segunda-feira, março 29, 2010
Tristes Trópicos
ou
Deus seja Lavado!
A diversão foi substituída pelo consumo,
Lá onde o sol é feminino.
Aqui em baixo outro rebanho passa...
Que luz é essa que o cega?!
Instrumentos de tortura portáteis
Pendem dos seus pescoços;
Balindo na cadência dos sinos,
Genuflectindo a cada mentira de altar...
Chhhhhiiiuu, cala a heresia
Para não provocar o estampido!
Há muito que a mente se erodiu
Sob o ordeiro pisoteio,
Que tudo leva de roldão.
A fé ganhou a pior aposta
Na tradição, autoridade e revelação.
Perdeu a inteligência e a verdade.
Na fronteira do território dos vampiros,
Eu ergo barricadas com os meus ossos
Que já só querem ser leitos de rios.
Vou seguir o caminho das águas.
Os sonhos que atem o meu espírito
Ao mangue, no limite do suportável;
Morena, não o podes pregar à oliveira,
Na esperança de que cresça em paz e sabedoria.
Até o cupim sabe que as árvores não crescem assim.
Eu nem fui convidado para o nascimento
Dos pensamentos que me malpariram,
Quanto mais para viver em tais sorrisos...
... E entra o trio eléctrico:
“Deus, tomando no cu
E o Diabo por cimaaaááááá
Ai, essas crentes de hoje em dia
É tudo pior [do] que putariaaaáááá ...
- E aí Braziuuuu, tira os pés do chãããão!!! “
Pomp-chiuomp-pom-pom-pom-pom...
... Bééééé, béééééé, béééééé, ....
Xando
sábado, março 27, 2010
O hiperconsumismo leva a um impasse, entrevista com Benjamin Barber
consumismo, consumo & consumismo, entrevista, modelo de desenvolvimento
A crise financeira serve para desbaratar alguns mitos: o mito do mercado todo-poderoso, com seus corolários, entre eles a desregulamentação e a privatização; o mito do capitalismo hiperconsumista; e, o mito de que o capitalismo pode triunfar fabricando desejos, necessidades, e não produtos. A análise é de Benjamin Barber, ex-conselheiro de Bill Clinton.
Segundo Barber, a crise tem reflexos sobre a gestão do próximo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, cuja política “deverá passar por um intervencionismo fiscal mais acentuado, uma presença reforçada do ministério da Fazenda junto à Reserva Federal. Nem os democratas nem os republicanos poderão escapar disso”, diz. “Mas o futuro presidente e seus conselheiros terão suficiente imaginação para compreender que para resolver a crise atual não bastará reformar o sistema?”, pergunta Barber.
Segue a entrevista que Benjamin Barber concedeu a Marie Chaudey ainda antes das eleições nos Estados Unidos e publicada na revista francesa La Vie, 30-10-2008. A tradução é do Cepat.
Quais são, na sua opinião, os mitos desbaratados pela crise financeira?
A mais importante é aquela que Reagan lançou: o mito do mercado todo-poderoso com seus corolários, a desregulamentação e a privatização. O preceito reaganiano de base afirma que o governo é o problema, o mercado, a solução. Nos últimos trinta anos, os Estados Unidos comungaram desta ideologia, tanto os democratas como os republicanos. Ronald Reagan, mas também Carter, e inclusive Clinton, contribuíram para a desregulamentação da indústria, sem falar dos bancos e dos mercados financeiros.
Ronald Reagan castigava a “burocracia” governamental…
Mas ao atacar este suposto “burocrático”, foi o poder dos próprios cidadãos que os neoconservadores minaram, foi a democracia que eles fizeram retroceder. A crise dos créditos hipotecários nos oferece hoje uma perfeita ilustração da despossessão dos cidadãos, tanto no sentido próprio como no figurado. Porque o segundo mito em questão é aquele do capitalismo hiperconsumista: não haveria mais cidadãos, mas apenas consumidores. Esta idéia de que o consumidor é um ersatz do cidadão – com desejos individuais a satisfazer, sem relação com nada que seja coletivo – infelizmente se enraizou. Os americanos têm o espírito mercantil, mesmo quando escolhem seu presidente! Bill Clinton tinha o costume de dizer: “Vocês me contrataram pelo emprego”. Eu o fiz perceber que este vocabulário era perigoso. Um presidente é um representante da vontade dos cidadãos. A Casa Branca não é uma grande loja em que os americanos seriam os clientes do governo e mudariam o diretor quando não estivessem mais satisfeitos com os supostos “serviços”.
No seu livro, você aponta o perigo do colapso de um sistema que baseado no hiperconsumismo. Para você, esta crise era inevitável?
Absolutamente. Porque ela está ligada a um terceiro mito, a crença de que o capitalismo pode triunfar fabricando desejos, necessidades, e não produtos. Com a ajuda do marketing e do convencimento publicitário, trata-se de persuadir as pessoas a comprarem coisas das quais elas não têm nem desejo nem necessidade e nem recursos para adquiri-los: nós estamos no centro do problema. Se, no curto prazo, o hiperconsumismo pode funcionar, está condenado a um impasse no longo prazo. O que é preocupante no Plano Paulson de ajuda aos bancos é que o governo tenta cuidar de um simples ferimento, quando se trata de um profundo câncer do sistema.
Mas os americanos estão prestes a mudar seus hábitos de vida?
Prestes ou não, esse não é o problema: eles não têm mais as possibilidades… Se hoje retirarmos deles o cartão azul, tiraremos deles as casas. Eles serão obrigados a admitir que não podem eternamente ir ao shopping! Não há melhor maneira para mudar de hábito do que receber uma brutal lição de economia. A moral não é uma boa modeladora da História, a realidade sim. Os publicitários vão ter mais dificuldades para convencer as pessoas que comprar é a melhor coisa que elas podem fazer para si mesmas e pelo país.
Podemos comparar a crise atual com a de 1929?
É um novo grande desastre, mas para além desta constatação é difícil fazer qualquer comparação. A realidade mudou, as reações políticas são mais rápidas hoje, o mundo é globalizado e os países são interdependentes. Eu não acredito que o desemprego chegue a 30%, como em 1929. Na época, não havia precedentes em termos de intervenção dos poderes públicos. Agora tudo vai depender da maneira como o governo vai continuar a responder à crise. Mas, evidentemente, nós estamos no fim de uma era do capitalismo selvagem, totalmente desregulado. A ironia do destino quis que fosse George W. Bush quem realizasse as primeiras nacionalizações, ele que tanto odiava o socialismo e sempre defendeu um intervencionismo mínimo! Mas a realidade claramente venceu as mitologias.
Então o desafio para o próximo presidente será grande?
Exatamente. E mesmo se ganhar McCain, deverá passar por um intervencionismo fiscal mais acentuado, uma presença reforçada do ministério da Fazenda junto à Reserva Federal. Nem os democratas nem os republicanos poderão escapar disso. Mas o futuro presidente e seus conselheiros terão suficiente imaginação para compreender que para resolver a crise atual não bastará reformar o sistema? Há um ajustamento do qual ninguém fala: o que o capitalismo vai fazer se não vender mais seus produtos? E não falo apenas do capitalismo americano, mas também do capitalismo chinês que depende do consumo americano. Se a economia chinesa desacelerar, será o fim do famoso “milagre” e poderemos temer por uma instabilidade social e política do lado de Pequim. Em resumo, será necessário que o capitalismo encontre uma solução. E, na minha opinião, terá interesse em considerar as necessidades reais das pessoas: as energias alternativas, os produtos verdes, a moradia inovadora… O capitalismo deve restabelecer a sua vocação primeira: fornecer serviços e produzir coisas úteis.
Será Barack Obama o homem da situação?
Até o momento, ele foi aconselhado por economistas de linha mais conservadora como Austan Goolsbee, da Universidade de Chicago, ou Robert Rubin, especialistas que fazem parte dos mesmos círculos que ocasionaram a crise financeira… Eles podem ajudar a encontrar remédios pontuais, mas não acredito em mudanças fundamentais. Se Obama for eleito, os Estados Unidos conhecerão formidáveis evoluções: será um bom antídoto ao racismo, o fim do “teto de vidro” para os jovens negros. O presidente representará o verdadeiro rosto multicultural dos Estados Unidos, cuja população já não é mais metade branca em Estados como a Califórnia ou a Flórida. Mas não se deve esperar uma revolução do capitalismo. Há tantas esperanças em relação a Obama que, me arrisco a dizer, as pessoas forçosamente se decepcionarão. Nos países árabes, é elevado ao pináculo: vimos, no entanto, que deu mostras de muita amabilidade para com os lobbies israelenses, tudo para convencer que ele não é muçulmano. Em certo sentido, pelo fato de ser negro, Obama deverá provar mais do que qualquer outro, que ele é um bom americano tranquilizador…
"Je me crois en enfer, donc j`y suis" - Rimbaud
O fenótipo (e a cabeleira que desce até ao fundo das costas)de um colega de trabalho denuncia que é um índio equatoriano. Nós os dois temos ideais bem parecidos (pena que só nos vejamos um par de vezes por ano).
