domingo, abril 15, 2007

1,8 milhões de crianças no mundo são vítimas de abusos sexuais Sónia Correia dos Santos

A organização humanitária Save The Children revela que 1,8 milhões de crianças no mundo são vítimas de abusos como prostituição, pornografia ou turismo sexual. A denúncia é feita no documento intitulado "As pequenas mãos da escravatura".
A organização apresenta ainda, no relatório divulgado domingo, dados sobre a situação mundial de milhões de crianças nas oito formas mais relevantes de escravatura: tráfico de crianças, exploração sexual, trabalho infantil como pagamento de dívidas, trabalho forçado em minas e na agricultura, crianças soldados, casamentos forçados e escravatura doméstica.
Segundo a directora da organização, Jasmine Whitebread, a "escravatura infantil é uma dura realidade para milhões de crianças e os governos não fazem o suficiente para responder a este problema". "Os líderes mundiais têm de actuar urgentemente para acabar com a escravatura infantil e aplicar leis e recursos necessários para erradicar estas práticas terríveis", frisa.
São mais de 50 países de África, Ásia e América do Sul em que estas situações são flagrantes.
De acordo com o documento da Save The Children, 1,2 milhões de crianças são anualmente vítimas de tráfico, um negócio identificado como de "baixo risco e altos lucros", que rende 24 mil milhões de euros.
O relatório revela que, só na Índia, 15 milhões de crianças são forçados a trabalhar para pagar dívidas, enquanto um milhão, em todo o mundo, arrisca a vida em minas. 132 milhões de crianças com menos de 15 anos são forçados a trabalhar na agricultura sem hipótese de fuga, expostas a pesticidas, maquinaria pesada e ferramentas perigosas. A organização internacional reconhece também que mais de 300 mil menores de 15 anos são usados como soldados. O caso mais flagrante foi identificado na República Democrática do Congo, onde estão detidas 11 mil crianças por grupos de combatentes. Mas Angola, Afeganistão, Serra Leoa e Sri Lanka também fazem parte da lista.
O casamento forçado é outra das formas de escravatura. Em todo mundo são obrigadas a casar mais de cem milhões de meninas antes dos 18 anos, algumas deles têm apenas quatro anos. Em todo o mundo há ainda milhões de crianças que trabalham quase 15 horas por dia no serviço doméstico, sem qualquer possibilidade de irem à escola.
Sónia Santos

sábado, abril 14, 2007


«Quando as crianças se portam mal temos que bater-lhes no rabo três vezes: uma pelo Pai, outra pelo Filho, e a última pelo Espírito Santo… É melhor para elas.» (Anónima. Mãe russa de São Petesburgo)

quinta-feira, abril 12, 2007

Henry Ford, conhecendo bem a perversidade do sistema industrial-capitalista que ajudara a implementar, disse que: «há 2 maneiras de levar as pessoas a trabalhar: a apetência pelo salário e o medo de o perder.»

Entretanto, sem suscitar a atenção dos jornalistas (que, nos EUA, maioritariamente estavam empregados por amigos seus), este magnata apoiou intensamente a ascensão política de Hitler e do seu partido nazi-fascista, fazendo com que as maiores corporações estado-unidenses beneficiassem de trabalho escravo proveniente de campos de concentração. Mesmo na “terra das oportunidades”, Henry Ford contratou um bando de “gorilas” (a maioria dos quais ex-presidiários) para intimidarem e espancarem todos os trabalhadores que estivessem ligados a actividades sindicais, ou simplesmente para manter o ritmo de produção elevadíssimo.

Até Isaac Newton, cujo nome ficou para a posteridade emoldurado no título de «benfeitor da humanidade», inventou um sistema de choques eléctricos para espevitar os seus empregados e colegas (assim reduzidos a híbridos de reses e de autómatos da produção capitalista) no posto de trabalho. Durante o curto período que durou esta experiência, mereceu aplausos por parte da elite. Agora basta-lhes condescenderem em reconhecer a encenação formal do bem policiado direito à greve, ou então, concentram as suas unidades de produção em Zonas de Produção Especial, que são infernos sociais e ambientais, ligados a governos corruptos e repressivos…

O grande desenvolvimento económico que se verificou na ex-URSS no início da Guerra Fria, deveu-se à mão d’obra escrava concentrada nos gulags de Estaline (que fizeram mais vítimas do que os campos de concentração nazis, mas sem suscitar a mesmo interesse moralista, compaixão e indignação do resto do chamado “mundo livre”).

