quinta-feira, junho 22, 2006

Retrospectivas vergonhosas

Quase me dá vontade de rir ver Cavaco Silva, nos seus hodiernos périplos pelo “país real”, referir-se à problemática os incêndios com o apelo à consciência de todos nós para combater esse flagelo, começando pela prevenção do mesmo. Este conselho tem tanto de ajuizado como de demagógico; a hipocrisia asquerosa destes políticos não tem limites. Esse FDP fala em consciência, mas onde está a dele?! Quem é que tudo fez para que Portugal se transformasse num imenso eucaliptal «à beira mar plantado»? Um dos ministros de Cavaco, que tinha acabado se saltar da direcção de uma industria de celulose para S. Bento, até dizia aos portugueses que o eucalipto é o nosso «petróleo verde», enquanto que bloqueava toda a informação que Bruxelas disponibilizou relativos aos subsídios para repovoamentos florestais com espécies autóctones (não eram grande coisa, é certo, pois a PAC só lhe interessava a superprodução). A Direcção Geral das Florestas correspondeu, tornando-se no organismo estatal mais corrompido pelos “eucalipteiros” (e pelas reservas de caça privadas)
Quem é que deu carta branca às indústrias de celulose para poluírem tudo o que quisessem, desrespeitando igualmente as escassas leis que havia relativas à protecção dos solos e das linhas d’água? O que poucos perceberam é que a maioria dessas indústrias pertenciam a suecos e a ingleses, que levavam o grosso dos lucros que por cá faziam (de uma forma que lhes seria impossível nos seus países, onde os políticos não são tão terceiro-mundistas) e deixando-nos sofrer as consequências nefastas da sua actividade.
Quem é que deixou que o “combate” aéreo aos incêndios se tornasse num negócio milionário (em que estavam directamente envolvidos alguns membros do governo…)?
Quem é que vendeu o país a retalho (até vendeu a água que os espanhóis estavam a roubar dos nossos rios internacionais) e matou a agricultura tradicional, fazendo com que o interior se desertificasse?
Que governo é que subornou um monte de pseudojornalistas para que cantassem loas aos eucaliptos e denegrissem a floresta autóctone?
Quem é que deu as mais absurdas regalias às empresas estrangeiras para que se viessem cá instalar (sem se preocuparem com nenhum tipo de fiscalização…), “esquecendo-se” de exigir em troca compromissos de que não se deslocalizariam quando lhes apetecesse, como acontece actualmente? Com estas “brincadeiras” durante a época do Cavaquistão, em apenas 10 anos os nossos rios ficaram transformados em cloacas e o fogo tomou conta das serras desumanizadas… a máquina de propaganda do governo de Cavaco até conseguiu abafar o anúncio proferido pelo Greenpeace (no final dos anos 80, início dos 90, não me recordo com precisão) de que a Ria de Aveiro estava no “top 10” dos sítios mais poluídos do mundo!...
Será que, olhando para os últimos 20 anos de políticas neoliberais, de capitalismo macroeconómico predatório e irresponsável, Cavaco Silva (que teve à sua disposição uma quantidade obscena de dinheiro supostamente para melhorar país) tem coragem para assinar este projecto suicidário? Revê-se neste Portugal onde as assimetrias sócias não param de crescer e os recursos naturais são completamente desprezados? As grandes diferenças sociais que eu vejo na sociedade desde que fomos recebidos na U E (então CEE), é que os portugueses estão obcecados pelo consumismo (e por isso estão endividados até à raiz dos cabelos…), o parque automóvel renovou-se e até temos auto-estradas paralelas às vias rápidas, além de estádios novos deixados às moscas …
Marques Mendes, na qualidade de Ministro de Cavaco, era oficialmente “consultor” de 16 empresas. Nesse tempo isso ainda não era ilegal, “apenas” moralmente abjecto. “Consultor de empresas” tratava-se um eufemismo que significava que recebia muito dinheiro de algumas empresas para abusar do seu poder político como membro do governo, a fim de lhes “facilitar” a atribuição da execução de grandes projectos estatais (o que lhe permitiu comprar até um helicóptero particular…). No fundo, não é muito diferente do que fez José Sócrates quando se apanhou na “Corte de Lisboa”, tendo que retribuir os favores aos industriais e políticos da Beira Interior que lhe custearam esse sonho…
( Marques Mendes deve ser o herói do Dr. Rosa do Céu, pois, com o beneplácito de Cavaco, chegou a mandar comprar para o seu gabinete 13 BMWs topo de gama… Lembro-me também que a Drª Edite Estrela, quando estava à frente da CM de Sintra, deu uma bela facada no erário público ao adquirir uns quantos Mercedes para si e para os seus vereadores…este tipo de exemplos são às centenas... e ainda há quem fique ofendido quando eu digo que temos uns políticos de merda…)