Ao cabo de uns meses à procura de trabalho, foi bater à porta de uma agência de viagens dirigida por um evangélico. Este último, olhou-se com gravidade e declarou que, como ele é índio, estava impuro pelo paganismo e a feitiçaria. Pediu-lhe que entrasse com ele num quartinho que tinha nas traseiras do escritório. Obviamente que o meu amigo pensou que poderia ser um sórdido esquema para o crente lhe comer o cu. Por isso, agarrou numa caneta disposto a fura-lhe um olho (sem trocadilhos brejeiros e infantis, por favor), caso ele avançasse nesse sentido. Tudo o que é genuíno nele gritava para fugir imediatamente dali, mas o desespero do desemprego fê-lo anuir ao absurdo. E não é que o crente sujeitou-o mesmo a uma breve cerimónia de exorcismo?! Quando achou que já tinha purificado o índio, aceitou os seus contactos com a promessa (não cumprida) de que em breve lhe arranjaria trabalho.
Isto passou-se há 3 anos, em Cuiabá, capital do mato Grosso. Tais situações aberrantes são consideradas “normais” neste Brasil que se orgulha de estar entre as potências económicas emergentes...
Com freqüência os inquéritos das empresas privadas para quem se candidata a empregos por elas providenciados inclui a pergunta “qual a sua religião?” Todos sabem que não têm a menor hipótese de serem empregues se não seguirem a mesma doutrina supersticiosa dos administradores/donos dessas empresas. Que eu saiba, isto é ilegal, mas quase impossível provar este tipo de descriminação pois jamais é assumida (então deveria ser proibido fazer a maldita pergunta).
domingo, março 21, 2010
Elogio aos Cínicos, Epicuristas e Hereges
Se a memória não me trai, em Portugal os dicionários dão-nos uma definição de “cínico” que nos remete para alguém que, à laia do método cartesiano, é extremamente céptico, pirrónico, com uma certa dose de rebeldia.
No Brasil, por via popular, essa palavra evoluiu para se tornar num adjectivo usado até à exaustão na designação de variados comportamentos imorais e socialmente condenados. O desprezo que os verdadeiros cínicos tinham pelas convenções sociais fez com que os baluartes da “moral e dos bons costumes” se empenhassem em transformar a palavra “cínico” num oprobioso sinónimo de “desavergonhado; impudico; obsceno; inconveniente,...” Mas o mais provável é que escutemos os brasileiros recorrerem ao conceito maldito quando se referem a pessoas consideradas falsas, mentirosas, dissimuladas, hipócritas.
Por influência da merda das telenovelas brasileiras, os portugueses têm vindo a adotar esta definição espúria.
Como os valores defendidos pelos cínicos chocavam de frente com os interesses estabelecidos, a evolução da palavra foi marcada pelo estigma do preconceito, à semelhança do que aconteceu, sob influência da Igreja, com a palavra “heresia” (que originalmente apenas significava “escolha; livre arbítrio” – algo que a Igreja jamais tolerou), ou, até por via erudita, com o epicurismo.
Actualmente “ímpio” é tanto sinónimo de “descrente, incrédulo, herege”, como de “cruel, bárbaro, desumano”...
Se querem ver um brasileiro perder as estribeiras e, no seu fanatismo ignorante, correr atrás de vocês com um martelo e pregos para vos crucificar, é só declararem que Jesus Cristo foi um cínico.
Os cínicos poderão ter influenciado Jesus Cristo, ou a construção do seu mito (que é uma súmula de vários outros mitos sacrossantos), uma vez que, ainda no início da Era Cristã, os seguidores desse movimento revolucionário eram comuns no Mediterrâneo Oriental.
A palavra cínico provém do grego Kyon (cyon, para os romanos), que significa cão; neste caso, referia-se concretamente aos cães vadios que abundavam nas cidades, e serviram de inspiração aos cínicos. Estes eram ascetas radicais que professavam e praticavam o total desprendimento. Mostravam um desprezo olímpico pelas convenções e instituições (incluindo a família), assim como pelo dinheiro e outros símbolos de poder mundano.
Também tinham pouco apreço pela higiene e aparência; usavam os cabelos longos e desgrenhados. Caminhavam descalços. Sem morada própria, possuíam apenas o manto que os cobria. Para eles, a honestidade era a mãe de todas as virtudes e o requisito principal para alcançarmos a felicidade. Propunham-se viver em conformidade com a natureza, o que não os impedia de se empenharem em “latir” contra os abusos das autoridades e de toda a elite que, através da coerção e do embuste, mantinham os seus privilégios baseados nas injustiças sociais. Os cínicos não se envolviam nos jogos políticos de acordo com as regras estipuladas (e viciadas) por aqueles que eram o principal alvo das suas contundentes e verrumantes críticas. A sua luta era tão pacífica quanto corajosa, disseminando idéias subversivas pelas classes desfavorecidas, cara a cara. Era uma boa forma de arranjarem sarilhos...
Antístenes (444-356 a.C.), de Atenas, foi um dos principais mentores deste movimento. Mas o filósofo Diógenes (412-323 a.C.) , de Sínope, tornou-se o cínico mais famoso. Duas estórias (meras lendas?) o definem de forma deliciosamente humorística.
Consta que quando questionado sobre o segredo da sua estóica / espartana resistência aos apelos e fraquezas da carne, ele masturbou-se em público. Terminado, retorquiu: “se ao menos eu pudesse matar a fome esfregando a barriga...”
Noutra ocasião, estava ele a dormitar ao sol quando foi visitado por não menos do que Alexandre, O Grande. O general macedónico declarou a sua admiração pelo mestre dos cínicos, e na sua prepotência magnânima, ofereceu-se para satisfazer qualquer pedido de Diógenes. Este, mostrando um ligeiro enfado por Alexandre lhe estar a fazer sombra, declarou: ”podes devolver-me o sol.”
De um modo geral (por ora colocando de lado as aberrantes contradições), nos evangelhos canónicos, a mensagem de Cristo é mais consensual do que a dos cínicos, pois prega a comensalidade sem provocar grandes abalos reestruturantes no sistema de classes vigente (não deixando de mostrar o seu pessimismo quanto à integridade moral e salvação espiritual dos ricos, afirmando que seria menos difícil uma corda passar no buraco de uma agulha, do que um rico entrar no seu reino celeste), relegando para um mundo sobrenatural comandado pela Divina Trindade as aspirações aparentemente igualitárias (proto-socialistas?! Nem por isso).
Jesus terá reagido violentamente contra a comercialização da religião, desafiando as autoridades rabínicas, notoriamente corruptas e sectárias. Até o baptismo que Jesus adoptou do seu mestre João Baptista foi um movimento subversivo que desafiava o monopólio da “redenção” centralizado no templo de Jerusalém. Só os judeus com recursos para poder ficar nessa cidade, e adquirirem os animais para imolar em nome de Jeová, poderiam auferir dessa “purificação espiritual”.
O baptismo era uma alternativa barata e até ecológica, atalhando para a união com o divino ao alcance de qualquer um. Os primos João e Jesus pareciam defender o desenvolvimento de vínculos espirituais tão holísticos quanto idiossincráticos, manifestando-se através de uma espontaneidade devota e piedosa que dispensa mediações institucionais entre o homem e o sagrado. Assim, todas as pessoas poderiam ser consideradas parcelas do sagrado – mas só seriam dignas dessa benção através da aceitação incondicional de certos preceitos e rituais religiosos. (O evangelho apócrifo de Tomé aponta um caminho herético, marcando claramente a posição de que não apenas Jesus era filho de deus; qualquer homem o pode ser, bastando para tal desenvolvermos a espiritualidade, entendida como o melhor investimento que Jeová fez em nós; uma benção inata. Tal nos salvará. Neste contexto, podemos ter acesso directo a deus sem passar pela intermediação hierárquica imposta pelos sacerdotes e os seus templos; quiçá até sem necessitarmos de Jesus...)
O profeta andarilho da Galileia, tal como nos é retractado na bíblia (o único registo “histórico” que atesta a sua possível existência), até que poderia corresponder à figura de um rebelde cínico, indómito perante os poderes instituídos; agitador de consciências oprimidas; defensor de um movimento social avesso tanto às normas tanto do império romano como da ortodoxia judaica, fazendo da aceitação pluralista pelos cultos religiosos (?), do pacifismo humanista e solidário (?), da humildade, da pobreza voluntária e da integridade entre o discurso e a acção pontos de honra.