Nem é preciso ir tão longe. Aqui ao lado, em Espanha, Franco negociou o trabalho de dezenas de milhar de prisioneiros políticos com empresas nacionais que assim reconstruíram a Espanha reduzida a escombros (devido à guerra civil), enriquecendo e tornando forte a economia do país mesmo antes da adesão à União Europeia.

Perto de 500 mil espanhóis passaram por mais de 100 campos de concentração. A “magnanimidade” do caudilho perante os republicanos, liberais e progressistas - que pretendeu erradicar da face da terra (com a bênção, ou seja, a cumplicidade activa, da Igreja Católica, que legitimou esse projecto genocida ao declará-lo uma «cruzada») – mostrou-se com a oferta da redução de 2 dias da pena de cárcere por cada dia de trabalho para o Estado e para as empresas em conluio. (Os que trabalharam no faraónico mausoléu chamado «Vale dos caídos», chegaram a ver essa redução de pena numa relação de 1 para 6 dias.) Da miséria que os prisioneiros recebiam das empresas, 76% era rapinado pelo Estado. Tal rendeu ao Estado o equivalente hodierno a 610 milhões de euros (e isto são números obviamente modestos porque foram fornecidos pelos militares).

Tal como nas unidades fabris de Auschwitz se podia ler o slogan monstruosamente sarcástico «o trabalho liberta-nos», Franco justificava publicamente o referido programa de “reabilitação” nos seguintes termos:«[é necessário] redimi-los da sua existência de párias através do trabalho.» (…) «Os que eram os despojos de Espanha, tornaram-se pessoas úteis.»

Muitos milhares foram assim mortos pelo trabalho forçado. Os sobreviventes continuam vítimas de um pacto de silêncio entre as forças políticas que emergiram e ascenderam ao poder após a morte de Franco; unanimemente, concordaram que esse seria um preço pequeno a pagar pela estabilidade dos militares com os dedos nervosos nos gatilhos…

Ironicamente, foi a “democracia” que condenou os sobreviventes dos campos de concentração espanhóis a tornarem-se párias históricos… Estes prisioneiros (incluído mulheres e crianças) que, em muitos casos, chegaram a conquistar a admiração dos seus algozes, devido às demonstrações de dignidade estóica e de integridade idealista, deixando florescer a solidariedade e até o sentido de humor, onde parecia só haver espaço para a dor, o desespero e a amargura, actualmente vivem com o seu terrível passado obliterado para que as “consciências democráticas” possam continuar mergulhadas no “sono dos justos”… A juventude nem sequer acredita nas estórias destes velhotes sem direito a reivindicarem uma memória colectiva feita de horrores que deveriam servir, não para vinganças, mas, pelo menos, para alertar aqueles que acham que a democracia é um dado adquirido inalienável.

Existem mais escravos hoje em dia do que em qualquer outro período da história. Estima-se que o seu número se situe entre 40 a 80 milhões. As suas vidas são menos valorizadas do que as dos africanos capturados e comercializados pelos esclavagistas europeus há quatro ou cinco séculos, porque são muito mais facilmente substituíveis;

As corporações têm um poder que humilharia qualquer ditador, pois não há um único recanto do planeta que esteja a salvo da sua ganância rapace; os seus saques são legitimados pela Organização Mundial do Comércio (com a ajuda do banco Mundial e do FMI, além das forças armadas que obedecem a governos corruptos), colocando-se acima das legislações de cada país e do direito à auto determinação dos povos – começando pela sua independência económica e redistribuição equitativa da riqueza.

PB

segunda-feira, abril 09, 2007

A origem do anti-semitismo

Nos seus primórdios, o cristianismo era basicamente o
judaísmo.

Transcorreram várias décadas após a alegada morte de Cristo até que os evangelhos começassem a ser escritos.