Em Portugal uns 7 milhões de pessoas vive junto ao litoral. Só nas grandes áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, concentra-se 40% da população.
Nos anos (19)60 cerca de um milhão de portugueses tinha emigrado. A ditadura, a pobreza crónica e a guerra colonial não deixavam muitas esperanças de um melhor porvir para os que por cá ficavam. As cidades eram um pólo de atracção irresistível para muitos. O êxodo rural deu-se com proporções e velocidade tais que as cidades não puderam crescer de forma equilibrada e saudável. Faltavam planos de ordenamento e infra-estruturas de saneamento, e sobravam bairros clandestinos, habitações precárias, pobreza e doenças. (A cólera é, como todos sabem uma doença dos pobres, e era frequente em Portugal naqueles tempos. O último grande surto que Lisboa conheceu foi em 1974.)
Nos anos 80, graças aos esforços do arquitecto paisagístico Gonçalo Ribeiro Telles, esboçaram-se os futuros Planos Directores Municipais (PDM) e demarcaram-se as divisões territoriais correspondentes às áreas de Reserva Agrícola e de Reserva Ecológica nacionais. Mas só nos anos 90 é que foram regulamentadas estas leis. Não obstante, estes planos de ordenamento (incluindo os esperados Planos Regionais de Ordenamento) nada conseguiram fazer para conter a urbanização desordenada, sobretudo junto ao litoral, onde prolifera como cogumelos no Outono ou como metástases em Chernobyl. Os poderes públicos têm até gasto fortunas a construir esporões e outras obras de engenharia constantes e ubiquistas para defender construções que nunca deveriam ter sido feitas, e que, não raro, até são ilegais. Com 67% do nosso litoral muito ameaçado pela erosão (recuando vários metros por anos) e com as trocas sedimentares impossibilitadas pela barreira de cimento, o mais sensato – por razões económicas, ecológicas e sociais – é retirar-se essas construções desfasadas, como aconselham os técnicos e como é actualmente política consensual na U E.
Em Espanha, por exemplo, quando parecia que a urbanização desordenada tinha irremediavelmente chegado a um beco sem saída, o governo central estabeleceu uma área non idificandi, onde não é permitido construir mais nada e avançaram também com um programa de demolição onde a erosão costeira é mais violenta.
Os políticos são demais! Enquanto que Marcelo Rebelo de Sousa fazia campanha eleitoral dando um demagógico e mediático mergulho no Tejo em frente dos Gerónimos, e, ao chegar a terra, declarava aos jornalistas que o seu governo em poucos anos limparia o rio (Tejo), por forma a que os lisboetas reconquistassem o direito de nele se banharem quando o calor apertasse, sub-repticiamente, o mesmo professor de direito, junto com Freitas do Amaral, dava pareceres legais destinados a revogar um decreto que pretendia salvaguardar parte do património natural do nosso litoral. Neste caso, os clientes do Prof. Marcelo tratavam-se de autarcas e empresários da construção e dos empreendimentos turísticos que se uniram para reivindicarem poderes legais para continuarem a saquear a orla marítima. (Há muito que a ameaça tinha deixado de ser os mouros ao largo; quem nos andava a roubar o que de melhor tínhamos eram piratas engravatados que não enfrentam o mar...)*-+*-+

*-+*-+ Foi como aquele Decreto-lei que o governo, alvo de tantas críticas de conivência com os incendiários, promulgou proibindo a reconversão para eucaliptais e outras monoculturas alóctones de áreas onde tenha ardido vegetação autóctone considerada como “floresta” e/ou “matos”. O lóbi das celuloses não estava para brincadeiras, e imediatamente fizeram o governo emendar esse decreto, por forma a que só pudesse ser aplicado caso se provasse que os incêndios tinham tido/eram de origem criminosa…Isto num país onde as bombas incendiárias (algumas lançadas de avionetas) constituem uma prova desse crime tão válida como as pontas de cigarro lançadas pelos automobilistas descuidados.