“Agradece à natureza ter tornado fácil alcançar o essencial e custoso obter o desnecessário”_ Epicuro
“Os deuses nada necessitam; e as pessoas que mais se lhes assemelham, pouca coisa.” – Diógenes
Avesso a hierarquias rígidas, instituições autoritárias, cartilhas, dogmas, bem como a demagogia prepotente dos políticos, Epicuro (341-272 a.C.) decidiu fundar uma escola própria – chamada O Jardim -, onde ele e os seus amigos viviam valores comunais e libertários. Eram frugais e desprendidos. A sua insubmissão impressionava pela ausência de agressividade, optando pela candura álacre e pelo respeito mútuo e a interajuda. Gostavam de prazeres simples e associavam o prazer ao bem. Epicuro elegia a amizade como o maior prazer.
De vez em quando, Epicuro levava ao mercado os seus discípulos para que estes se sentissem agraciados por não necessitarem de tantas coisas à venda (e isto numa época em que a maioria dos produtos comercializados eram bens de primeira necessidade), e aconselhava-os a manterem-se longe da turba, a fim de conservarem a estabilidade emocional, a integridade moral e a capacidade de pensarem com clareza (preconizando a demofobia, não a misantropia).
Um dos pilares do seu sistema filosófico é que a aponia conduz à ataraxia. Através do autoconhecimento bem como pela observação dos outros animais, acreditavam que o homem possui um impulso inato para fugir à dor e procurar a felicidade. A seu ver, as “dores da alma” resultariam da insatisfação dos desejos. Neste aspecto, Epicuro aproximou-se da filosofia e métodos meditativos preconizados por Buda e outros mestres orientais. Defendia o auto-controlo e a capacidade de esvaziar a mente de tudo o que pudesse causar sofrimento (incluindo as paixões e a pena). A filosofia deveria um método suficiente para aplacar as angústias e outras insatisfações intelectuais/espirituais.
A filosofia epicurista não deve ser confundida com o hedonismo.
Os mais conservadores (basicamente, todos os que julgam possuir uma parcela do poder instituído, tudo fazendo para conservarem as estruturas sociais que lhes são favoráveis) costumam cumular de conotações depreciativas certos movimentos culturais contestatários, ao ponto de as suas designações oficiais se tornarem sinónimos de ofensas, de anátemas preconceituosos. Tal como a Igreja Católica durante o período Patrístico (do séc. I a.C. ao séc. VIII d.C.) se empenhou em denegrir os símbolos dos cultos pagãos da natureza e do sagrado feminino associando-os ao demónio. Com a passagem do tempo, esses termos ganham mais do que uma nova roupagem, mas uma nova identidade semântica. Isto tanto acontece por vox populi/via popular, como por via erudita. Assim, o adjectivo” epicurista” é utilizado para designar os bon vivan, dados à luxúria e à libertinagem. (Para não ser injusto com a Igreja e a burguesia, devo referir que até os contemporâneos dos epicuristas – apodados de “os filósofos do prazer” - por vezes faziam essa confusão.) Tais interpretações nada têm que ver com o que defendiam as correntes filosóficas protagonizadas por Epicuro, Antístenes (444-365 a.C.) e Diógenes (400-325 a.C.), respectivamente.
Até Pablo Neruda, no seu livro “Confesso que Vivi”, caiu nesse disparate semântico quando, ao descrever um banquete, que se supõe luculento e pantagruélico, utilizou o adjectivo “epicurista”.
Eis uma das citações de Epicuro que melhor ilustram esse mal-entendido irónico:
«Portanto, o hábito de um alimento simples e de modo nenhum refinado,de um lado confere saúde, do outro torna o homem alegre nas ocupações necessárias da vida, e se nós nos aproximamos, de vem em quando, a um teor de vida sumptuoso, nos dispomos melhor em relação a ele, e ficamos sem medo do destino. (...) Com efeito, não são os simpósios ou os banquetes contínuos, o aproveitar de jovenzinhos e mulheres, ou o peixe e tudo o que pode oferecer uma rica mesa que levam a uma existência feliz, e sim uma límpida capacidade de raciocínio que esteja consciente de cada aceitação e de cada rejeição, e elimine a vacuidade das opiniões, pelas quais a pior das perturbações surpreende a alma.» (........................)
Embora não tenha conseguido banir da sua dieta os produtos de origem animal, Epicuro favorecia a alimentação vegetariana.
Os epicuristas pretendiam saber a diferença entre desejos naturais e desejos frívolos. Um homem moderado deverá resistir tranquilamente às tentações hedonistas, fúteis, irresponsáveis e degradantes, que não conduzem à verdadeira felicidade até porque se tornam viciantes e insaciáveis.
Mesmo não procurando a renúncia total (e antinatural) dos desejos, procurava o equilíbrio psicofísico na satisfação imediata, mas disciplinada, das necessidades reais; os desejos mais naturais e fundamentais à natureza humana. Os homens poderiam e deveriam ser felizes recusando os excessos que são sempre danosos para o corpo e a alma. Para tal, precisam ter um profundo conhecimento da sua natureza, reconhecendo que a saúde é o principal reflexo do equilíbrio prazenteiro. A liberdade de escolha é fundamental para alcançar esses desideratos.
PB
Caros amigos,
Em poucos dias, dois governos africanos vão tentar enfraquecer a proibição mundial do comércio de marfim -- essa decisão pode acabar com toda a população de elefantes e colocar estes animais mais próximos da extinção.
A Tanzania e a Zâmbia estão fazendo lobby junto à ONU para conseguirem exceções à proibição. Se isto acontecer, os traficantes de marfim verão que a proteção mundial está enfraquecida e que a temporada de caça está aberta. Outros países africanos são contra o fim desta lei e estão propondo uma extensão dela por mais 20 anos.
Nossa melhor chance de salvar os últimos elefantes do continente africano é apoiando os conservacionistas da África. Nós temos poucos dias e a reunião do Grupo de Espécies em Extinção da ONU só se reúne de 3 em 3 anos. Clique abaixo para assinar a petição urgente pela proteção dos elefantes e encaminhe esse email para que possamos entregar milhares de assinaturas na reunião:
http://www.avaaz.org/po/protect_the_elephants/?vl
Há mais de 20 anos, a Convenção do Comércio a Espécies em Extinção (CITES) estabeleceu uma proibição mundial ao comércio de marfim. A caça ilegal para fins comerciais foi abolida e os preços do marfim subiram. O pouco policiamento e a vontade de reverter esta lei por países como a Tanzania e a Zâmbia, fizeram com que o comércio ilegal desse material se tornasse lucrativo .
Mesmo com a proibição mundial, mais de 30.000 elefantes são mortos todo ano e seus dentes arrancados com machados e moto serras por caçadores ilegais. Caso a Tanzania e a Zâmbia consigam reverter esta lei, a situação vai ficar ainda pior.
Nós temos uma chance única esta semana, podendo prorrogar a proibição e reprimir a caça ilegal, antes que se percam ainda mais elefantes -- assine a petição agora e encaminhe esta mensagem para todos que você conhece:
http://www.avaaz.org/po/protect_the_elephants/?vl
Em diferentes culturas do mundo e através da nossa história, elefantes são reverenciados por religiões e despertam o nosso imaginário com personagens como Babar e Dumbo. No entanto, atualmente, esta lindas e inteligentes criaturas estão sendo aniquiladas.
Enquanto houver demanda por marfim, a caça ilegal para fins comercias continuará a existir. Nós podemos proteger estes animais e acabar com os lucros desta indústria criminosa -- Assine a petição agora:
http://www.avaaz.org/po/protect_the_elephants/?vl
Com esperança,
Alice, Iain, Raluca, Graziela, Paul, Luis, Paula Benjamin, David, Ben e toda a equipe Avaaz
Mais informações:
Tanzânia e Zâmbia acusadas de laxismo na protecção de elefantes:
http://br.noticias.yahoo.com/s/18022010/24/economia-negocios-elefantes-uniao-europeia-dando.html
Elefantes: a União Europeia está dando luz verde para novos massacres?:
http://www.portalangop.co.ao/motix/pt_pt/noticias/africa/2010/1/7/Tanzania-Zambia-acusadas-laxismo-proteccao-elefantes,a41d14cd-c38e-4a1f-8d49-ab4d589ebcc7.html
O paradoxo de Epicuro:
Para Deus e o Mal continuarem existindo ao mesmo tempo é necessário que Deus não tenha uma das três caracteristicas.
Se for omnipotente e omnisciente, então tem conhecimento de todo o Mal e poder para acabar com ele, ainda assim não o faz. Então Ele não é Bom.
Se for omnipotente e benevolente, então tem poder para extingir o Mal e quer fazê-lo, pois é Bom. Mas não o faz, pois não sabe o quanto Mal existe , e onde o Mal está. Então Ele não é omnisciente.
Se for omnisciente e Bom, então sabe de todo o Mal que existe e quer mudá-lo. Mas isso elimina a possibilidade de ser omnipotente, pois se o fosse erradicava o Mal. E se Ele não pode erradicar o Mal, então porquê chama-lo de Deus ?
sábado, março 20, 2010
Seguindo a carneirada, fui ver o filme “Avatar”. Aqui ficam umas breves considerações sobre esse “block buster”.