Presumivelmente, o primeiro foi o de Marcos, na década de 60 (do 1º século), pouco antes, ou no início da grande revolta judaica (66-70). O último foi o de João, lá pelo ano 90 d.C.. Mateus e Lucas empenharam-se em melhorar o texto atribuído a Marcos.

Vivia-se o paroxismo da perseguição romana contra os cristãos, e a própria comunidade judaico-cristã, que tentava reorganizar-se para sobreviver, estava a sofrer um cisma devido a irreconciliáveis conflitos internos de cariz teológico. O principal pomo de discórdia derivava da dúvida de se Jesus Cristo era, ou não, o Messias.
Como é costume, a versão que ficou para a posteridade é unilateral e não poupa esforços para denegrir os seus adversários.

A elaboração dos evangelhos reflecte o agudizar desses conflitos. Os seus autores afastaram-se gradualmente dos líderes judaicos. Os episódios e os diálogos que foram acrescentando reflectem bem/com clareza esse antagonismo azedo – que, no caso do relato da
crucificação de Cristo, acabou por originar um anti semitismo secular, pois culpabiliza todo um povo (os judeus) pela morte de Cristo, enquanto que os romanos, e particularmente o seu representante Pilatos, foram
praticamente ilibados.
(Mateus 27: 15-26 ; Marcos 15: 6-15 ; Lucas 23: 13-25 ; João 19: 1-16)

Os membros da Igreja (cristã) primitiva procuraram demarcar-se publicamente dos judeus também para não sofrerem mais represálias das autoridades romanas furiosas com a revolta na Judeia.

No evangelho de Marcos, Judas não é apresentado como um vilão traidor. Mas em Mateus (escrito 10 a 12 anos depois) Judas faz a sua aparição como o discípulo que entregou o Messias às autoridades com um beijo infame. (Não obstante, ao saber que Jesus Cristo, ao invés de, como tinha planeado, não se tinha limitado a responder perante as autoridades religiosas lideradas por Caiafás, sendo entregue aos romanos, judas apercebeu-se da gravidade da situação e, consumido por remorsos, enforcou-se.)

No evangelho de João (divulgado quando os gentios já tinham consumado a apostasia com os judeus, e os gentios já dominavam o novo culto), Judas é a encarnação do mal.

Outros escribas do Novo Testamento (ex.; Paulo e João de Ptamos) mediam as palavras e falavam metaforicamente para se referirem à opressão de Roma, mas não tiveram o mesmo pudor medroso em atacar os judeus.

Os judeus (tradicionalmente retratados com uma aparência grotesca, pelo menos a partir do séc. X) simbolizavam todos os heréticos que duvidavam da ressurreição de Cristo, renegando-o. Como tal, foram apodados de agentes de Lúcifer.

O proeminente teólogo Hipólito (170-236 d.C.) estipulou oficialmente que o Anticristo será de origem judaica, enfatizando o preconceito anti semita que frequentemente culminou em massacres gratuitos.

Hipólito era discípulo de Irineu, que, por sua vez, foi doutrinado por Policarpo, e este último pelo apóstolo João. Portanto, pertencia à linha avançada de teológos fundamentalistas que se especializaram em escatologia e na luta contra todas as formas de heresia – em especial o nascimento do gnosticismo, que perseguiram com a mesma ferocidade que dedicavam ao judaísmo e aos islamismo.

No séc. IV, o bispo Augustino destilou todo o seu ódio anti-semita enfatizando a já popular correlação entre Judas e o arquétipo dos «malditos judeus que traíram e mataram Jesus Cristo», que era facilitada até pela aproximação fonética entre as palavras judeus e Judas tanto em hebraico como em grego.

No séc. XIII, o Papa Gregório IX, O Grande, inflamou o ódio anti-semita declarando que o Talmude é de inspiração demoníaca. De seguida, organizou uma grande queima pública (em Paris) de talmudes apreendidos em quantidade tamanha que encheram 24 carroças.

(REP) Só em 1964 é que o Vaticano realizou um concílio com o propósito de ilibar os judeus pela morte de Cristo, considerando que o filho de Jeová sujeitou-se de livre vontade à sua paixão e sacrifício fatal «para nos salvar» (?!).

