a hipocrisia recorrente de que esta é uma oportunidade de se criarem postos de trabalho. Quem é que em Alpiarça percebe alguma coisa de golfe? Para que serve provocar um enorme atentado ambiental, se daqui a um par de anos as pessoas serão despedidas por falta de viabilidade económica do projecto? A Srª Vereadora do Ambiente está tão preocupada em dar postos de trabalho aos alpiarcenses que até arranjou um tacho na autarquia à sua funcionária do escritório de advocacia que tinha em Santarém… Os concursos públicos não passam de uma brincadeira? Porque é que, para o RIPIDURABLE, tiveram que chamar técnicos ingleses principescamente pagos para fazer um trabalho relacionado com os recursos hídricos, quando temos cá em Portugal técnicos igualmente competentes e que não dão facadas tão grandes nos orçamentos deste género de projectos comunitários?! Se o executivo se mostra irredutível em levar avante o projecto do campo de golfe, então é um desperdício total de dinheiros públicos irem em comitiva a Inglaterra (como já visitaram a Camargue e Valência) ver projectos de educação ambiental e de conservação da natureza. Estamos a pagar férias de luxo a farsantes! O mais certo é que os políticos forniquem o juízo à Dr.ª Ana Mendes, ao ponto de ela desistir de coordenar o RIPIDURABLE, a fim de colocarem no seu posto um títere qualquer. Os estudos (coordenados pelo Dr. Filipe Duarte Santos) sobre as alterações climáticas e as suas consequências para Portugal até ao final do século são claros: prevê-se um dramático aumento de 4 Cº nas temperaturas médias, com 5 meses por ano de seca mais ou menos severa para a maior parte do território nacional, com diminuição da precipitação anual em 100 milímetros. Já temos vários campos de golfe que consomem tanta água quanto a população da cidade do Porto, e em Sintra, em plena “área protegida”, tiveram que desviar um riacho para rega de um campo de golfe. A maioria dos campos de golfe do Algarve estão a ser regados com água tirada da rede de abastecimento (potável) público. Como se isso fosse pouco, ainda necessitam de uma quantidade ingente de pesticidas e de adubos de síntese química. Esses produtos tóxicos são grandemente arrastados para as barragens e para os aquíferos subterrâneos mais próximos, de onde é novamente bombeada a água de rega, acumulando-se aí num ciclo vicioso, acabando por tornar a água demasiado contaminada. Até os pescadores terão que mudar de pouso, mas não antes de experimentarem graves problemas de saúde. É isto que querem para uma região, como a nossa, em que a água de abastecimento público não é particularmente abundante (e sê-lo-á menos no futuro próximo) e, sobretudo, já se encontra excessivamente contaminada (com agrotóxicos, cloro, PCBs, etc…)?!
Convém lembrarmo-nos de que a maior extinção em massa que este planeta já sofreu - há 250 milhões de anos, durante o período Pérmico - foi consequência de um aumento de 10ºC na temperatura global. Isto bastou para fazer desaparecer 95% das espécies então existentes no planeta (ao passo que a extinção em massa de há 65 milhões de anos, “apenas” extinguiu uns 60% de todos os seres vivos – com destaque para os dinossauros). A extinção em massa do período Pérmico ocorreu ao longo de centenas de milhares de anos ***. Mas as actuais previsões mais pessimistas dos cientistas que estudam as alterações climáticas, apontam para a possível de o planeta voltar a sofrer um aumento de temperatura semelhante em menos de 2 séculos se não mudarmos radicalmente o nosso estilo de vida dependente da queima de combustíveis fósseis... De forma suicidária, estamos a transformar a Terra num deserto... Diz-se à boca pequena que este executivo autárquico (devido à megalomania apedeuta e à completa falta de sensibilidade ambiental e de respeito ela coisa pública que o caracteriza), como se não bastasse a bosta do campo de golfe, planeia construir lá no paul um hotel, umas vivendas de luxo e até uma lagoa artificial – com 10 metros de profundidade! (Para os grulhos das motas d’água não é preciso tanto, ou pretendem impulsionar a actividade de mergulho para que os ricos vejam o rico património que ficou submerso para seu fútil deleite?!) É óbvio que estes tipos vêm o RIPIDURABLE como