O filme é uma óbvia alegoria à situação que ainda enfrentam os povos tribais. Parece uma versão alienígena (pouco imaginativa para uma obra de ficção científica) e digitalmente engalanada do “Danças com Lobos”, onde o herói, como não poderia deixar de ser, provém do mundo civilizado/industrializado e é branco (apesar de se azular num híbrido fruto da engenharia genética). Desta feita, o cowboy espacial é menos fundamentalista e mais jovial (para além de ter a voz mais sexy) do que o Rambo (namorando com os mujahedin), mas igualmente estúpido e mortífero. Aparentemente, isso torna-o muito especial... (porque a sua inquestionável coragem também a possuía de sobra o povo tribal que o acolheu)
Sempre a mesma fórmula. Impressiona a quantidade de clichés que o director juntou. É ainda a consumação da fantasia tecnófila (cheia de inconsistências) de Timothy Leary e quejandos, contribuindo para que uma crescente horda de alienados e infantilizados acredite que os mundos desenhados pelos computadores são mais interessantes do que a realidade da qual se divorciaram para se entregar ao consumismo egoísta, fútil, irresponsável, parasitário... Posso apostar que os fãs passarão anos (claro que tamanho êxito de bilheteiras terá sequências) a discutir minudências (ex.: porque os humanóides azuis têm 4 dedos nas mãos e 5 nos pés); tentando dominar a língua inventada por James Cameron (sem dominarem minimante as línguas maternas); e até discutindo sobre a “biologia” das criaturas silvestres do planeta Pandora, assim como sobre o modo de vida dos Na`vi , pouco se importando sobre as espécies e os povos - reais e em sérios apuros! - que lhes serviram de inspiração.
O ponto de partida da trama é o mais absurdo axioma capitalista-imperialista que sustenta que, mesmo tendo sido exauridos os recursos naturais (é bem triste ver a natureza só nestes moldes) da Terra (“todo o verde foi destruído”, informam-nos), a elite detentora do dinheiro e da mais poderosa tecnologia pode prosperar e até levar a cabo a empreitada de ir saquear outros planetas longínquos. A velha ambição da Europa a cavalo das religiões abraâmicas, extrapolando a expansão ultramarina para o espaço sideral...
Pelo menos o papel dos nativos foi melhorado desde os pretos que o Tarzan desancava...
Cameron provavelmente até é bem intencionado quanto à mensagem principal que quis transmitir com este filme, mas daí a se ter tornado uma estrela (ao lado de Al Gore) de ventos mediáticos subordinados à ecologia, é demais! Não dá para engolir essa pastilha.
Enfim, trata-se de bom entretenimento, e eu não passo de um chato do cacete. Devo até admitir que, se a principal garota alienígena do filme existisse, deixar-me-ia preso pelo beicinho... hehehe
O que erradamente chamamos de “conservação da natureza”, é, no fundo, a preservação do mundo tal como o conhecemos e, em última instância, a sobrevivência da nossa espécie. Este planeta já sobreviveu a pelo menos 5 vagas de extinção em massa. Actualmente vivemos a sexta, cuja principal originalidade é a de ser causada por uma espécie – nós. A capacidade da vida se adaptar e progredir, gerando novos seres, é assombrosa! No que concerne à biocenose, a partir de um pacote de informações genéticas universais, natureza vai ensaiando um número quase infindável de variações. As criaturas daí resultantes, interagindo entre si e com o meio ambiente, procuram ocupar todos os nichos ecológicos disponíveis. Após a nossa extinção, a natureza irá continuar e recuperar (o que não quer dizer necessariamente que o sentido adotado seja o da máxima complexidade dos seres) – mas com uma composição que poderá ser tão diversa que dificilmente a poderíamos reconhecer, se nos fosse possível espreitar para um futuro longínquo.
terça-feira, março 09, 2010
.Sarah James, la voz de la naturaleza salvaje de Alaska
La representante del pueblo Gwich’in presenta las pruebas de que el calentamiento global es ya muy real en el Ártico.
Texto: Carlos Fresneda Foto: Isaac Hernández
Es la voz de la nación del caribú. Pertenece a los Gwich’in, la tribu india más septentrional del continente americano, y desde hace 20 años recorre el mundo para alertar contra los peligros que acechan su hábitat, el Refugio de Vida Silvestre del Ártico. En la actualidad, éste se encuentra cercado por una doble amenaza: las prospecciones de petróleo y el cambio climático.
Sarah James, de 65 años, recibió en 2002 el Goldman Prize, considerado como el Nobel del Medio ambiente, en la categoría de activismo ambiental, y en los últimos meses se ha sumado a la iniciativa Conversaciones con la Tierra, que recoge las experiencias y los testimonios de los pueblos indígenas ante el cambio climático: desde Alaska hasta Guinea Nueva Papúa, pasando por Perú, Camerún o Filipinas.
Fue en Alaska, precisamente, donde los pueblos indígenas celebraron su propia cumbre, adelantándose a Copenhague y reclamando a los países industrializados una acción directa y urgente para disminuir las emisiones y paliar los efectos cada vez más palpables del calentamiento global.
Sarah James trajo directamente el mensaje a la cumbre de los Bioneros, celebrada a finales de año en la bahía de San Francisco. Allí conmovió a los más de 2.000 asistentes haciendo un llamamiento al encuentro necesario entre los pueblos indígenas y la cultura occidental. Se despidió, eso sí, reescribiendo la famosa regla de las tres erres con un airón combativo: “Reduce, Reuse, Recycle… Refuse” (“Reducir, Reutilizar, Reciclar… Rechazar”).
"No quieren oir"Pueblos indígenas
"No quieren oir"
¿Qué le diría usted a alguien que no cree en el cambio climático?
Hay gente que prefiere ser ignorante. Y hay también mucha gente acomodada capaz de cualquier cosa con tal de no cambiar. No quieren oír, prefieren taparse los ojos antes de admitir la realidad y pensar que ellos tienen parte de responsabilidad en lo que está ocurriendo. El calentamiento global es muy real en el Ártico. Mi pueblo, los Gwich’in, lleva más de 10.000 años en esas tierras y nunca ha habido constancia de nada parecido. Los ancianos lo llevan advirtiendo desde hace tiempo. Ellos mismos están muy confusos y alarmados porque ven peligrar nuestro hábitat.
Su pueblo, la Aldea del Ártico, queda al sur del refugio, en la otra punta de donde viven los inuit de Kaktovik. ¿Qué efectos concretos están notando?
Somos la nación del caribú porque desde tiempos inmemoriales seguimos sus rutas migratorias y son la base de nuestro sustento alimenticio. Y también nuestra fuente espiritual. Todo en nuestra cultura, desde las danzas, hasta las canciones o la ropa, gira alrededor del caribú. Pues bien, el número de cabezas se ha reducido casi a la mitad: de 189.000 a poco más de 100.000 en los dos últimos años. El pasado verano tuvimos un gran incendio durante meses. El fuego está acabando con el forraje del que se nutren los caribús. El 75% de nuestra dieta son los animales salvajes, y están desapareciendo ante nuestros ojos. Se les ve tremendamente desorientados. El sur está subiendo hacia el norte y en muchas partes de Alaska se está derritiendo el permafrost (la capa permanentemente helada). Pueblos enteros en la costa están desapareciendo. Estamos perdiendo lagos, sufrimos sequías prolongadas, los bancos de peces están menguando de manera preocupante…
Usted se refiere habitualmente al Refugio del Ártico como el único lugar del mundo en el que se encuentran osos polares, pardos y negros.
Sí, y precisamente los osos polares podrían ser los más afectados, no sólo por el cambio climático, sino por los planes para perforar esa tercera parte de la costa del Ártico que está protegida, pero tan sólo temporalmente. Nuestra nación tomó una decisión en 1988 y es la de oponernos a eso que en Occidente llaman “desarrollo” en nuestras tierras y, más en concreto, a las perforaciones petrolíferas.
¿Tienen esperanzas de lograr la protección definitiva con el presidente Obama en la Casa Blanca?
Obama es nuestra gran esperanza, sí. Ha abierto las puertas de su Administración a nuestros representantes y se ha mostrado sensible a las demandas de los pueblos indígenas. Esperamos que entienda que nuestra vida depende de la protección de estas tierras. La pérdida del caribú sería como la pérdida del búfalo, que hace más de un siglo significó acabar con muchas culturas indígenas en el oeste. Tenemos el derecho a ser quienes somos. Dios nos dio ese derecho y nadie puede arrebatárnoslo. Queremos que se reconozca la preservación de nuestros hábitats como un derecho humano.
¿Qué pueden esperar los pueblos indígenas de la cumbre de Copenhague?