No livro dos Actos dos Apóstolos Pedro contraria a versão (evangélica) de Mateus quanto ao destino de Judas após a sua traição a Cristo. Assim, ao invés de Judas se ter arrependido profundamente; devolvendo o dinheiro que os sacerdotes lhe deram em troca de Cristo; suicidou-se logo a seguir, enforcando-se numa figueira; Pedro afirma que Judas usou o ignominioso pecúlio para comprar um terreno e nele viria a morrer devido a um acidente. (Pedro 1:18)

É inconcebível que Judas pudesse viver tranquilamente na comunidade hebraica após ter entregue um dos seus às forças opressoras. Certamente que, para além de ser considerado de imediato um pária, não tardaria muito a ser executado pela justiça popular devido a ter cometido o pior dos crimes para os judeus.

Para Lucas e João, Judas estava possuído pelo demónio, sem que essa apreciação tivesse qualquer intenção de o desresponsabilizar pela traição ao Messias e aos seus fiéis seguidores. Pelo contrário. Fez vingar a ideia de que os da laia de Judas (ou seja, os judeus) são mais propensos a compactuar com as forças do mal.

A biblioteca Nag Hammadi é constituída por mais de 30 documentos encontrados no sul do Egipto em 1945. Esses papiros datam dos séculos III e IV. Tratam-se de cópias em língua copta (provavelmente adaptadas do grego). As datas dos respectivos originais são impossíveis de determinar pelo simples facto de que se encontram perdidos.

Dos 114 ditos atribuídos a Jesus Cristo que podem ser encontrados nos manuscritos Nag Hammadi, 70 têm correspondência com os evangelhos canónicos.

O evangelho de Judas (que, na última década de 90, fez furor no mundo científico, mais até do que entre os teólogos) provém da mesma região, partilhando ainda a linguagem e os conceitos gnósticos.

Testes com recursos à técnica do radiocarbono apuraram que se trata de um documento original do séc. III.

O início da cristandade foi marcado por uma expansão fragmentada do culto, com numerosas seitas e grupos de oração mais ou menos heréticos a reivindicarem a exclusividade do acesso directo a Cristo e a Jeová. Os evangelhos pelos quais se guiavam ultrapassavam as 3 dezenas de versões.

No ano 180 (d.C.) o bispo Irineu destacou-se de entre a linha dura dos líderes cristãos ortodoxos (não estou a falar da que seria a Igreja do Oriente) ao ter a última palavra na escolha dos evangelhos que conhecemos no Novo Testamento. Não se sabe ao certo que critérios foram determinantes para justificar a rejeição de muitos evangelhos, escolhendo apenas 4. (a propósito, os argumentos que Irineu nos legou são idióticos e vagos, já que se limitou às premissas de que «se existem apenas 4 cantos da Terra; 4 pontos cardeais da Rosa dos Ventos e 4 ventos principais; então também só deveria haver 4 evangelhos…)

Os evangelhos então eleitos são os que apresentam uma maior clareza na exposição das ideias e que, consistentemente, obedecem a uma estrutura narrativa clássica, contando a vida de Cristo desde o seu nascimento à sua morte.

Irineu era particularmente avesso ao evangelho de Judas, quase ficando à beira de um ataque apopléctico pelo facto do homem que acreditava ter traído (de morte) Cristo ter um evangelho escrito em seu nome e que, não apenas o ilibava da traição mas, transformava-o num herói redentor que possibilitou ao Messias a libertação do seu espírito superior, deixando morrer a prisão corporal, impura pela sua humanidade. Judas é ainda retratado como o discípulo que melhor compreendia os obscuros desígnios de Cristo. Por isso, esse evangelho foi proscrito e esteve desaparecido durante 17 séculos.

