«As únicas formas de resistência que o sistema não está preparado para responder, são o pacifismo e o sentido de humor.» - John Lennon
«A verdade é o maior dos poderes.» - Ghandi
Não deve haver maior sinecura do que deter o pelouro do ambiente em Alpiarça; praticamente basta esperar pelo cheque no final do mês…nem sequer é necessário ter algum subordinado que seja especialista nessas matérias (bastando para tal, serem especialistas em bajulação, conluios e usufruírem de fortes cunhas…Com a quantidade de acessores incompetentes que estão a meter, desconfio que distribuem os cargos recorrendo à clássica dança das cadeiras…). Até dá direito a viagens ao estrangeiro com as despesas todas pagas. Carago!, devem ser mesmo pessoas importantes e com mais capacidades que os demais…pois, pois…
Já que a gestão dos resíduos é uma fraude perigosa e intolerável, resta fazer acções de charme, piscando o olho aos média locais. Para isso, nada melhor do que seguir a cartilha política da palhaçada hipócrita dos dias comemorativos (ex.:da água, da floresta, da criança, etc…).
Aos políticos só lhes interessa os números associados e eventos inócuos (que não levantem ondas na consciência colectiva…) e mediáticos. A propósito, há mais de uma década acompanhei as “comemorações” do «dia mundial da floresta/árvore» à volta de Santarém. Para os políticos envolvidos, deve ter sido melhor do que sexo quando os média (até tiveram direito a transmissão televisiva em horário nobre!) anunciaram que conseguiram «levar para a floresta 900 crianças do concelho de Santarém» (sic). Impressionante…para idiotas e oportunistas. Ninguém pôs em causa de que “floresta” se tratava. Pois, eu que estava lá, constatei, consternado, que era fundamentalmente de um eucaliptal, cosmeticamente ladeado por uns poucos sobreiros – e isso não é, definitivamente, uma floresta! Pior ainda, ninguém com responsabilidades pedagógicas se molestou em fazer a avaliação da acção junto as crianças (ex.: que novos conhecimentos adquiriram nesse dia festivo?).
Como uma cereja no cimo deste bolo envenenado, não foi questionado o facto do referido evento ter sido totalmente orquestrado por uma empresa de produção de pasta de papel ligada ao Estado - que não perdeu a oportunidade de engabelar os desavisados (para usar um adjectivo polido…) professores, oferecendo-lhes atraentes pastas que continham papel de alta qualidade (branqueado com o mui tóxico cloro, que – ilegalmente - ia para aos nossos rios sem qualquer tipo de tratamento com o beneplácito do Prof. Cavaco Silva…), canetas, e outros brindes também para as crianças (ex.: bonés, crachás, etc…) – dos quais se destacava uma infame brochura (mais um manifesto anti-ecologista) pejada de desinformação sobre os eucaliptos e os eucaliptização maciça de que eram responsáveis. Tentavam denegrir os ecologistas (então seus feros opositores) e confundir os leigos com um monte de mentiras pseudocientíficas. Volvidas umas duas décadas, basta olhar para a paisagem desolada – demasiadas vezes pasto das chamas, em acelarado processo de desertificação física e social – para constatarmos quem é que tinha razão…
Mas ainda hoje ninguém parece indignar-se como facto de as crianças continuarem a ser usadas pelos políticos merdosos e pelos seus compadres capitães da indústria, que as tratam como um rebanho acéfalo e belos adereços para comporem as suas aparições nos média e quase todos os seus exercícios de demagogia terceiro-mundista. Não me interpretem mal; ninguém mais do que eu defende que é indispensável levar as crianças para o campo o máximo de vezes possível e durante todo o ano; mas tal deve ser executado com um fundamento lúdico-pedagógico, acompanhadas pelos que têm um domínio mínimo das ciências da natureza e que, sobretudo, que nutram um sincero amor e respeito pela natureza.
Para esta autarquia, o supra-sumo das acções de “educação ambiental” é levar as crianças à barragem para as iniciar na “pesca desportiva” – com o incrível apoio do Agrupamento de escolas do Concelho de Alpiarça! Chamo a isso educação para a morte. Desconfio que se uma pessoa muito próxima à vereadora Vanda Nunes fosse o dirigente do maior clube local de caçadores, ao invés do clube de pesca “desportiva”, a autarquia distribuiria pelas criancinhas caçadeiras (mas de canos serrados, para que, sempre que disparassem, não ficassem frustradas por não matar quaisquer bichinhos)…
Há dois anos, quando ainda era suficientemente ingénuo como para dar o benefício da dúvida a este executivo camarário, apresentei-lhes um projecto de educação ambiental bastante bom e barato. Sem sequer o analisar (como se tivesse capacidades para isso…), a vereadora Vanda Nunes reprovou-o, argumentando que tinha que cuidar das criancinhas que passam fome. O que ela não me esclareceu era que eu, se queria ter a certeza que o meu projecto seria aprovado, teria que oferecer um relógio de ouro ao Dr. Rosa do Céu (como fez um dos seus compadres)… Será que, a fim de que me devolvam os diapositivos que têm usado indevidamente (mas sem publicarem a colecção de postais que encomendaram), terei que lhe oferecer um avental da Maçonaria?...
PB
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