No vamos a tener ningún poder de decisión, pero espero que, al menos, nos escuchen y que tengan en cuenta nuestras demandas. La lucha contra el cambio climático es la lucha por nuestra propia supervivencia. Los pueblos indígenas, que no hemos contribuido al problema, somos, precisamente, los más vulnerables porque estamos en primera línea de fuego. Pero no somos perfectos, ni ustedes, los occidentales, tampoco. Nuestras dos culturas tienen cosas buenas y cosas malas, y podemos aprender los unos de los otros. Necesitamos encontrar un camino común por el que podamos avanzar juntos hacia un mundo mejor. Lo que está claro es que no podemos vivir como hasta ahora. Hay que hacer la transición hacia un estilo de vida más respetuoso con la naturaleza. No podemos tener la paz sin un aire limpio, sin un agua limpia.
La representante del pueblo Gwich’in presenta las pruebas de que el calentamiento global es ya muy real en el Ártico.
Texto: Carlos Fresneda Foto: Isaac Hernández
Es la voz de la nación del caribú. Pertenece a los Gwich’in, la tribu india más septentrional del continente americano, y desde hace 20 años recorre el mundo para alertar contra los peligros que acechan su hábitat, el Refugio de Vida Silvestre del Ártico. En la actualidad, éste se encuentra cercado por una doble amenaza: las prospecciones de petróleo y el cambio climático.
Sarah James, de 65 años, recibió en 2002 el Goldman Prize, considerado como el Nobel del Medio ambiente, en la categoría de activismo ambiental, y en los últimos meses se ha sumado a la iniciativa Conversaciones con la Tierra, que recoge las experiencias y los testimonios de los pueblos indígenas ante el cambio climático: desde Alaska hasta Guinea Nueva Papúa, pasando por Perú, Camerún o Filipinas.
Fue en Alaska, precisamente, donde los pueblos indígenas celebraron su propia cumbre, adelantándose a Copenhague y reclamando a los países industrializados una acción directa y urgente para disminuir las emisiones y paliar los efectos cada vez más palpables del calentamiento global.
Sarah James trajo directamente el mensaje a la cumbre de los Bioneros, celebrada a finales de año en la bahía de San Francisco. Allí conmovió a los más de 2.000 asistentes haciendo un llamamiento al encuentro necesario entre los pueblos indígenas y la cultura occidental. Se despidió, eso sí, reescribiendo la famosa regla de las tres erres con un airón combativo: “Reduce, Reuse, Recycle… Refuse” (“Reducir, Reutilizar, Reciclar… Rechazar”).
"No quieren oir"Pueblos indígenas
"No quieren oir"
¿Qué le diría usted a alguien que no cree en el cambio climático?
Hay gente que prefiere ser ignorante. Y hay también mucha gente acomodada capaz de cualquier cosa con tal de no cambiar. No quieren oír, prefieren taparse los ojos antes de admitir la realidad y pensar que ellos tienen parte de responsabilidad en lo que está ocurriendo. El calentamiento global es muy real en el Ártico. Mi pueblo, los Gwich’in, lleva más de 10.000 años en esas tierras y nunca ha habido constancia de nada parecido. Los ancianos lo llevan advirtiendo desde hace tiempo. Ellos mismos están muy confusos y alarmados porque ven peligrar nuestro hábitat.
Su pueblo, la Aldea del Ártico, queda al sur del refugio, en la otra punta de donde viven los inuit de Kaktovik. ¿Qué efectos concretos están notando?
Somos la nación del caribú porque desde tiempos inmemoriales seguimos sus rutas migratorias y son la base de nuestro sustento alimenticio. Y también nuestra fuente espiritual. Todo en nuestra cultura, desde las danzas, hasta las canciones o la ropa, gira alrededor del caribú. Pues bien, el número de cabezas se ha reducido casi a la mitad: de 189.000 a poco más de 100.000 en los dos últimos años. El pasado verano tuvimos un gran incendio durante meses. El fuego está acabando con el forraje del que se nutren los caribús. El 75% de nuestra dieta son los animales salvajes, y están desapareciendo ante nuestros ojos. Se les ve tremendamente desorientados. El sur está subiendo hacia el norte y en muchas partes de Alaska se está derritiendo el permafrost (la capa permanentemente helada). Pueblos enteros en la costa están desapareciendo. Estamos perdiendo lagos, sufrimos sequías prolongadas, los bancos de peces están menguando de manera preocupante…
Usted se refiere habitualmente al Refugio del Ártico como el único lugar del mundo en el que se encuentran osos polares, pardos y negros.
Sí, y precisamente los osos polares podrían ser los más afectados, no sólo por el cambio climático, sino por los planes para perforar esa tercera parte de la costa del Ártico que está protegida, pero tan sólo temporalmente. Nuestra nación tomó una decisión en 1988 y es la de oponernos a eso que en Occidente llaman “desarrollo” en nuestras tierras y, más en concreto, a las perforaciones petrolíferas.
¿Tienen esperanzas de lograr la protección definitiva con el presidente Obama en la Casa Blanca?
Obama es nuestra gran esperanza, sí. Ha abierto las puertas de su Administración a nuestros representantes y se ha mostrado sensible a las demandas de los pueblos indígenas. Esperamos que entienda que nuestra vida depende de la protección de estas tierras. La pérdida del caribú sería como la pérdida del búfalo, que hace más de un siglo significó acabar con muchas culturas indígenas en el oeste. Tenemos el derecho a ser quienes somos. Dios nos dio ese derecho y nadie puede arrebatárnoslo. Queremos que se reconozca la preservación de nuestros hábitats como un derecho humano.
¿Qué pueden esperar los pueblos indígenas de la cumbre de Copenhague?
No vamos a tener ningún poder de decisión, pero espero que, al menos, nos escuchen y que tengan en cuenta nuestras demandas. La lucha contra el cambio climático es la lucha por nuestra propia supervivencia. Los pueblos indígenas, que no hemos contribuido al problema, somos, precisamente, los más vulnerables porque estamos en primera línea de fuego. Pero no somos perfectos, ni ustedes, los occidentales, tampoco. Nuestras dos culturas tienen cosas buenas y cosas malas, y podemos aprender los unos de los otros. Necesitamos encontrar un camino común por el que podamos avanzar juntos hacia un mundo mejor. Lo que está claro es que no podemos vivir como hasta ahora. Hay que hacer la transición hacia un estilo de vida más respetuoso con la naturaleza. No podemos tener la paz sin un aire limpio, sin un agua limpia.
The Rise of Disaster Capitalism lookout
By Naomi Klein
This article appeared in the May 2, 2005 edition of The Nation.
April 14, 2005
summer, in the lull of the August media doze, the Bush Administration's doctrine of preventive war took a major leap forward. On August 5, 2004, the White House created the Office of the Coordinator for Reconstruction and Stabilization, headed by former US Ambassador to Ukraine Carlos Pascual. Its mandate is to draw up elaborate "post-conflict" plans for up to twenty-five countries that are not, as of yet, in conflict. According to Pascual, it will also be able to coordinate three full-scale reconstruction operations in different countries "at the same time," each lasting "five to seven years."
\..Fittingly, a government devoted to perpetual pre-emptive deconstruction now has a standing office of perpetual pre-emptive reconstruction.
Gone are the days of waiting for wars to break out and then drawing up ad hoc plans to pick up the pieces. In close cooperation with the National Intelligence Council, Pascual's office keeps "high risk" countries on a "watch list" and assembles rapid-response teams ready to engage in prewar planning and to "mobilize and deploy quickly" after a conflict has gone down. The teams are made up of private companies, nongovernmental organizations and members of think tanks--some, Pascual told an audience at the Center for Strategic and International Studies in October, will have "pre-completed" contracts to rebuild countries that are not yet broken. Doing this paperwork in advance could "cut off three to six months in your response time."
The plans Pascual's teams have been drawing up in his little-known office in the State Department are about changing "the very social fabric of a nation," he told CSIS. The office's mandate is not to rebuild any old states, you see, but to create "democratic and market-oriented" ones. So, for instance (and he was just pulling this example out of his hat, no doubt), his fast-acting reconstructors might help sell off "state-owned enterprises that created a nonviable economy." Sometimes rebuilding, he explained, means "tearing apart the old."
Few ideologues can resist the allure of a blank slate--that was colonialism's seductive promise: "discovering" wide-open new lands where utopia seemed possible. But colonialism is dead, or so we are told; there are no new places to discover, no terra nullius (there never was), no more blank pages on which, as Mao once said, "the newest and most beautiful words can be written." There is, however, plenty of destruction--countries smashed to rubble, whether by so-called Acts of God or by Acts of Bush (on orders from God). And where there is destruction there is reconstruction, a chance to grab hold of "the terrible barrenness," as a UN official recently described the devastation in Aceh, and fill it with the most perfect, beautiful plans.
"We used to have vulgar colonialism," says Shalmali Guttal, a Bangalore-based researcher with Focus on the Global South. "Now we have sophisticated colonialism, and they call it 'reconstruction.'"