uma forma oportunidade desonesta de se limitarem a ajardinar um pedacinho do paul (disfarçando a lixeira pessimamente aterrada) para usufruto dos abastados que vão habitar as vivendas sobranceiras ao paul (já estão planeadas pela câmara à margem da Lei) e utilizar o campo de golfe. O tal lago provavelmente serviria para que nunca falte água ao campo de golfe. Não é preciso ser um grande técnico para rever que a bacia de escoamento do paul seria terrivelmente afectada, podendo condenar à morte (por falta de água) a maioria dos salgueiros (mesmo que se construam diques a montante). Ali se acumulariam os perigosíssimos lixiviados que a lixeira continua a emitir (se a CM tivesse um mínimo de preocupação pela saúde pública, já há muito que teria vedado o acesso dos pescadores às lagoas da lixeira, e posto cartazes que anunciam os perigos de consumir os animais aquáticos ali capturados ), misturados com os fertilizantes e pesticidas do campo de golfe. Mesmo que construam um emissário para o efluente da ETAR, desviando a porcaria para a Vala de Alpiarça, toda essa poluição que se tem acumulado no paul ao longo dos anos (e não são apenas os nossos dejectos; qualquer “pessoa de bem” tem na cozinha e na casa de banho um arsenal de químicos que fariam inveja à al Qaeda, e isso vai tudo parar aos esgotos e ao paul), acabará na tal lagoa. Esta mistura “explosiva” exposta num espelho d’água exposto a uma grande insolação, vai ser um foco de enfermidades! E os políticos a cagarem para isso… até lá já esperam estar na “Corte” de S. Bento ou a trabalhar para as empresas para as quais estão a fazer todos estes favores… Temo que o RIPIDURABLE não passe de uma farsa (que vá defraudar até os técnicos que o estão a tentar conduzir de acordo com os seus conhecimentos académicos e com os seus ideias, mas que serão completamente ludibriados pelos políticos) , tal como o Programa Polis, ao invés de melhorar a qualidade ambiental das cidades, apenas foi um bombom para a construção civil que mantém reféns os (gananciosos e irresponsáveis) autarcas. À Drª Vanda Nunes já tentei explicar que, se a autarquia estiver realmente interessada em desenvolvimento sustentável (trata-se de uma hipótese de retórica, bem sei) relacionado com a exploração do paul, poderão apostar numa cooperativa de artesanato telúrico (ex.: peças de artesanato relacionadas com o património natural da região, que poderão ir das mais acessíveis, às mais sofisticadas e caras, como se pode observar no internacionalmente aclamado artista chileno Lucien Burquiers – cujo trabalho de extremo bom gosto dá emprego a muitas pessoas); pequenas empresas de eco-turismo e de educação ambiental (a propósito, tenho um amigo que dirige uma destas empresas e que desistiu de apostar no paul da Gouxa devido à incompatibilidade extremamente incómoda e perigosa dos grunhos do todo-o-terreno que a autarquia continua apoiar incondicionalmente, sem que daí advenha nenhum lucro…); criar a primeira reserva mundial do cavalo Sorraia (apostando forte também na hipoterapia), e depois associar os vinhos e os outros produtos agrícolas da região a esse equídeo ameaçado, bem como à avifauna local;
- criar pelo menos um centro interpretativo de apoio às escolas e aos turistas, mas também onde os investigadores possam fazer os seus trabalhos e pernoitar;
- uma ecoteca;
- um centro de formação para actividades ar livre (que também sirva a atletas e a crianças desfavorecidas de todo o país);
- Um museu de arqueologia e a recreação (ao ar livre, pois claro) de uma aldeia pré histórica (uma merecida e original homenagem ao nosso singular património arqueológico, já que Alpiarça é extremamente rica em vestígios da ocupação humana durante o Paleolítico inferior, e, posteriormente, até se desenvolveu aqui a chamada “Cultura de Alpiarça”, em que se destacam as peças de cerâmica);
- E, porque não ?, recuperar o espírito romântico do final do séc. XIX, início do séc. XX (que inspirou José relvas) e disponibilizar para os artistas (pintores, fotógrafos, poetas, músicos,…) um local lá no paul para que se inspirem e, em troca, ofereçam a Alpiarça o raro privilégio de ver o seu nome associado a algumas das mais belas e criativas manifestações da nossa cultura.
