Conversas em bom ambiente
Este blog pretende ser um espaço de discussão e de denúncia sobretudo para aqueles que têm preocupações ambientais (principalmente os que residam, ou que tenham fortes afinidades com a Lezíria) , os insubmissos que recusam conformar-se com os abusos de poder, enfim, os que amam a liberdade, a verdade e a natureza. Como tal, é um blog de cariz político – mas totalmente apartidário! A Internet surge assim como um óptimo instrumento para dar voz aos que estão amordaçados pelos interesses instituídos nos circuitos do poder. Só peço aos participantes que não confundam liberdade com libertinagem. Ou seja, sempre que tiverem algo a denunciar (tal pode ser feito na forma de interrogações e de suspeitas minimamente consistentes), certifiquem-se o melhor possível dos factos, evitando as calúnias gratuitas bem como entrar em pormenores íntimos que nada têm que ver com a actuação pública dos que detêm o poder político-partidário, corporativo e institucional. E nem se vos ocorra assinar textos em nome de outrém, a fim de tramar a vida a terceiros! (Caraças, não me obriguem a desempenhar o odioso papel de censor das vossas mensagens!) Quero um blog inteligente, crítico, honesto, reivindicativo e corajoso!
Inicialmente escolhi o nome «Radicais Livres» para este blog, mas depois descobri que esse nome já fora escolhido por outrem.
Para aqueles que têm o opróbio sempre engatilhado – pronto a cuspir -, deixem-me esclarecer-vos que “radical” não é sinónimo de “fundamentalista”. Radical refere-se à raiz das coisas; ao que original e fundamental. Em sentido figurado, significa essencial e integral, afastando-se do que é convencional. E é essa a maior das minhas ambições: ser integro com os meus ideais; e o maior luxo que possuo é a determinação de não os prostituir (sem me arvorar em puro nem em dono de verdades perfeitas; a cabotina santimónia é um verniz que estala com facilidade em praça pública).
O radical sabe ouvir e sabe fazer os compromissos necessários para alcançar as suas metas, sobretudo porque tem consciência de que é impossível manter ma posição purista e transmitir uma mensagem positiva credível, barricando “verdades perfeitas” com intolerância agressiva. Mas o radical deve igualmente saber qual a fronteira a partir da qual deve ser intransigente na defesa dos seus ideais.
A propósito, vale a contundente declaração (com o travo amargo de desiludido epitáfio) de Miguel Unamuno: “resta o consolo de um íntegro que não se integrou!”.
Por vezes é a linguagem que orienta o pensamento. Por isso, a manipulação de conceitos faz parte dos spin doctors (os fazedores de opinião especialistas na distorção dos factos) ao serviço dos poderes instituídos.
Vejamos o caso do filósofo grego Epicuro (341-272 a.C.). Este levava ao mercado os seus discípulos para que estes se sentissem agraciados por não necessitarem de tantas coisas à venda (e isto numa época em que a maioria dos produtos comercializados eram bens de primeira necessidade), e aconselhava-os a manterem-se longe da turba a fim de conservarem a estabilidade emocional, a integridade moral e a capacidade de pensarem com clareza (preconizando a demofobia, não a misantropia).
«Agradece à natureza ter tornado fácil alcançar o essencial e custoso obter o desnecessário» - Epicuro
Os mais conservadores (basicamente, todos os que julgam possuir uma parcela do poder instituído e tudo fazem para conservarem as estruturas sociais que lhes são favoráveis) costumam cumular de conotações depreciativas certos movimentos culturais contestatários, ao ponto de as suas designações oficiais se tornarem sinónimos de ofensas, de anátemas preconceituosos. Tal como a Igreja Católica durante o período Patrístico (do séc. I a.C. ao séc. VIII d.C.) se empenhou em denegrir os símbolos dos cultos pagãos da natureza e do sagrado feminino associando-os ao demónio. Com a passagem do tempo, esses termos ganham mais do que uma nova roupagem, mas uma nova identidade semântica. Isto tanto acontece por vox populi/via popular, como por via erudita. Assim, o adjectivo "epicurista" é utilizado para designar os bon vivan, dados à luxúria e à libertinagem. Também quando se rotula alguém de “cínico” queremos dizer que essa pessoa é "despodurado/a, falso/a e imoral". Pois tais interpretações nada têm que ver com o que defendiam as correntes filosóficas protagonizadas por Epicuro e por Antístenes (444-365 a.C.) e Diógenes (400-325 a.C.), respectivamente.