It certainly seems that ever-larger portions of the globe are under active reconstruction: being rebuilt by a parallel government made up of a familiar cast of for-profit consulting firms, engineering companies, mega-NGOs, government and UN aid agencies and international financial institutions. And from the people living in these reconstruction sites--Iraq to Aceh, Afghanistan to Haiti--a similar chorus of complaints can be heard. The work is far too slow, if it is happening at all. Foreign consultants live high on cost-plus expense accounts and thousand- dollar-a-day salaries, while locals are shut out of much-needed jobs, training and decision-making. Expert "democracy builders" lecture governments on the importance of transparency and "good governance," yet most contractors and NGOs refuse to open their books to those same governments, let alone give them control over how their aid money is spent.
Three months after the tsunami hit Aceh, the New York Times ran a distressing story reporting that "almost nothing seems to have been done to begin repairs and rebuilding." The dispatch could easily have come from Iraq, where, as the Los Angeles Times just reported, all of Bechtel's allegedly rebuilt water plants have started to break down, one more in an endless litany of reconstruction screw-ups. It could also have come from Afghanistan, where President Hamid Karzai recently blasted "corrupt, wasteful and unaccountable" foreign contractors for "squandering the precious resources that Afghanistan received in aid." Or from Sri Lanka, where 600,000 people who lost their homes in the tsunami are still languishing in temporary camps. One hundred days after the giant waves hit, Herman Kumara, head of the National Fisheries Solidarity Movement in Negombo, Sri Lanka, sent out a desperate e-mail to colleagues around the world. "The funds received for the benefit of the victims are directed to the benefit of the privileged few, not to the real victims," he wrote. "Our voices are not heard and not allowed to be voiced."
But if the reconstruction industry is stunningly inept at rebuilding, that may be because rebuilding is not its primary purpose. According to Guttal, "It's not reconstruction at all--it's about reshaping everything." If anything, the stories of corruption and incompetence serve to mask this deeper scandal: the rise of a predatory form of disaster capitalism that uses the desperation and fear created by catastrophe to engage in radical social and economic engineering. And on this front, the reconstruction industry works so quickly and efficiently that the privatizations and land grabs are usually locked in before the local population knows what hit them. Kumara, in another e-mail, warns that Sri Lanka is now facing "a second tsunami of corporate globalization and militarization," potentially even more devastating than the first. "We see this as a plan of action amidst the tsunami crisis to hand over the sea and the coast to foreign corporations and tourism, with military assistance from the US Marines."
As Deputy Defense Secretary, Paul Wolfowitz designed and oversaw a strikingly similar project in Iraq: The fires were still burning in Baghdad when US occupation officials rewrote the investment laws and announced that the country's state-owned companies would be privatized. Some have pointed to this track record to argue that Wolfowitz is unfit to lead the World Bank; in fact, nothing could have prepared him better for his new job. In Iraq, Wolfowitz was just doing what the World Bank is already doing in virtually every war-torn and disaster-struck country in the world--albeit with fewer bureaucratic niceties and more ideological bravado.
First Crusade: 1095 on command of pope Urban II.
Until January 1098 a total of 40 capital cities and 200 castles conquered (number of slain unknown) [WW30]
After 6/3/98 Antiochia (then Turkish) conquered, between 10,000 and 60,000 slain. 6/28/98 100,000 Turks (incl. women and children) killed. [WW32-35]
Here the Christians "did no other harm to the women found in [the enemy's] tents - save that they ran their lances through their bellies," according to Christian chronicler Fulcher of Chartres. [EC60]
Marra (Maraat an-numan) 12/11/98 thousands killed. Because of the subsequent famine "the already stinking corpses of the enemies were eaten by the Christians" said chronicler Albert Aquensis. [WW36]
Jerusalem conquered 7/15/1099 more than 60,000 victims (Jewish, Muslim, men, women, children). [WW37-40]
In the words of one witness: "there [in front of Solomon's temple] was such a carnage that our people were wading ankle-deep in the blood of our foes", and after that "happily and crying for joy our people marched to our Saviour's tomb, to honour it and to pay off our debt of gratitude."
The Archbishop of Tyre, eye-witness, wrote: "It was impossible to look upon the vast numbers of the slain without horror; everywhere lay fragments of human bodies, and the very ground was covered with the blood of the slain. It was not alone the spectacle of headless bodies and mutilated limbs strewn in all directions that roused the horror of all who looked upon them. Still more dreadful was it to gaze upon the victors themselves, dripping with blood from head to foot, an ominous sight which brought terror to all who met them. It is reported that within the Temple enclosure alone about ten thousand infidels perished."
Few ideologues can resist the allure of a blank slate--that was colonialism's seductive promise: "discovering" wide-open new lands where utopia seemed possible. But colonialism is dead, or so we are told; there are no new places to discover, no terra nullius (there never was), no more blank pages on which, as Mao once said, "the newest and most beautiful words can be written." There is, however, plenty of destruction--countries smashed to rubble, whether by so-called Acts of God or by Acts of Bush (on orders from God). And where there is destruction there is reconstruction, a chance to grab hold of "the terrible barrenness," as a UN official recently described the devastation in Aceh, and fill it with the most perfect, beautiful plans.
"We used to have vulgar colonialism," says Shalmali Guttal, a Bangalore-based researcher with Focus on the Global South. "Now we have sophisticated colonialism, and they call it 'reconstruction.'"
It certainly seems that ever-larger portions of the globe are under active reconstruction: being rebuilt by a parallel government made up of a familiar cast of for-profit consulting firms, engineering companies, mega-NGOs, government and UN aid agencies and international financial institutions. And from the people living in these reconstruction sites--Iraq to Aceh, Afghanistan to Haiti--a similar chorus of complaints can be heard. The work is far too slow, if it is happening at all. Foreign consultants live high on cost-plus expense accounts and thousand- dollar-a-day salaries, while locals are shut out of much-needed jobs, training and decision-making. Expert "democracy builders" lecture governments on the importance of transparency and "good governance," yet most contractors and NGOs refuse to open their books to those same governments, let alone give them control over how their aid money is spent.
Three months after the tsunami hit Aceh, the New York Times ran a distressing story reporting that "almost nothing seems to have been done to begin repairs and rebuilding." The dispatch could easily have come from Iraq, where, as the Los Angeles Times just reported, all of Bechtel's allegedly rebuilt water plants have started to break down, one more in an endless litany of reconstruction screw-ups. It could also have come from Afghanistan, where President Hamid Karzai recently blasted "corrupt, wasteful and unaccountable" foreign contractors for "squandering the precious resources that Afghanistan received in aid." Or from Sri Lanka, where 600,000 people who lost their homes in the tsunami are still languishing in temporary camps. One hundred days after the giant waves hit, Herman Kumara, head of the National Fisheries Solidarity Movement in Negombo, Sri Lanka, sent out a desperate e-mail to colleagues around the world. "The funds received for the benefit of the victims are directed to the benefit of the privileged few, not to the real victims," he wrote. "Our voices are not heard and not allowed to be voiced."
But if the reconstruction industry is stunningly inept at rebuilding, that may be because rebuilding is not its primary purpose. According to Guttal, "It's not reconstruction at all--it's about reshaping everything." If anything, the stories of corruption and incompetence serve to mask this deeper scandal: the rise of a predatory form of disaster capitalism that uses the desperation and fear created by catastrophe to engage in radical social and economic engineering. And on this front, the reconstruction industry works so quickly and efficiently that the privatizations and land grabs are usually locked in before the local population knows what hit them. Kumara, in another e-mail, warns that Sri Lanka is now facing "a second tsunami of corporate globalization and militarization," potentially even more devastating than the first. "We see this as a plan of action amidst the tsunami crisis to hand over the sea and the coast to foreign corporations and tourism, with military assistance from the US Marines."
As Deputy Defense Secretary, Paul Wolfowitz designed and oversaw a strikingly similar project in Iraq: The fires were still burning in Baghdad when US occupation officials rewrote the investment laws and announced that the country's state-owned companies would be privatized. Some have pointed to this track record to argue that Wolfowitz is unfit to lead the World Bank; in fact, nothing could have prepared him better for his new job. In Iraq, Wolfowitz was just doing what the World Bank is already doing in virtually every war-torn and disaster-struck country in the world--albeit with fewer bureaucratic niceties and more ideological bravado.
SD: The difficulties surround the occupation Iraq has deflected the U.S.'s attention away from other parts of the world, including Latin America. Recently, Venezuelan President Hugo Chavez and others such as Rafael Correa of Ecuador, Evo Morales of Bolivia, have been talking about regional trade agreements such as ALBA and, in the case of Venezuela, aid packages that are supposedly designed to actually benefit local populations as opposed to transnational companies. Critics claim that these policies are a) unsustainable, because they depend on revenues from Venezuela's oil wealth, and b) self serving for the government of Hugo Chavez. What is your response to these criticisms?