Tudo isto sem terem que cimentar a natureza, bastando para tal recuperar os moinhos e as fábricas de cerâmica abandonados e em ruínas (mas a vocês interessa-vos é a construção em larga escala, não é pulhas?)
aproveitem que isto são tudo boas ideias que têm conseguido óptimos resultados em países realmente civilizados. Da minha parte, se quiserem mais apoio técnico (de qualidade ), paguem. Até porque eu estou farto de ajudar – o único em regime de voluntariado – o projecto RIPIDURABLE, e a única coisa que “ganhei” até agora (para além de ter a consciência tranquila por agir de acordo com os meus ideais) foi há poucos dias sido assaltado em praça pública pela vereadora Vanda Nunes, cumulando-me de insultos despropositados, injustos e gratuitos, o que deixou claro que a Srª vereadora falhou na profissão, tendo como único evidente talento vender peixe na lota…
Se eu até agora não tinha entrado em litígio com este executivo (estava a avaliar qual a extensão da sua hipocrisia e quais os seus interesses escusos) , porque é que a vereadora me atacou ao melhor estilo “peixeirada”? É simples: eu fui visto pelos seus informantes a falar (em via pública) com duas pessoas que são considerados oposição (embora não vivam nem exerçam a sua profissão em Alpiarça). Essa informação “pidesca” parece ter iluminado o seu cérebro galináceo, dando ao meu suspeito carácter insubmisso e independente contornos de conspiração político-partidária. Coitada, se ao menos ela tivesse capacidades cognitivas para perceber como eu estou a anos-luz desse género de jogadas…
De qualquer maneira, sendo um especialista em educação ambiental que já trabalhou com alguns dos maiores mestres (à escala mundial) desta temática, sinto uma inevitável indignação por a vereadora ter escolhido para essa tarefa (no âmbito do RIPIDURABLE) uma garota (do seu séquito de graxistas) que nada sabe – e o que é pior, não tem sequer o interesse em aprender (a não ser que lhe paguem uns “estágios” lúdicos em Londres, como está previsto…)- a ponta dum corno sobre ambiente e natureza. É a velha e omnipresente instituição das cunhas no seu “melhor”… Assim fico mesmo “satisfeito” em pagar impostos porque temos políticos que sabem como investir o dinheiro que me exturquem…
Na verdade, não e cabe a mim fornecer alternativas para projectos que são danosos para o paul em causa e que eu jamais apoiaria. A verdadeira conservação da natureza e o desenvolvimento sustentável não oferecem sinecuras. Portanto, trabalhar para o bem comum numa perspectiva de longo prazo, dificilmente dá para comprar os BMWs e os Mercedes de que os políticos tanto gostam (mesmo que seja com o dinheiro dos outros, não é Sr. Rosa do Céu?...) E porque é que este executivo anda fazer todas as suas manobras pela calada, escondendo até dos seus técnicos os seus planos absurdos para o paul? Claro que sabemos como, neste país, é eficiente para os escroques a política do facto consumado. Mas uma coisa quero deixar claro: “ó ricos”, o tempo da impunidade total acabou ! Vou fazer tudo ao meu alcance para vos açular as autoridades oficiais que devem zelar pelo ambiente, as ONG (ex.: Quercus) e até partidos políticos (sem que eu vote em nenhum, mas apoio boas iniciativas de pessoas extraordinárias). Acima de tudo, apelo a todas as pessoas que se preocupam a valorização dos bens ambientais – como essenciais à nossa qualidade de vida e à nossa sobrevivência - e que têm coragem para enfrentar (mesmo que anonimamente) os poderes instituídos e os abusos de poder, reivindicando o usufruto livre e a perpetuação do nosso património natural e histórico, para que se unam a este esforço colectivo. Este é um exercício de cidadania fundamental. A cooperação e o respeito mútuo – assim como as críticas de contra-poder – constituem os pilares da verdadeira democracia. Agora a vigilância à actuação execrável não se vai ficar por conversas de café e/ou de blogs… ponham mais umas almofadinhas nas vossas poltronas e nos carros de luxo, porque vos vai custar um pouco mais a se sentarem… (Novo Testamento, Mateus 13:21) Várias autarquias do interior foram atrás dessa miragem de aparente “riqueza” e têm-se dado mal com o investimento; os turistas ricaços não se desviam do Algarve e das proximidades das cidades mais populosas e soalheiras do litoral para irem jogar golf em zonas excessivamente quentes no Verão e sem grande animação social/cultural. A maioria dos