Paul dos Patudos
Invulgar encontro de gerações

quinta-feira, abril 05, 2007


Num folheto referente a um concurso de fotografia e de poesia (integrado nos XVI Jogos Florais da Junta de Freguesia da Ameixoeira, 2004) , e subordinado ao tema «As Florestas”, podia ler-se que um dos «serviços ambientais»(sic) que as florestas prestam ao homem é a «retenção de lixos»(sic). Será que queriam dizer que a floresta desempenha um papel fundamental ao manter sob controlo a acção dos elementos erosivos, e que a retenção de inertes assegura a fertilidade dos solos, evitando simultaneamente que os cursos de água fiquem completamente assoreados? Chamar lixo precisamente à parte fértil dos solos é um erro imperdoável. A manta morta não deve ser confundida com uma mortalha de lixo.

Esta é quase tão boa como a hipocrisia descarada dos que conceberam o site da CM de Alpiarça, quando se referem à importância de preservarmos a água e o meio ambiente em geral, escolhendo para ilustrar a cartilha de lugares-comuns "politicamente correctos" e vazios, precisamente imagens de espelhos d'água que estão por demais degradados devido à incúria criminosa da autarquia!...

quarta-feira, abril 04, 2007


10 anos após a generalização das agroculturas geneticamente modificadas (GM), o Centro de Ciência e Política Ambiental reportou um aumento no uso dos agroquímicos (que no caso do milho corresponde a mais 30 por cento por acre).

Num estudo recente que abrangeu 18 mil campos de cultivo nos E.U.A., chegou-se à conclusão que, em média, a produtividade das culturas transgénicas é menor que as convencionais (em menos 4%, mas nalguns casos em menos 10%). Complementarmente, o Dr. Charles Benbrook, do North West Science and Environment Policy Center of Sanpoint, demonstrou que a cultura da soja transgénica comercializada pela Monsanto utiliza mais 11,4% de herbicida (da mesma empresa) do que a soja convencional, pois “ervas daninhas” têm desenvolvido uma maior resistência a esse agroquímico.

Outras multinacionais optam por, na fonte, impregnar as “sementes castradas” com quantidades ingentes dos seus pesticidas e de bactérias geneticamente modificadas (ex.: Bacillus subtilis). Quando não conseguem escoar toda a produção (visto que a validade das sementes expira com rapidez), despejam esses resíduos tóxicos perigosos no chamado “3º Mundo”. De entre muitos exemplos possíveis, cito o caso da empresa norte americana Delta & Pine Land Co. Que em 1998 depositou o seu lixo tóxico na pacata e desprotegida povoação de Rincon-í, no Paraguai, tendo provocado intoxicações letais nos desavisados habitantes locais, além do inquinamento de terras e dos lençóis freáticos. Este caso não difere substancialmente do ocorrido após a primeira Guerra do Golfo (promovida por Bush pai), quando o exército norte-americanos foi despejar o seu arsenal químico (que não chegou a ser utilizado contra os iraquianos) extremamente tóxico numa baía no norte da Filipinas. Desde a Segunda Guerra Mundial que os EUA mantêm bases militares nas Filipinas. Os estaleiros dos seus barcos e aviões de guerra sempre produziram uma enorme quantidade de resíduos tóxicos (ex.: amianto, mercúrio, chumbo, PCB, FBT, dioxinas, etc…) que, mais cedo ou mais tarde, acabariam na baia de Subic. (Pergunto-me o que terão estes tipos arrojado ao mar dos Açores durante todos estes anos que têm ocupado a Base das Lajes…)A saúde dos filipinos que consumiam essas águas inquinadas deteriorou-se de tal forma que o caso atraiu a atenção da comunidade internacional. Carolina, a princesa de Hanover, encabeçou uma forte campanha de solidariedade a estas vítimas – que não têm recursos suficientes para custearem os tratamentos. (www.amademondiale.org/)

O exército yankee foi chamado a prestar contar, ou melhor, a pronunciar-se sobre este atentado ecológico. A resposta é que não satisfez ninguém. Os responsáveis pela superpotência militar afirmam que nos contratos que assinaram (sob coação) com o governo das Filipinas, não existe nenhuma clausula que os obrigue a limpar a sua porcaria letal. O Congresso (dos EUA) produziu (em 1992) um documento a esse respeito um relatório que concluiu que “os custos da remoção e limpeza desses resíduos tóxicos são demasiado elevados.” (sic)

Igualmente esquecidas estão dezenas de toneladas de armas de armas químicas abandonadas pelas tropas estado-unidenses e britânicas no Panamá, em relação ás quais o governo NA afirma que não vê justificação para mobilizar meios destinados a limpar esse seu lixo tóxico «em terras não aptas ao desenvolvimento urbanístico, residencial ou comercial» (sic). Isto apenas significa que não se trata de uma área (florestal) onde os yankees tenham esse género de investimentos, mas não deixa de ser o lar de muitos panamenses que vivem na aflição de que os seus filhos sejam vítimas de bombas de gás mostarda que pululam pelas matas em redor das suas casas.