As autarquias (sobretudo do litoral algarvio, do Alentejo e da costa oeste) propositadamente atrasaram a elaboração dos Planos Directores Municipais (PDM). Os autarcas ganhar tempo para aprovarem o máximo de projectos que sabiam ser incompatíveis com os PDM minimamente sérios. Depois bastava invocar os “direitos adquiridos”; isto quando as infra-estruturas sumamente agressivas não eram já um facto consumado – que era, e continua a ser, a política mais eficiente em Portugal.~~
~~ Por motivos análogos, anos mais tarde, os autarcas de todas as cores políticas conseguiram aniquilar o projecto europeu da Rede Natura 2000. Os políticos portugueses fazem de tudo para que qualquer projecto que tenha que ver com conservação da natureza e desenvolvimento sustentável se transformem, invariavelmente, em nados mortos.
Durão barroso e Santana Lopes extinguiram o Instituto de Promoção Ambiental (IPAmb) e tentaram fazer o mesmo com o Instituto da Conservação da Natureza (ICN). José Sócrates limitou-se a seguir essa política.
A Durão barroso foi-lhe dada uma oportunidade de ouro para fugir da merda que tinha feito como Primeiro Ministro, indo para Bruxelas, onde ocupou o cargo de Presidente da Comissão Europeia. Nos telejornais apenas temos podido assistir à sua futilidade demagógica dentro do Parlamento Europeu, mas o que os jornalistas não falam é que os maiores esforços de Barroso se têm centrado no boicote sistemático às normas de protecção ambiental…
Nunca se perguntaram como é que um político medíocre, com falta de carisma, servil aos interesses do império corporativo (veja-se a sua odiosa e irresponsável actuação aquando da preparação da 2ª guerra no Golfo Pérsico…), e que já tinha provado ser um péssimo Primeiro Ministro, foi convidado para Presidente da Comissão Europeia? Duvido muito que tal se tenha devido ao reonhecimento pelo bom trabalho que tinha feito, muitos anos antes, lutando pela causa a autodeterminação do povo timorense, quando era Ministro dos Negócios Estrangeiros do governo de Cavaco Silva. Não quero estar a dar demasiado azo a teorias da conspiração, mas desconfio que esse seu regresso “glorioso” a Bruxelas se tenha devido sobretudo ao intrigante facto de, pouco antes, ter sido convidado para atender a uma reunião mais ou menos secreta da Mesa Redonda Europeia. .. Não, não se trata de mais palhaçadas que tenham que ver com o “Santo Graal” e/ou com Camelot; a Mesa Redonda Europeia é a associação de industriais mais poderosa da Europa e são eles que definem grande parte da política e das normas aprovadas em Bruxelas pelos seus políticos-marionetes.



O governo, pressionado pelos média e por Bruxelas, tentou (?) por termo a esta tramóia predatória, mas graças aos juristas supracitados e ao Provedor da Justiça, Meneres Pimentel, a defesa do litoral foi considerada anticonstitucional.
Foi preciso Bruxelas ameaçar fechar a torneira dos subsídios para que as autarquias apressassem a conclusão dos seus PDMs. O prazo foi estabelecido para 1999. As autarquias conseguiram cumprir esse compromisso, mas sem prestar um grande serviço ao país. Os PDM, apenas reflectem os seus interesses de expansão urbanística (ao ponto de preverem um crescimento da população residente de Lisboa em 5 ou 6 milhões de residentes e de, somando todos os PDM, até 30 milhões de portugueses, quando a tendência demográfica aponta para um decréscimo da população!), não contemplam a importância da integração harmoniosa das urbes nas suas respectivas biorregiões e estão cheios de erros técnicos , que incluem a construção de bairros sociais em leitos de cheia…
As cidades vão perdendo não só qualidade de vida mas também identidade, alastrando-se, como cogumelos no Outono, ou como metástases no corredor industrial dos Urales, em feias e uniformes áreas dormitório que, invariavelmente, seguem a construção de vias-rápidas, de auto-estradas e de pontes.