hotéis e residenciais de luxo que lhes servem de apoio encontram-se às moscas (muitas vezes desperdiçando o erário público e subsídios comunitários)… isto não é, definitivamente, desenvolvimento sustentável. Mas a escumalha que pensa controlar o poder local pouco se rala com todas estas evidências. A jogada dos campos de golfe é outra… Trata-se de especulação imobiliária. Independentemente de os campos de golfe se revelarem desastres económicos (o que é o mais certo no interior), arranja-se sempre maneira de construir onde antes era RAN e até REN. É essa a principal aposta do executivo liderado pelo Dr. Rosa do Céu. (Até arranjaram maneira de ligar Alpiarça ao Casalinho numa faixa contínua de vivendas ao longo da estrada, fazendo com as duas terras percam muito da sua identidade, imiscuindo o campo e área urbana e desperdiçando um ror de dinheiro em saneamento escusado, quando Alpiarça está cheia de casas fechadas, muitas das quais novas, sem que haja um espaço verde digno desse nome) A febre da construção sem planeamento domina completamente este executivo!) É nesse sentido que estão a pressionar os técnicos encarregues de elaborar o novo PDM e os “estudos de impacto ambiental” (mais palhaçadas sem qualquer valor técnico-científico como o “estudo” – pago por todos nós - referente à extracção de turfa, para a qual a autarquia deu autorização passando –ilegalmente - por cima de várias entidades que gerem as actividades na RAN e na REN? Ou então estão a pensar repetir a “proeza” de deitar para o lixo dinheiros públicos, como é seu apanágio, com um estudo de impacto ambiental como o que pagaram para os trabalhos de “limpeza da vala”, para depois, na prática, não respeitarem nenhuma das deliberações dos técnicos? Desta feita, técnicos independentes estarão mais atentos a estas manobras…) Só espero que não consigam desviar fundos comunitários destinados à “valorização ambiental” para a construção do odioso campo de golfe. Cá estaremos para analisar esse processo… quando for colocado a discussão pública (por um período ridiculamente curto) será com certeza durante as férias do Verão, quando a maior parte das pessoas estão ausentes ou desatentas a estas manobras políticas. É sempre a mesma estória. O que quase ninguém sabe é que o RIPIDURABLE em Alpiarça apenas contempla uma intervenção os terrenos da Câmara, que se limitam à zona onde está a lixeira (mal) aterrada, um pouco de montado de sobro (sobreiros), alguma vinha e uma parcela quase irrelevante do paul (a jusante) – que é precisamente a que está mais degradada -, pois quase todo o salgueiral pertence ao Sr. Isidoro (o das salsichas e das rações). Ou seja, hipocritamente, para “inglês ver”, farão uns passadiços elevados e um observatório destinados ao “desfrute da natureza” (sobretudo as crianças), onde os gases que emanam da lixeira e dos lixiviados deixam qualquer um com tonturas. A partir desta área minúscula e quase irrelevante para a conservação da natureza, os autarcas conceder-nos-ão o “privilégio” de observar à distância ricos ociosos a jogar golfe sobre terrenos que pertencem ao paul. Senhores políticos, pensem bem se são estes projectos de merda que querem legar aos seus filhos? Provavelmente a resposta é sim… o mais comum é que as elites ensinem aos seus filhos que são um género de casta superior que têm direito a demasiados privilégios, em detrimento da desfortuna de muitos. As preocupações sociais e ambientais não costumam aflorar quando estão a beberricar martinis, ou uísque, e a dar tacadas em bolas minúsculas num relvado bem aparado. (Mateus 19: 21, só para a galhofa...) Quer os políticos encenem visitas mediáticas ao santuário de Fátima, o brinquem com os aventais da maçonaria, o verdadeiro deus da maioria deles é apenas o capital, cuja religião com mais adeptos é o neoliberalismo (como a forma mais “selvagem” e suicidária do capitalismo). Infelizmente, de campos de golfe e de vivendas luxuosas construídos em sítios inadequados, já está o país cheio. O paul dos patudos é o melhor salgueiral do país e tem potencial para se tornar na “jóia da coroa” ambiental do Ribatejo , quiçá, do país. Vocês querem ser lembrados de que maneira? Apenas devido a mamarrachos inúteis e projectos faraónicos (como o que erguerem em frente ao “Águias"…) que, ainda por cima, são economicamente insustentáveis? Como costuma dizer o Dr. Jorge Paiva (o nosso maior botânico no activo e também um