Os média, em vez de se preocuparem tanto com a liça futebolística, deveriam mostrar os horrores de que estão a padecer estas populações vítimas inocentes do imperialismo inimputável inerente a esta globalização corporativista…

É deveras intrigante que a conhecida multinacional Bayer ( que produz e comercializa produtos farmacêuticos, agroquímicos e OGMs) tenha escolhido, de entre os seus funcionários-modelo, para proferir o discurso de abertura das comemorações dos seus 50 anos de vida (desde que foi reestruturada em 1951), um dos cientistas responsáveis pela criação, durante a II Guerra Mundial, do gás Ziklon-B. Este gás (que é um pesticida) foi encomendado por oficiais nazis de propósito para executarem judeus, negros, ciganos e outras minorias étnicas e religiosas, homossexuais e vários outros indesejáveis ao 3º Reich, nas hediondas câmaras de gás. Finda a guerra, provou-se em tribunal que o referido cientista tinha conhecimento de uso pretendido para a sua sinistra invenção. Por isso passou sete anos na cadeia. Agora é um dos “excelsos crânios” que inventa a comida que vamos buscar ao supermercado...

Mais alguns exemplos dos crimes corporativos da Bayer:

- No final do séc. XIX, início do séc.XX, a Bayer comercializou heroína;

- em 1925 a Bayer fazia parte de um cartel corporativo que viria a fundir-se com o nome de IG Farben. Esta, durante a II Guerra Mundial, utilizou mão de obra escrava fornecida pelos nazis (a partir dos campos de concentração) e foi responsável pela criação e comercialização do gás Zyklon B, para além de ter usado esses prisioneiros como cobaias, injectando-lhes germes drogas que seriam utilizados numa possível guerra química e/ou biológica. Não só os seus cientistas trabalhavam nos campos de concentração fazendo dos prisioneiros cobaias, como também essa empresa subsidiou as experiências horríficas do Dr. Mengela, mais conhecido como “o anjo da morte”.

A IG Farben tinha acesso facilitado/privilegiado a matérias primas e a empréstimos durante o regime nazi devido a que os quadros administrativos da empresa ocupavam também altos cargos no partido nazi. E como controlavam ainda o monopólio da borracha sintética e, em conluio com a empresa NA Standard Oil, asseguravam parte do fornecimento ao exército dos combustíveis sintéticos, foi enorme a sua responsabilidade nos esforços de guerra dos alemães.

No Tribunal de Nuremberga (1947) os executivos e cientistas da Farben foram condenados por crimes de guerra, mas, estranhamente, o Tribunal Americano ilibou-os dessas acusações…Na caça ao cientista em que se empenharam as potencias aliadas após a guerra, o governo NA chegou oferecer emprego a alguns destes facínoras…

Essas práticas não foram, de todo, banidas pela Bayer até aos nossos dias. A Bayer não tem poupado esforços em, manobras de bastidores para que a administração Bush (mais concretamente através da Agências de protecção Ambiental – EPA) levante a moratória aos estudos sobre a toxicidade em que, deliberadamente, submetem humanos aos efeitos dos pesticidas. A emprega germânica alega que esses testes são necessários e que todos os que se submeteram ao contacto com os tóxicos eram “voluntários”. Pois, quando se é pobre, a troco de umas somas ridículas, as pessoas “volutearam-se” a qualquer coisa. Do mesmo modo que chamamos voluntários – e não mercenários – aos que se alistam no exército com o único propósito de escapar à pobreza e ao desemprego. É de admirar que o Bush e Blair não tenham autorizado essas experiências nos seus prisioneiros considerados “combatentes inimigos”…

As provas mais recentes de que a Bayer tem utilizado humanos como cobaias em experiências com pesticidas remontam a 1998, num estudo (realizado na Escócia) para determinar os efeitos fisiológicos do insecticida baseado em metilo de azimfos (???) (um químico derivado de um organofosfato originalmente desenvolvido e utilizado como um gás com capacidade para destruir o sistema nervosos central durante a II Guerra Mundial).