Noam Chomsky: It's very odd criticism in the first place. Are U.S. aid programs sustainable? No, not if there's a depression or even a recession. Furthermore, U.S. aid happens to be about the lowest relative to the economy of any advanced society so there isn't much of it in the first place and it also can be withdrawn at any time and often is.
As for doing it for self interest, what do you think other countries provide aid for? They're perfectly open about it. Sometimes, there's something done for altruistic reasons maybe by Norway, but overwhelmingly, aid is openly presented as "in our interest", not just by the U.S. but by Britain and France and others. It is part of general strategic policies of controlling whatever part of the world you can. So, if in fact Venezuela's doing it for that reason, that just says, "yeah, they're just like us". So whatever that is, it's not a criticism.
What are the reasons? Well, they're complicated. First of all, there's a background. For the first time in 500 years since the Spanish conquest Latin America--especially South America--is beginning to move towards some sort of integration. Actually it's a dual type of integration. Part of it is international integration meaning the countries are becoming more integrated with one another. The traditional structure in LA has been that each of the countries is primarily oriented towards Western imperial powers. So [economies are oriented toward trade with] Spain, and in recent years mostly the United States, not with one another. That's even true of the transportation systems. They're designed for export of resources abroad and import of luxury goods for the rich within.
There's a very clear contrast with East Asia. East Asia is resource poor, Latin America is resource rich. You would have expected Latin America to have rapid growth, not East Asia, but it didn't. One of the reasons is that Latin America adhered very rigorously to the neo-liberal policies of the last 25 years, the IMF World Bank policies, and those are basically offshoots of the U.S. Treasury department. They adhered to the rules and they suffered severely--most of the population that is. The rich sectors did ok. East Asia just disregarded the rules and followed the same kinds of programs that the rich countries themselves, including the U.S., had followed to gain their wealth and power. So East Asia grew, but in addition to that, if you look at say imports and exports, Latin America exported raw materials, which is low income basically, and imported luxury goods for the wealthy. East Asia imported capital goods and moved up the ladder of industrial progress and ended up exporting high technology goods.
SD: What do you mean by "capital goods"?
NC: Machine tools, things that you can use for producing commodities, electronics, bio-technology and so on. I mean those are the high-value exports, not rice. I mean for the U.S., rice is such a low value export that agribusiness has to get about 40% of its profit from U.S. government subsidies, provided primarily since the Reagan administration, as part of their efforts to undermine markets--they love rhetoric about markets, but they greatly dislike the concept applied to us. And the terms of trade tend to decline for commodities, you know there's variation, but they tend to decline for primary commodities as compared with high value goods like industrial exports. So [economists like to talk about] this notion called "comparative advantage", you should produce what you're good at, but the way countries develop is by rejecting that principle and acting in order to shift their comparative advantage.
So let's take the United States. 200 years ago the comparative advantage of the United States was exporting fish and fur, and maybe cotton, thanks to slavery. If the U.S. had followed the principles that are dictated to the poor countries, we'd be a sparsely populated, pretty poor country, exporting primary resources. Instead, the United States violated all of the rules--the rules of the economists and the neo-liberal principles. It imposed extremely high tariffs on imports from Britain, textiles at first, later steel and others, and it had the highest tariffs in the world, the highest protection in the world in the 19th century. As a result, it was able to shift its comparative advantage from primary resource exports to manufacturing, finally high-tech technology and so on, and that goes on right until today. Only the poor countries are supposed to follow the principles that economists dictate. In the United States there's a state sector of the economy, which is the core of high-technology advanced production. That's where computers come from, and the Internet, and lasers, and containers for trade; civilian aircraft are mostly an offshoot of the military industry, right now moving on to genetic engineering, bio-technology, pharmaceuticals, and so on. Research and development--which are the risky, costly parts of development--those costs are imposed on the public by funding through the state sector and development in the state sector. When there are profits to be made it's handed over to private corporations and that's the basic structure of the advanced economy.
That's one reason why the U.S. simply can't enter into the free trade agreement--it just doesn't accept market systems internally. So going back to East Asia and Latin America, Latin America followed the rules and became impoverished; East Asia ignored the rules, and was able to grow and develop pretty much the way the rich countries had themselves. So one form of integration in Latin America is integration of the societies with one another, although the alternative is the more far-reaching version of this, but there are others. And the second form of integration is internal. Latin America at last is beginning to do something, not much, but something about the internal fracturing of the societies, which is extreme. Each of those societies is characterized by a very wealthy small elite, and a huge impoverished mass. There's also a pretty close correlation to race. The wealthy elite tends to be the white, Europeanized part of the society; the huge impoverished mass tends to be the Mestizo, Indian, Black part of the society. Not a perfect correlation, but it's very noticeable. And that's beginning to be addressed, in large part as a result of the pressure of mass popular movements, which are very significant in Latin America now more than any other part of the world.
Writers and textbook publishers of American history have generally omitted or, if mentioned at all, glossed over historic accounts of genocide and inhumane treatment of American Indian populations. Had factual accounts of European colonization and Euro-American settling of the Americas existed, it is doubtful that the white population would have allowed these accounts to be placed on the bookshelves. One such factual account that does exist, and which virtually condemns a certain group of early colonists, is that of the 1637 Puritan annihilation of the Pequots in the Connecticut Valley. Over five hundred noncombatants, prisoners, and surrendering Pequots were murdered in the confrontation. The few who survived were sold off to other tribes or to plantations in the West Indies. The account reads:
In 1638, the Puritans and their Indian allies signed the Treaty of Hartford, which declared the Pequot nation dissolved. The spirit behind this genocide is encapsulated in the victory sermon of Increase Mather, a leading Puritan minister, who asked his congregation to thank God 'that on this day we have sent six hundred heathen souls to hell' (Chalk 1990:180).
From initial contact to present times, the white Judeo-Christian attitude toward American Indians has been one of superiority. Divine providence and manifest destiny allowed the immigrant Europeans to use whatever means possible to secure the Americas as their New World. The Puritans found help in their expansionist exploits when thousands of indigenous inhabitants succumbed to a smallpox epidemic in the early 1630s. The town records of Charlestown, Virginia, report that "without this remarkable and terrible stroke of God upon the natives, [we] would with much more difficulty have found room, and at far greater charge have obtained and purchased land" (Chalk 1990:185). The Puritan policy was God-directed and anyone who opposed the church opposed God.The original American Indian populations were demoralized, depressed, and severely reduced throughout the seventeenth century. The ever-expanding Euro-American contingent was hale and hearty and eager to conquer new frontiers and acquire more and more land. By 1700 the white population far outnumbered that of the American Indian. The Europeans' proclamation of sovereignty over North America was irreversible.
quinta-feira, março 04, 2010
Petição Contra a criação de uma secção de tauromaquia no Conselho Nacional de Cultura
Considerando que:
a) à luz da ciência actual, que reconhece os animais como seres capazes de sentir dor e prazer, torna-se ainda mais evidente aquilo que D. Maria II publicou em 1836 - que "as corridas de touros são um divertimento bárbaro e impróprio de Nações civilizadas" e que acabam por "impedir ou retardar o aperfeiçoamento moral da Nação Portuguesa";
b) segundo a Lei de Protecção aos Animais (Lei 92/95), "são proibidas todas as violências injustificadas contra animais", pelo que as actividades tauromáquicas são - ou deveriam ser - ilegais;
c) segundo um estudo realizado em 2007 pelo Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do ISCTE, a maioria da população portuguesa é contra a tauromaquia, sendo que 50% dos inquiridos manifesta-se mesmo a favor da sua proibição;
d) o progressivo abandono de tradições retrógradas e inadequadas não deve ser encarado de forma negativa, sendo, pelo contrário, aquilo que caracteriza a evolução das sociedades;
e) a existência de touradas no século XXI constitui um embaraço para Portugal perante a comunidade internacional;
f) cabe ao Estado, e nomeadamente ao Ministério da Cultura, promover e apoiar actividades culturais e artísticas que contribuam para a formação e o desenvolvimento pessoal e social dos cidadãos, não a crueldade para com os animais e o fomento da violência;
Vimos por este meio manifestar a nossa veemente oposição à alocação de dinheiros públicos à indústria tauromáquica, responsável por uma actividade cruel e bárbara, que nada tem a ver com cultura e que não se coaduna com o grau de evolução que desejamos para o nosso país.
Pretendemos por isso o cancelamento da anunciada secção de tauromaquia no Conselho Nacional de Cultura, bem como a suspensão de quaisquer apoios, directos ou indirectos, do Estado às actividades tauromáquicas, incluindo a sua transmissão pela televisão pública.
Os signatários ,...