guru do movimento ambientalista reconhecido internacionalmente)« não vale a pena tentar educar os políticos; eles só funcionam sob pressão». Vamos, então, pressioná-los para que estejam à altura das enormes responsabilidades do seu trabalho, apelando para que tenham a coragem de pensar a longo prazo (para além dos habituais 4 anos de mandato) e para que representem os interesses reais das populações (e não apenas dos interesses estabelecidos, nomeadamente os corporativos), deixando de andarem obsessivamente à caça da Sisa e da contribuição autárquica. Seria óptimo que os políticos deixassem de pensar que «quem me critica, meu inimigo é», perdendo imenso tempo e esforços (ambos custeados por todos nós, contribuintes) em lutas políticas de trocas de insultos, perseguições, sabotagens e outras vilezas contraproducentes. Temos que forçar os políticos a ouvir o povo (não apenas na contagem dos votos, porque cada vez menos pessoas dá crédito ao circo eleitoral) e a compreenderam que é um privilégio as populações ficarem mais esclarecidas, críticas e reivindicativas na defesa dos valores essenciais. As críticas – fundamentadas, construtivas e educadas - dão-nos uma visão mais pluralista e obrigam-nos a fazer compromissos mais interessantes e satisfatórios para toda a comunidade, consumando uma democracia realmente participativa. Salazar dizia que «um povo instruído é um povo perigoso»... Realmente, quanto mais ignorantes e apáticas são as pessoas, mais fáceis são de manipular pelos poderes políticos e corporativos. O povo terá que compreender que há coisas muito mais importantes na vida do que futebol, automóveis e televisão. A conservação da natureza e a educação ambiental ainda não dão votos a curto prazo, mas se investirmos nessas vertentes, estaremos a dar o melhor legado às gerações vindouras. Talvez assim, um dia, as pessoas deixem de fazer a equação fatal: destruição da natureza + acumulação do máximo de bens materiais = “desenvolvimento” e “qualidade de vida”. Perguntem à vereadora que acumula os pelouros do “ambiente” e da ”cultura” (não consigo deixar que esse absurdo de extremo mau gosto me provoque uma sensação de náusea e de riso nervoso…) se ela mexeu “uma palha” para implementar a Agenda 21 Local (tal com ficou acordado na Cimeira da Terra, Rio de Janeiro, 1992). O mais certo é nem saber o que isso é, e duvido que alguém do seu séquito de beija-cus o saiba. À ambição desmedida falta a dignidade para recusar cargos para os quais não têm a menor competência, nem sequer gosto e apetência. Tratam-se apenas de poleiros a que pretendem agarrar-se na escalada da pirâmide o poder. Tudo piora quando esses “escaladores” (que apenas têm competência para o oportunismo) não têm a menor cultura democrática, mostrando uma intolerância fundamentalista por tudo o que rotulam de “oposição”. é uma vergonha que, no séc. XXI e estando o mundo à beira de um armagedon ecológico que realmente ameaça a nossa sobrevivência como espécie, os nossos políticos sejam extremamente ignorantes e, o que é pior, desinteressados no que toca ao património natural! Estou certo de que se os autarcas e os mais poderosos agentes económicos de Alpiarça tivessem brincado muito no paul quando eram crianças e, depois na adolescência, lá tivessem experimentado as delícias dos primeiros namoros, vê-lo-iam de outra forma e empenhar-se-iam em cuidar desse património natural – que é parte inalienável da nossa identidade cultural. Mas essa falta de responsabilidade afectiva para com a natureza é um claro reflexo da falência do nosso sistema de ensino que nos incita, desde tenra idade, a competir desalmadamente com os nossos colegas, afim de que só seja possível ter uma elite de “ganhadores” por se destacarem da maioria dos “perdedores”. Os “canudos” tornaram-se apenas um meio de conseguir bons ordenados e de explorar os nossos pares menos afortunados, sem acarretarem responsabilidades sociais e dando a falsa impressão de que vivemos numa “meritocracia” e, até mesmo, numa verdadeira “democracia”. Segundo a minha visão libertária, no circo das eleições, os mestres de cerimónias farsantes são os políticos, enquanto que a horda de palhaços são os que agitam bandeirinhas e lhes dão votos. Os políticos encaram esses votos como cheques em branco, para fazerem o que quiserem durante 4 anos sem dar cavaco a ninguém, a não ser aos poderosos que lhes pagam a ascensão política e que, uma