“Os deuses nada necessitam; e as pessoas que mais se lhes assemelham, pouca coisa.” – Diógenes
Foi a partir de Constantino que o verdadeiro livre arbítrio (não condizente com a submissão incondicional aos dogmas e à hierarquia da santaIgreja) passou a ser considerado «heresia». Até aí a palavra heresia nãotinha uma conotação pejorativa. A sua raiz grega, hairesis, apenassignificava escolha, sem quaisquer predicados qualitativos de ordem moral. Osespíritos livres são vistos como uma afronta à Igreja.
O profeta andarilho da Galileia (cuja mitologia parece ser uma súmula de mitos mítricos e budistas) era um rebelde cínico (na verdadeira asserção da palavra, que remete à escola filosófica de Diógenes) e corajoso, indómito perante os poderes instituídos; agitador de consciências oprimidas; defensor de um movimento social que, segundo a actual cosmovisão e os respectivos valores sócio-políticos, poderia inscrever-se no socialismo primitivista e libertário, (re)creando um sistema moral que se integre na amoralidade igualitária e generosa da natureza, onde a aceitação pluralista pelos cultos religiosos, o pacifismo humanista e solidário, a humildade, a pobreza voluntária e a integridade entre o discurso e a acção eram pontos de honra. Defendia o desenvolvimento de vínculos espirituais espontâneos; e essa espiritualidade deveria ser tão holistica quanto idiossincrática, sem mediações entre o homem e o sagrado, considerando todas as pessoas como parcelas desse sagrado. Temos que reaprender a sacralizar a Terra!
Este blog pretende ser um espaço de discussão e de denúncia sobretudo para aqueles que têm preocupações ambientais (principalmente os que residam, ou que tenham fortes afinidades com a Lezíria) , os insubmissos que recusam conformar-se com os abusos de poder, enfim, os que amam a liberdade, a verdade e a natureza. Como tal, é um blog de cariz político – mas totalmente apartidário! A Internet surge assim como um óptimo instrumento para dar voz aos que estão amordaçados pelos interesses instituídos nos circuitos do poder. Só peço aos participantes que não confundam liberdade com libertinagem. Ou seja, sempre que tiverem algo a denunciar (tal pode ser feito na forma de interrogações e de suspeitas minimamente consistentes), certifiquem-se o melhor possível dos factos, evitando as calúnias gratuitas bem como entrar em pormenores íntimos que nada têm que ver com a actuação pública dos que detêm o poder político-partidário, corporativo e institucional. E nem se vos ocorra assinar textos em nome de outrém, a fim de tramar a vida a terceiros! (Caraças, não me obriguem a desempenhar o odioso papel de censor das vossas mensagens!) Quero um blog inteligente, crítico, honesto, reivindicativo e corajoso!
Inicialmente escolhi o nome «Radicais Livres» para este blog, mas depois descobri que esse nome já fora escolhido por outrem.
Para aqueles que têm o opróbio sempre engatilhado – pronto a cuspir -, deixem-me esclarecer-vos que “radical” não é sinónimo de “fundamentalista”. Radical refere-se à raiz das coisas; ao que original e fundamental. Em sentido figurado, significa essencial e integral, afastando-se do que é convencional. E é essa a maior das minhas ambições: ser integro com os meus ideais; e o maior luxo que possuo é a determinação de não os prostituir (sem me arvorar em puro nem em dono de verdades perfeitas; a cabotina santimónia é um verniz que estala com facilidade em praça pública).