Para assinar ir a
http://peticaopublica.com/PeticaoVer.aspx?pi=PETPPA
A cruzada para negar o aquecimento global
Enviado por Fabricio Fonseca, qua, 01/06/2010 - 15:08
Por Ladislau Dowbor *
Não há dúvidas sobre o aquecimento global, nem sobre o peso das atividades humanas na sua geração. No entanto, depois de dois anos de uma gigantesca campanha de mídia, envolvendo também a criação de ONGs fajutas e de movimentos aparentemente “grass-root”, portanto “espontâneas e comunitárias”, e sobre tudo listagens de cientístas “céticos” visando dar impressão de “quantidade”, temos resultados, e para os grupos do petróleo, do carvão e semelhantes, terá valido a pena. Segundo a revista britânica The Economist, a proporção de americanos que achavam existir evidências sólidas de aumento das temperaturas globais caiu de 71% em abril de 2008 para 57% em outubro de 2009 (Carta Capital, 16/12/2009, página 48)
O estudo de James Hoggan (Climate cover-up: The cruzade to deny global warming) não é sobre o clima, mas sobre comunicação, e consiste essencialmente em mapear como a campanha foi montada e como hoje funciona. A articulação é poderosa, envolvendo instituições conservadoras como o George C. Marshall Institute, o American Enterprise Institute (AEI), o Information Council for Environment (ICE), o Fraser Institute, o Competitive Enterprise Institute (CEI), o Heartland Institute, e evidentemente o American Petroleum Institute (API) e o American Coalition for Clean Coal Electricity (ACCCE), além do Hawthorne Group e tantos outros. Sempre petróleo, carvão, produtores de carros, muitos republicanos e a direita religiosa.
Os grandes grupos corporativos aparecem mais discretamente, com exceção da ExxonMobil que inundou com dinheiro o mercado de consultoria e de comunicação. Este “inundou”, naturalmente, é um conceito relativo: são centenas de milhões de dólares, mas New Scientist lembra que “as empresas de petróleo têm vastos lucros. Só a ExxonMobil lucrou US$ 45 bilhões em 2008. Em um mundo sano, certamente encontraríamos uma maneira de desviar um pouco deste dinheiro para resolver os problemas que o próprio petróleo está gerando. A questão é: estamos vivendo num mundo sano?” (NS, 5/12/2010, p. 5) Não custa lembrar que estas empresas não “produzem” petróleo, e sim extraem e comercializam um bem herdado da natureza que está acabando.
Em termos de personagens, encontraremos os das causas conservadoras e muitos personagens “flexíveis”, como Frank Luntz, Christopher Walker, Fred Singer, Patrick Michaels, Arthur Robinson, Steven Milloy, Benny Peiser e numerosos outros, além da eterna estrela do “contra”, o dinamarquês Lomborg, que graças à sua disponibilidade anti-clima ganha financiamentos para incessantes palestras.
Profissionais das relações públicas (sim, o nome é este) estão sempre presentes. Hoggan, o autor deste estudo, é um profissional de relações públicas e conhece profundamente como funciona a indústria da construção e da destruição das reputações de pessoas ou de causas. Isso o levou a fazer o presente levantamento detalhado de como se estrutura, com o impressionante poder das tecnologias modernas de comunicação, a manipulação da opinião pública. Independentemente da causa, no caso o drama do aquecimento global, o que é muito interessante no livro é entender esta indústria da desinformação.
Naomi Oreskes organizou uma meta-pesquisa, com o buscador “mudança climática global”, e limitada a artigos revistos por pares (peer review). Encontrou 928 artigos, nenhum colocando dúvidas sobre a realidade do processo climático. Nos jornais, no entanto, comentando a pesquisa, 53% dos artigos, buscaram ouvir “os dois lados”, e colocaram de maneira equilibrada opiniões de contestadores. Zero porcento de artigos científicos contestadores sobre o processo climático em si, mas nos jornais aparecia como “um tema em discussão”. O que era o objetivo. O tema está em discussão, afirmam gravemente os grandes grupos geradores do aquecimento (não diretamente, sempre por meio de listas de livre inscrição), portanto o assunto “é controverso”. Os “céticos” passam a se apresentar não como contestadores do fenômeno, mas como os que têm uma visão equilibrada, sem extremismos, portanto acreditam que talvez haja um problema, mas temos de ser ponderados, e adiar decisões.
No caso de Naomi Oreskes, é curioso, pois um Dr. Benny Peiser, professor de educação física (esporte mesmo, não física), realizou uma pesquisa sobre “mudança climática” (e não “mudança climática global”) e apresentou uma lista não de 928 artigos, mas de mais de 12 mil. Portanto, os 928 representariam apenas uma pequena parcela das opiniões. Os jornais, devidamente estimulados (a Fox em particular, naturalmente), fizeram alarde. Faltava demonstrar que os 12 mil tinham opinião contrária. Pressionado por revistas científicas que se recusavam a publicar o seu artigo, Peiser conseguiu localizar 34 artigos “que rejeitam ou duvidam da visão de que as atividades humanas são a principal causa do aquecimento observado nos últimos 50 anos”. Pressionado ainda para mostrar os artigos e os argumentos científicos em artigos “peer reviewed”, Peiser finalmente chegou a um artigo científico de contestação. Não era revisto por pares, e foi publicado na American Association of Petroleum Geologists. (102)
Tudo isto, evidentemente, amplamente divulgado, em particular por redes de institutos empresariais conservadores, utilizando em parte os mesmos grupos de relações públicas utilizados nas campanhas de caça-voto dos republicanos, e apoiados nas tecnologias de ampla divulgação como youtube. O resultado de tudo? Frente a tanta celeuma, os grupos interessados puderam passar a dar entrevistas “equilibradas”, pois estaria claro que “há controvérsias”. Que era o único objetivo da campanha. Não de negar o inegável, mas de dar a entender que as pessoas comedidas, equilibradas, não vão fazer nada, e muito menos pressionar os agentes do aquecimento global.
O livro é muito instrutivo para quem lida com comunicação, com teoria dos lobbies, com manipulação política. O próprio Hoggan menciona como é cansativo, a cada vez que aparece um cientista de peso mencionado no grupo “cético”, fazer circular a carta de denegação do cientista, ou destrinchar uma lista de milhares de “opositores” para ver se há no meio alguém que realmente tenha feito alguma pesquisa sobre a única coisa finalmente relevante, que não é a “opinião”, e sim dados científicos novos que provem algo diferente. E depois tentar fazer circular a informação de que a “notícia” afinal não era notícia, isto numa mídia onde as corporações financiam a publicidade.
Uma pérola entre os argumentos e uma das mais utilizadas: “Como os cientistas dizem que podem prever o clima dentro de 50 anos se não são capazes de prever a chuva de amanhã”. Como se meteorologia e estudos climáticos fossem da mesma área. Um britânico pode não saber se vai nevar amanhã, mas sabe perfeitamente prever que vai chegar o inverno e o frio correspondente, e não hesita em comprar um casaco. Mas o argumento pega e se apoia numa fragilidade que é de todos nós: se nos dão um argumento que confirma a opinião que já estávamos propensos a ter, qualquer estribo vale.
O estudo bem poderia ser traduzido e utilizado para os nossos próprios problemas, como por exemplo o peso da bancada ruralista na opinião pública, ou as campanhas orquestradas pela Febraban, ou ainda a campanha contra a proibição de armas de fogo individuais, estribadas no “direito de se defender” e até na “liberdade”. Nos Estados Unidos, temos precedentes interessantes e igualmente desastrosos tanto no caso das armas, como na batalha das grandes empresas de saúde privada aliadas com o “Big Pharma” para tentar travar o direito de acesso a serviços de saúde, sem falar das gigantescas campanhas das empresas de cigarros.
O último livro de Robert Reich, aliás, Supercapitalim, também trata desta apropriação dos processos políticos pelas corporações. O filme O Informante mostra como isto se deu com a indústria do cigarro, enquanto The Corporation explicita o mecanismo de maneira ampla. Marcia Angell fez um excelente estudo dos procedimentos equivalentes na indústria farmacêutica (em português, A verdade sobre os laboratórios farmacêuticos). A própria desinformação se transformou numa indústria. É a indústria da opinião pública.
No caso da mudança climática, como qualificar a dimensão ética do que constitui uma clara compra de opiniões? Ou os ataques impressionantes das empresas de advocacia das corporações, que processam qualquer pessoa que ouse sugerir que uma opinião poderia envolver não a verdade mas interesses corporativos? O liberalismo tem uma concepção curiosa da liberdade.
* Ladislau Dowbor, é doutor em Ciências Econômicas pela Escola Central de Planejamento e Estatística de Varsóvia, professor titular da PUC de São Paulo e da UMESP, e consultor de diversas agências das Nações Unidas. É autor de “Democracia Econômica”, “A Reprodução Social”, “O Mosaico Partido”, pela editora Vozes, além de “O que Acontece com o Trabalho?” (Ed. Senac) e co-organizador da coletânea “Economia Social no Brasil“ (ed. Senac) Seus numerosos trabalhos sobre planejamento econômico e social estão disponíveis no site http://dowbor.org’;
Fonte: Envolverde
Data: 06/01/2010
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