vez chegados à cúspide do poder político-partidário, têm que pagar os favores a quem lhes puxa os cordelinhos, enquanto esbanjam o erário público… A verdadeira democracia não se exerce de 4 em 4 anos - sendo, desde logo, um insulto à minha inteligência, que queiram limitar o meu leque de escolhas a meia dúzia de forças político-partidárias com as quais eu não me identifico, mas que é suposto escolher o mal menor, outorgando ao Estado o papel de meu “tutor” , com o direito de cercear a minha liberdade civil (como se fossemos crianças desprovidas de um sentido – inato – de justiça, nem tivéssemos sido educados com princípios morais) e de se apoderar do meu dinheiro para o usar quase exclusivamente em coisas que atentam contra os meus ideais. Se querem democracia, têm que unir forças para vigiar a acção dos poderosos, bem como dar o exemplo no dia a dia, respeitando o próximo e cooperando para o bem comum. É um desafio bem difícil que exige muitos compromissos, mas é bem mais inteligente e digno do que esperar que o Estado cuide de nós e do património que no é essencial. Fazem mais pela democracia as ONG do que quaisquer partidos políticos!Por último, apelo à brigada “verde” da GNR, o SEPNA (Serviço de Protecção da natureza e do Ambiente), para que inclua o paul de Alpiarça nas suas rondas mais frequentes, bem como à CCDR - LVT (Comissão de Coordenação e desenvolvimento regional de Lisboa e Vale do Tejo) para que mande ao local os seus técnicos e que façam valer a Lei. Salvemos o paul de Alpiarça ! Não deixemos VANDAlizar o paul dos Patudos!!!


As vossas denúncias ambientais deverão ser feitas para os seguintes contactos:
- SEPNA (cabo Rola):916097671
- Manuela Cunha (d’Os Verdes e vereadora na CM de Almeirim): 962815445
osverdes@mail.telepac.pt
- Quercus Ribatejo: 249544560 e-mail:
quercus-nucleo.estremadura@clix.pt
- Instituto da Conservação da Natureza (ICN): 213507900 PB

P.s- O grosso deste texto foi escrito em Outubro de 2004, mas continua actual. Agora limitei-me a acrescentar-lhe um par de informações. Como epílogo, acresce que, após ter feito uma queixa formal ao comando central do SEPNA (uma vez que a delegação local, sedeada em Almeirim, nunca me respondeu) e Lisboa, recebi uma carta do Ministério do Ambiente dando-me conta que tudo o que fariam era enviar uma carta à CM de Alpiarça, a fim de que a autarquia verificasse a veracidade da minha denúncia; ou seja, coube precisamente a entidade que cometeu os crimes por mim denunciados pronunciar-se sobre a sua actuação… Vivemos , ou não, numa verdadeira república das bananas?! Quando a Drª Ana Mendes (que está a coordenar o projecto comunitário RIPIDURABLE) tentou apurar o que se tinha passado, a autarquia, tapando o sol com a peneira, telefonou para a quinta do Sr Isidoro (o dono de quase todo o salgueiral em causa) a fim de mentirem à Drª Ana Mendes, com o argumento parvo de que os caminhos que o pessoal e as máquinas da câmara tinham rasgado – ilegalmente, nunca é demais frisar - pelo paul, foram obra da quinta da Gouxa tendo por objectivo uma mera caçada aos javalis… O excesso de arrogância destes políticos da treta faz com que nos encarem como se fossemos todos estúpidos. E até somos, por lhes pagarmos os ordenados e fecharmos os olhos às negociatas que tanto nos prejudicam, enquanto a maioria dos contribuintes passam o tempo a discutir imbecilidades relacionadas com o futebol, os carros e tudo o que não é um reflexo da verdadeira qualidade de vida das comunidades, mas sim da nossa falta de valores. É que nem aprendem com as cabeçadas na parede… Foi precisamente o excesso de arrogância que fez o “outro” dar com os burros na água, quanto aos seus planos de entregar a presidência à Drª Vanda Nunes (Cruz Credo!!!), arrancando para a Assembleia da República e a seguir, talvez até, o Parlamento Europeu. Mas foi preterido por uma novata nas lides político partidárias (o que o deixou furibundo!) porque até o PS não acha menor piada à sua mania das jogadas de bastidores, tentando driblar a Lei, e mostrando total desprezo pela opinião pública e pelos média (não basta ter criado uma comissão de censura na “Voz de Alpiarça”…). É por isto (e muito mais que iremos revelar e discutir neste blog…) que as pessoas mais valiosas de Alpiarça estão todas de costas voltadas a este executivo. A mim pouco me rala as cores políticas, mas exijo que as pessoas se portem à altura dos cargos públicos.