O radical sabe ouvir e sabe fazer os compromissos necessários para alcançar as suas metas, sobretudo porque tem consciência de que é impossível manter ma posição purista e transmitir uma mensagem positiva credível, barricando “verdades perfeitas” com intolerância agressiva. Mas o radical deve igualmente saber qual a fronteira a partir da qual deve ser intransigente na defesa dos seus ideais.
A propósito, vale a contundente declaração (com o travo amargo de desiludido epitáfio) de Miguel Unamuno: “resta o consolo de um íntegro que não se integrou!”.
Por vezes é a linguagem que orienta o pensamento. Por isso, a manipulação de conceitos faz parte dos spin doctors (os fazedores de opinião especialistas na distorção dos factos) ao serviço dos poderes instituídos.
Vejamos o caso do filósofo grego Epicuro (341-272 a.C.). Este levava ao mercado os seus discípulos para que estes se sentissem agraciados por não necessitarem de tantas coisas à venda (e isto numa época em que a maioria dos produtos comercializados eram bens de primeira necessidade), e aconselhava-os a manterem-se longe da turba a fim de conservarem a estabilidade emocional, a integridade moral e a capacidade de pensarem com clareza (preconizando a demofobia, não a misantropia).
«Agradece à natureza ter tornado fácil alcançar o essencial e custoso obter o desnecessário» - Epicuro
Os mais conservadores (basicamente, todos os que julgam possuir uma parcela do poder instituído e tudo fazem para conservarem as estruturas sociais que lhes são favoráveis) costumam cumular de conotações depreciativas certos movimentos culturais contestatários, ao ponto de as suas designações oficiais se tornarem sinónimos de ofensas, de anátemas preconceituosos. Tal como a Igreja Católica durante o período Patrístico (do séc. I a.C. ao séc. VIII d.C.) se empenhou em denegrir os símbolos dos cultos pagãos da natureza e do sagrado feminino associando-os ao demónio. Com a passagem do tempo, esses termos ganham mais do que uma nova roupagem, mas uma nova identidade semântica. Isto tanto acontece por vox populi/via popular, como por via erudita. Assim, o adjectivo "epicurista" é utilizado para designar os bon vivan, dados à luxúria e à libertinagem. Também quando se rotula alguém de “cínico” queremos dizer que essa pessoa é "despodurado/a, falso/a e imoral". Pois tais interpretações nada têm que ver com o que defendiam as correntes filosóficas protagonizadas por Epicuro e por Antístenes (444-365 a.C.) e Diógenes (400-325 a.C.), respectivamente.
“Os deuses nada necessitam; e as pessoas que mais se lhes assemelham, pouca coisa.” – Diógenes
Foi a partir de Constantino que o verdadeiro livre arbítrio (não condizente com a submissão incondicional aos dogmas e à hierarquia da santaIgreja) passou a ser considerado «heresia». Até aí a palavra heresia nãotinha uma conotação pejorativa. A sua raiz grega, hairesis, apenassignificava escolha, sem quaisquer predicados qualitativos de ordem moral. Osespíritos livres são vistos como uma afronta à Igreja.
O profeta andarilho da Galileia (cuja mitologia parece ser uma súmula de mitos mítricos e budistas) era um rebelde cínico (na verdadeira asserção da palavra, que remete à escola filosófica de Diógenes) e corajoso, indómito perante os poderes instituídos; agitador de consciências oprimidas; defensor de um movimento social que, segundo a actual cosmovisão e os respectivos valores sócio-políticos, poderia inscrever-se no socialismo primitivista e libertário, (re)creando um sistema moral que se integre na amoralidade igualitária e generosa da natureza, onde a aceitação pluralista pelos cultos religiosos, o pacifismo humanista e solidário, a humildade, a pobreza voluntária e a integridade entre o discurso e a acção eram pontos de honra. Defendia o desenvolvimento de vínculos espirituais espontâneos; e essa espiritualidade deveria ser tão holistica quanto idiossincrática, sem mediações entre o homem e o sagrado, considerando todas as pessoas como parcelas desse sagrado. Temos que reaprender a sacralizar a Terra!
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