Tais práticas violam leis federais (dos EUA), o Código de Nuremberga, a Declaração de Helsinkia; vão contra as deliberações do painel de aconselhamento científico da EPA e são consideradas aberrantes de acordo com as legislações e a ética científica e a moralidade de qualquer nação dita civilizada.

A Bayer não é única empresa a testas (na “segurança” dos laboratórios) pesticidas em humanos. Junto da EPA foram entregues mais 10 estudos que recorrem a esta metodologia abjecta provenientes de diferentes entidades. Se a EPA ceder às pressões da Bayer, abrirá um precedente extremamente perigoso.

Em 1988, durante a administração de Bush sénior, o então Director da EPA proibiu a agência de utilizar dados referentes a experiências semelhantes conduzidas pelos nazis.

A política que estão agora a submeter os consumidores (vítimas dos seus pesticidas e dos seus OGM), no essencial, não difere muito das suas práticas durante o regime de Hitler. E nem o seu departamento de farmacologia foge à regra. Eis um exemplo disso: em 1989 a Bayer tinha em seu poder estudos que demonstravam claramente a ineficácia do seu antibiótico comercializado com o nome Ciprox; quando este entrava em contacto com outras drogas, perdia muita da sua capacidade bactericida. Mas a empresa estava (e está!) mais interessada nos lucros comerciais imediatos, do que em proteger a saúde pública, deixou que, pelo menos, 650 pessoas arriscassem as suas vidas no bloco operatório sem que os médicos fossem informados das deficiências do Ciprox.

Nos Andes peruanos, uma comunidade de campesinos foi recentemente abalada pela morte de 24 crianças, além de outras 18 terem ficado gravemente lesionadas, em consequência de um envenenamento colectivo causado por um pesticida da Bayer. As vítimas desta tragédia julgaram tratar-se de leite em pó. O seu erra (fatal) justifica-se pelo facto de que o pesticida em causa (comercializado com o nome “Folidol” e cujo principal agente químico activo é o químico metilo paratião) foi vendido a agricultores analfabetos e que só falavam quechua em embalagens semelhantes às do leite em pó e com indicações em espanhol – sem elementos gráficos que o identificassem como tóxico.

Claro que nem todos os cientistas da biotecnologia agem de má fé; alguns são mesmo movidos por ideais nobres. Mas não é paliando os sintomas dos problemas (ainda por cima brincando aos aprendizes de feiticeiro) que vamos solucionar as desigualdades sociais e a degradação dos recursos naturais. Todo esse esforço intelectual, técnico e financeiro deveria estar canalizado para encontrarmos soluções realmente sustentáveis para a agricultura mundial, em vez de forçarmos a abertura da “caixa de Pandora”, que, no mínimo, nos afasta das soluções sustentáveis.

PB

terça-feira, abril 03, 2007

Era uma vez um puto burrinho e inculto de meter dó. Assim o confirmam os seus antigos colegas e professores aqui do Ribatejo. Os outros jovens que com ele conviviam asseveram que não tinha jeito para nada, nem cultivava valores sociais dignos desse nome. E adiantam que ele só conseguía passar nos testes com recurso a carradas de cábulas e até costumava ir bêbado para os treinos de andebol.