Enquanto que uma falta mal assinalada (num qualquer jogo de futebol transmitido pela TV) origina uma onda de indignação muitíssimo maior do que o conhecimento de que há entre nós crianças subnutridas e brutalizadas das mais horríveis maneiras, devemos concluir que temos os políticos e os “mandantes” que merecemos… Enquanto governantes usarem o poder político para proveito próprio; as autarquias (dominadas por negociatas e tachos) se portarem como autenticas máfias, usando a sua extensa rede de influências para impedir que os que criticam os executivos políticos possam ter acesso a empregos (não apenas na função pública); enquanto que os políticos que detêm mais poder dizem importar-se com as crianças desfavorecidas, mas gastam o erário público em carros de luxo, em provas de veículos todo-o-terreno, em enormes centros comerciais (em terriolas onde nem as lojas dos chineses conseguem vingar, como é ocaso de Alpiarça), então não é de admirar que a maioria dos portugueses mais qualificados estejam a trabalhar no estrangeiro e que tenhamos uma taxa de abstenção muito elevada. Certamente que não foi para isto que sofreram e lutaram tanto as pessoas que tornaram possível a revolução de Abril (a maioria delas, possuídos por uma desilusão institucional, nem sequer votam…).


Conversas em bom ambiente
Este blog pretende ser um espaço de discussão e de denúncia sobretudo para aqueles que têm preocupações ambientais (principalmente os que residam, ou que tenham fortes afinidades com a Lezíria) , os insubmissos que recusam conformar-se com os abusos de poder, enfim, os que amam a liberdade, a verdade e a natureza. Como tal, é um blog de cariz político – mas totalmente apartidário! A Internet surge assim como um óptimo instrumento para dar voz aos que estão amordaçados pelos interesses instituídos nos circuitos do poder. Só peço aos participantes que não confundam liberdade com libertinagem. Ou seja, sempre que tiverem algo a denunciar (tal pode ser feito na forma de interrogações e de suspeitas minimamente consistentes), certifiquem-se o melhor possível dos factos, evitando as calúnias gratuitas bem como entrar em pormenores íntimos que nada têm que ver com a actuação pública dos que detêm o poder político-partidário, corporativo e institucional. E nem se vos ocorra assinar textos em nome de outrém, a fim de tramar a vida a terceiros! (Caraças, não me obriguem a desempenhar o odioso papel de censor das vossas mensagens!) Quero um blog inteligente, crítico, honesto, reivindicativo e corajoso!

Inicialmente escolhi o nome «Radicais Livres» para este blog, mas depois descobri que esse nome já fora escolhido por outrem.
Para aqueles que têm o opróbio sempre engatilhado – pronto a cuspir -, deixem-me esclarecer-vos que “radical” não é sinónimo de “fundamentalista”. Radical refere-se à raiz das coisas; ao que original e fundamental. Em sentido figurado, significa essencial e integral, afastando-se do que é convencional. E é essa a maior das minhas ambições: ser integro com os meus ideais; e o maior luxo que possuo é a determinação de não os prostituir (sem me arvorar em puro nem em dono de verdades perfeitas; a cabotina santimónia é um verniz que estala com facilidade em praça pública).