Então, ninguém entende porque é que este país se tornou num reles pasto para às chamas e para os patos bravos da construção civil? É preciso fazer um desenho?


Até agora, os lóbis que fazem dos políticos mais poderosos os seus títeres, conseguiram que os seus atentados ambientais (artigos 278 e 279 relativos a «danos contra a natureza» e à «poluição», respectivamente) passassem praticamente impunes, configurados como crimes de desobediência a prescrições administrativas. Uma palhaçada que está a ar cabo do país!
Vamos lá a ver se a reforma penal que está em curso dá outra configuração jurídica a esta situação inadmissível e suicidária, por forma a que, concretamente no que diz respeito ao nosso concelho, a autarquia deixe de rir-se dos autos que o SEPNA lhes tenta levantar, e de tudo o mais que se perpetra – com total impunidade - na zona industrial e no paul… Isso também vai depender da capacidade de vigilância e reivindicação dos cidadãos, assim como do apoio que os departamentos jurídicos das ONG de ambiente possam prestar à malta…







Seria óptimo que a Srª vereadora do poleiro do ambiente conseguisse amadurecer o suficiente [como] para prescindir de colocar sempre as suas vinganças pessoais à frente dos reais interesses da comunidade – a que é suposto servir…
Isto começa por resolver (ou relevar) as quezílias mesquinhas que insiste em manter com alguns professores locais, assim como não deveria ser admissível a alguns professores tentarem fazer das escolas liças político-partidárias e um trampolim para agarrarem tachos proporcionados pelo executivo camarário, ou até mesmo pela oposição. No meio desta parvoíce toda, são as crianças que sofrem os piores prejuízos…
Vou dar-vos um exemplo muito singelo (apenas porque não considero oportuno acicatar polémicas mais graves que pudessem dar a impressão de que pretendo utilizar as crianças como arma de arremesso contra a autarquia) : entre o final o ano passado e o início do corrente ano, a vereadora Vanda Nunes boicotou por duas vezes visitas de estudo ao Paul dos Patudos, cuja organização estava a cargo da escola C+S, apenas porque não suporta alguns professores que lá trabalham (sem que nenhum deles estivesse envolvido nesta acção…) e também porque suspeitava que a AIDIA – Associação Independente de desenvolvimento Integrado de Alpiarça – estava por detrás da iniciativa.

(Convém lembrar que a AIDIA é presidida pelo Dr. João Serrano, que, entretanto, passou de bestial a besta aos olhos deste executivo, calculo que por ter ousado criticá-los, mas não estou suficientemente a par dos motivos que os incompatibilizaram)

Sempre que a vereadora alegou estarem os autocarros da Câmara indisponíveis, eu vi-os estacionados e em perfeitas condições. (Um deles, o mais pequeno, nem sequer esteve ao serviço das escolas nesses dias.)
Foi preciso muita persuasão externa de alguém ligado ao RIPIDURABLE, para que a vereadora desse o apoio a que está moralmente obrigada. (Tenho quase a certeza de que se os seus filhos estivessem inscritos na visita de estudo em causa, estes problemas nem se colocariam…) Mas o argumento que finalmente a convenceu não foi a validade lúdico-didáctica da visita ao paul, mas sim o temor de que a “oposição” (esse monstro disforme, cabeludo e dentuço que ela vê escondido sob cada mesa e acoitado em cada canto…) tomasse a dianteira (como se esse “objectivo” fosse minimamente difícil ou interessante, mesmo trabalhando em regime de voluntariado, como é o caso) nas actividades de educação ambiental – a que a autarquia se comprometeu no âmbito do RIPIDURABLE, mas sem se molestar em contratar os serviços de alguém que perceba do assunto… (O que já gastaram em viagens ao estrangeiro e em almoços, provavelmente dava para montar um centro interpretativo/de educação ambiental…)
Lá conseguimos levar os garotos ao paul, e tudo correu bem.
De forma educada e diplomática, não deixei de convidar (com o ingénuo optimismo de que poderiam estar interessados em aprender alguma coisa…) os representantes da autarquia a participarem nestes passeios que orientei junto com umas professoras que estão a fazer um trabalho excepcional com algumas turmas que respondem de forma muito positiva a esse esforço. Também ninguém se esqueceu de agradecera autarquia, com toda a deferência e formalidade, pela amabilidade de ter cedido o transporte.
(A visita que estava planeada para a Primavera foi boicotada pelos pais, dominados pelo temor de que os seus filhinhos pudessem apanhar a gripe das aves… Que a maioria das pessoas esteja alarmada e, sobretudo, extremamente desinformada sobre este problema, até é compreensível, mas que os professores – licenciados em biologia - não tenham conseguido esclarecê-los, já me parece grave…)