Bem, o idiota mimado em questão era um principezinho. Cumprindo o seu “destino”, lá foi para a universidade. Claro que no “país dos doutores” qualquer imbecil pode tirar um curso “superior”, bastando para tal ter um mínimo de memória (apenas para papaguear de forma acrítica as informações impingidas), capacidade de bajulação e algum dinheiro. Deste modo, passam a pertencer a uma casta superior, capazes de ocupar qualquer cargo de chefia e com licença para explorar os “intocáveis”. *

* Esta polémica acerca do canudo do José Sócrates é mesmo típica do “país dos doutores”, onde reina a ignorância pedante. Em primeiro lugar, algumas das mentes mais brilhantes do mundo, assim com renomados políticos, enveredaram por caminhos que não incluíam títulos académicos. Depois, mesmo que o nosso Primeiro Ministro tenha tirado uma licenciatura sem irregularidades (o que é duvidoso…), o treino académico que recebeu nada tem que ver com as suas competências no governo. Por último, mesmo que se viesse a provar que José Sócrates obteve um diploma de forma fraudulenta, até parece que seria a primeira vez que ele mente aos portugueses e de formas que nos afectam muito mais, mas que não geram tanta celeuma. Abram os olhos, carago!!!

O curso que escolheu é dos favoritos para os que almejam o poder. Mas, no seu (medíocre) desempenho académico houve algum indício de que poderia ter uma ascensão meteórica na futura carreira profissional? Não, mas tampouco necessitava de se preocupar em mostrar talento e diligência, pois o seu pai era um reizinho da Merdaleja, com alguma habilidade e muita experiência em negociatas, golpadas, caciquismo e conluios políticos. Ainda por cima, usava as mesmas cores heráldicas do governo que, para “variar”, vivia de costas voltadas para as necessidades reais do povo. Assim, o ditador corrupto das “partes baixas” deste “jardim à beira mar plantado” mexeu os cordelinhos junto dos seus aliados político-corporativos (o que inclui alguns membros da maçonaria) a fim de lançar o seu filho na carreira política, quando ainda tinha a tinta do canudo universitário a cheirar a fresco. E começou bem pelo alto, como assessor de um secretário de Estado qualquer.

O nosso príncipe da Merdaleja (segundo se pode apurar na Internet) nem se preocupava em comparecer a entrevistas (para as quais até estava convocado) de emprego para cargos (ex.: gerente de uma Loja do Cidadão) que qualquer um com as suas habilitações lutaria com unhas e dentes para conseguir.

A não ser que faça jus à sua linhagem, revelando-se um sacana corrupto, hábil em jogos de bastidores e nos mais estratégicos conchavos na escalada da hierarquia do poder central , creio que a sua incompetência profissional não tardará a revelar-se um embaraço demasiado grande como para ser sustentado pelas cunhas do pai. Não há problema. Ainda existem muitas empresas públicas com tachos principescos que estão praticamente imunes aos escrutínio público.

Claro que estes escroques estão-se a cagar para as centenas de milhar de desempregados que este país tem. Até lhes dá um jeitão, pois os tubarões corporativos (aos quais os políticos baixam as calças, recebendo em troca muito dinheiro e cargos de elevado poder para chularem os pobres) querem que as pessoas estejam de tal modo desesperadas que aceitem as mais precárias condições de trabalho.

Assim não admira que haja tanto abandono escolar em Portugal. A maioria, por mais que se esforce, se não tiver chunhas fortes, não vingará por mérito próprio.

Meritocracia, os tomates!! Nem sequer vivemos numa democracia, meus amigos!


Segredos e conluios da carneirada que julga ter os cornos acima da carneirada…

Se colocássemos câmaras ocultas (e respectivos microfones) em muitas câmaras municipais de maioria PS, certamente que, no segredo da intimidade que se deseja inviolável, com frequência registar-se-iam diálogos do género:

«Querido, o que eu mais gostaria era que arranjasses para nós um lugar na Assembleia da República, ou mesmo como gestores da EPUL. Assim, poderíamos deixar para trás a Merdaleja (longe da plebe malcheirosa que insiste em lixar-nos as negociatas) e instalar-nos confortavelmente na Corte de Lisboa. Se esse sonho se realizasse, podíamos até mandar à merda os nossos esponsais e arranjar para os nossos filhos uns tachos como assessores de secretários de Estado, ou em milionárias empresas públicas de gestão duvidosa. Quando a nossa cor política passar para a “oposição”, provavelmente já estaríamos no Parlamento Europeu.

Ah, se algum dia aqui regressássemos para passar uns dias com a família, certamente que seríamos recebidos como heróis por esta cambada de ignorantes graxistas.»