O radical sabe ouvir e sabe fazer os compromissos necessários para alcançar as suas metas, sobretudo porque tem consciência de que é impossível manter ma posição purista e transmitir uma mensagem positiva credível, barricando “verdades perfeitas” com intolerância agressiva. Mas o radical deve igualmente saber qual a fronteira a partir da qual deve ser intransigente na defesa dos seus ideais.
A propósito, vale a contundente declaração (com o travo amargo de desiludido epitáfio) de Miguel Unamuno: “resta o consolo de um íntegro que não se integrou!”.
Por vezes é a linguagem que orienta o pensamento. Por isso, a manipulação de conceitos faz parte dos spin doctors (os fazedores de opinião especialistas na distorção dos factos) ao serviço dos poderes instituídos.
Vejamos o caso do filósofo grego Epicuro (341-272 a.C.). Este levava ao mercado os seus discípulos para que estes se sentissem agraciados por não necessitarem de tantas coisas à venda (e isto numa época em que a maioria dos produtos comercializados eram bens de primeira necessidade), e aconselhava-os a manterem-se longe da turba a fim de conservarem a estabilidade emocional, a integridade moral e a capacidade de pensarem com clareza (preconizando a demofobia, não a misantropia).
«Agradece à natureza ter tornado fácil alcançar o essencial e custoso obter o desnecessário» - Epicuro
Os mais conservadores (basicamente, todos os que julgam possuir uma parcela do poder instituído e tudo fazem para conservarem as estruturas sociais que lhes são favoráveis) costumam cumular de conotações depreciativas certos movimentos culturais contestatários, ao ponto de as suas designações oficiais se tornarem sinónimos de ofensas, de anátemas preconceituosos. Tal como a Igreja Católica durante o período Patrístico (do séc. I a.C. ao séc. VIII d.C.) se empenhou em denegrir os símbolos dos cultos pagãos da natureza e do sagrado feminino associando-os ao demónio. Com a passagem do tempo, esses termos ganham mais do que uma nova roupagem, mas uma nova identidade semântica. Isto tanto acontece por vox populi/via popular, como por via erudita. Assim, o adjectivo "epicurista" é utilizado para designar os bon vivan, dados à luxúria e à libertinagem. Também quando se rotula alguém de “cínico” queremos dizer que essa pessoa é "
despodurado/a, falso/a e imoral". Pois tais interpretações nada têm que ver com o que defendiam as correntes filosóficas protagonizadas por Epicuro e por Antístenes (444-365 a.C.) e Diógenes (400-325 a.C.), respectivamente.

“Os deuses nada necessitam; e as pessoas que mais se lhes assemelham, pouca coisa.” – Diógenes
Foi a partir de Constantino que o verdadeiro livre arbítrio (não condizente com a submissão incondicional aos dogmas e à hierarquia da santaIgreja) passou a ser considerado «heresia». Até aí a palavra heresia nãotinha uma conotação pejorativa. A sua raiz grega, hairesis, apenassignificava escolha, sem quaisquer predicados qualitativos de ordem moral. Osespíritos livres são vistos como uma afronta à Igreja.
O profeta andarilho da Galileia (cuja mitologia parece ser uma súmula de mitos mítricos e budistas) era um rebelde cínico (na verdadeira asserção da palavra, que remete à escola filosófica de Diógenes) e corajoso, indómito perante os poderes instituídos; agitador de consciências oprimidas; defensor de um movimento social que, segundo a actual cosmovisão e os respectivos valores sócio-políticos, poderia inscrever-se no socialismo primitivista e libertário, (re)creando um sistema moral que se integre na amoralidade igualitária e generosa da natureza, onde a aceitação pluralista pelos cultos religiosos, o pacifismo humanista e solidário, a humildade, a pobreza voluntária e a integridade entre o discurso e a acção eram pontos de honra. Defendia o desenvolvimento de vínculos espirituais espontâneos; e essa espiritualidade deveria ser tão holistica quanto idiossincrática, sem mediações entre o homem e o sagrado, considerando todas as pessoas como parcelas desse sagrado. Temos que reaprender a sacralizar a Terra!