Quer queiram, quer não, os professores e a autarquia estão ligados institucionalmente (com relações de interdependência)
e têm que aprender a trabalhar juntos fora das abjectas lutas político-partidárias!
Há uns 2 anos (desde que regressei a Alpiarça) que ando, de balde, a tentar convencer ambas as partes a aderir ao projecto da Rede Europeia das Eco-escolas. É algo relativamente fácil de conseguir e as vantagens são óbvias para todos (até para a sede de protagonismo mais ou menos parasitário da autarquia). Tem uma forte componente interdisciplinar; permite às escolas dotarem-se de tecnologia que respeita o ambiente; dá a oportunidade dos alunos de porem em prática conhecimentos teóricos, bem como de assumirem responsabilidades comunitárias; deverão contar com apoio técnico qualificado, etc…Assim até poderiam dizer que estão a tentar cumprir os objectivos da Agenda 21 local, sem provocarem muitas risadas…
Suponho que preferem que as crianças cresçam para se tornarem grunhos mal educados (com défice de atenção, carinhos, valores e orientação) que apenas consigam debitar miudezas sobre o futebol, os carros e o jet set, cujos sonhos se limitem a uma lista de compras hedonista, egoísta e irresponsável, enquanto se sacaneiam uns aos outros por causa de tachos para os quais não têm a menor competência… Assim não fazem ondas e é mais fácil aliciarem-nos a pegar em bandeirinhas de 4 em 4 anos – indiferentemente se é por causa do futebol ou dos partidos políticos. Viva Portugal, carago!!





Vanda Nunes já tentei explicar que, se a autarquia estiver realmente interessada em desenvolvimento sustentável (trata-se de uma hipótese de retórica, bem sei) relacionado com a exploração do paul, poderão apostar numa cooperativa de artesanato telúrico (ex.: peças de artesanato relacionadas com o património natural da região, que poderão ir das mais acessíveis, às mais sofisticadas e caras, como se pode observar no internacionalmente aclamado artista chileno Lucien Burquiers – cujo trabalho de extremo bom gosto dá emprego a muitas pessoas);
- Pequenas empresas de eco-turismo e de educação ambiental (a propósito, tenho um amigo que dirige uma destas empresas e que desistiu de apostar no paul da Gouxa devido à incompatibilidade extremamente incómoda e perigosa dos grunhos do todo-o-terreno que a autarquia continua apoiar incondicionalmente, sem que daí advenha nenhum lucro…);
- Criação da primeira reserva mundial do cavalo Sorraia (apostando forte também na hipoterapia), e depois associar os vinhos e os outros produtos agrícolas da região a esse equídeo ameaçado, bem como à avifauna local;
- Um centro interpretativo de apoio às escolas e aos turistas, mas também onde os investigadores possam fazer os seus trabalhos e pernoitar;
- Uma ecoteca;
- Um centro de formação para actividades ar livre (que também sirva a atletas e a crianças desfavorecidas de todo o país);
- Um museu de arqueologia e a recreação (ao ar livre, pois claro) de uma aldeia pré histórica (uma merecida e original homenagem ao nosso singular património arqueológico, já que Alpiarça é extremamente rica em vestígios da ocupação humana durante o Paleolítico inferior, e, posteriormente, até se desenvolveu aqui a chamada “Cultura de Alpiarça”, em que se destacam as peças de cerâmica);
- E, porque não ?, recuperar o espírito romântico do final do séc. XVII, XIX e início do séc. XX (que inspirou José relvas) e disponibilizar para os artistas (pintores, fotógrafos, poetas, músicos,…) um local lá no paul para que se inspirem e, em troca, ofereçam a Alpiarça o raro privilégio de ver o seu nome associado a algumas das mais belas e criativas manifestações da nossa cultura.Tudo isto sem terem que cimentar a natureza, bastando para tal recuperar os moinhos e as fábricas de cerâmica abandonados e em ruínas.

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