domingo, junho 28, 2009


Catequese cateterista


“Cabrão”
(Como se afirmou na extinta revista "Pão com Manteiga", Cabrão é a abreviatura [portuga] de " anda cá Abraão!"...)


Os patriarcas bíblicos são-nos impingidos como espelhos morais nos quais muitos crédulos inconseqüentes insistem em que nos miremos.

O mito de Abraão é-nos apresentado como o principal patriarca do actual imperialismo religioso-corporativo assente no monoteísmo.
Ele terá (?!) protagonizado uma saga na triste condição de refugiado ambiental (comum a outras personagens bíblicas), ao ver-se obrigado a fugir para o Egipto, a fim de escapar às garras da fome que frequentemente atacava as terras prometidas por Jeová, cuja fertilidade deixava (e continua a deixar) muito a desejar, apesar da Sua insistência em adubá-las com o sangue de pagãos... Nessa difícil jornada, Abraão fez-se acompanhar por Sara, a sua bela esposa. Sendo um estrangeiro empobrecido, sabia que poderia ter sérios problemas com os egípcios que cobiçassem a sua esposa. Por oportunismo covarde, a todos disse que era irmão de Sara, facilitando que esta fosse parar no harém do faraó. Assim, Abraão tornou-se um proxeneta dissimulado da sua própria esposa, acumulando favores e riquezas concedidas pelo ludibriado faraó. Mas Jeová ficou descontente com a jogada de Abraão (que, afinal, limitou-se a seguir o que o seu deus determinou até ao “final dos tempos”...). Ao invés de puni-lo directamente, lançou as suas habituais pragas contra a casa do faraó. Este último acabou por ser informado do esquema de que fora vítima, mas, provavelmente reconhecendo a protecção do terrível deus dos hebreus ao seu patriarca, limitou-se a expulsar Abraão e Sara do Egipto. (Génesis 12: 18-19)

Será que Abraão aprendeu a lição, emendando o seu caminho? Nem por isso. Não tardou muito para que ele aplicasse o mesmo golpe a Abimeleque, rei de Gerar. (Gênesis 20: 2-5) A resolução deste episódio, com direito a intervenção divina, limitou-se a seguir a desbotada fórmula.

Jeová, apesar da sua alegada omnisciência, quis colocar à prova a fá de Abraão, exigindo-lhe que Lhe oferecesse em sacrifício (na forma de churrasco) Isaac, o filho mais querido de Abraão. Por medo das conseqüências que acarretaria para si a desobediência ao seu monstruoso e omnipotente deus, Abraão anuiu contrariado. Então, colocou a aterrorizada criança sobre uma pilha de lenha; antes de ateá-la, preparou-se para extinguir a vida do seu filho, apunhalando o seu peito. O golpe fatal foi interrompido pela intervenção de um anjo enviado por Jeová com a notícia de que tudo não passara de um doentio teste de fé, e que Abraão passara com distinção. Uma brincadeira entre amigos, né?... (Já agora, poderia ter trazido umas guloseimas para a traumatizada criança...)
O Corão conta a mesma estória, mas muda para Ismael o nome do garoto bode-expiatório.
Uma vez mais provando que os autores e compiladores da bíblia não temiam ser acusados de plágio na construção das suas fábulas de moralidade tenebrosa comparemos este episódio com o de Jafé.

Como mesmo entre o seu povo dileto Jeová trata uns como filhos e outros como enteados (no pior sentido da expressão), com freqüência não se limita a dar uns valentes cagaços aos seus títeres bípedes. Abusando dos seus poderes mágicos, chega a levar os seus jogos sórdidos até às últimas conseqüências, sem se incomodar em intervir para evitar mortes inúteis. (“Deus lá sabe o que faz, escrevendo direito por linhas tortas” ...)
Na véspera de uma decisiva batalha contra os amonitas, um senhor da guerra hebreu chamado Jafé fez um trato com Jeová: caso este último lhe ajudasse na conquista militar anelada (em nome de Jeová e a pedido deste, afinal de contas), Jafé prometeu sacrificar (com recurso ao fogo ritual) em honra do seu deus a vida da primeira pessoa que saísse da sua casa para recebê-lo, regressando vitorioso ao acampamento. Jeová deu então uma ajuda, garantindo que o desfecho do confronto militar fosse favorável aos seus seguidores (não o teria feito sem a abominável aposta?!), garantindo ainda que Jafé tivesse que sacrificar a sua única filha. Não fica claro, porém, se Jeová forneceu a receita quando Jafé cozinhou a pobre moça em nome de Jeová e da palavra empenhada nos negócios com Ele, mas sabemos que o deus em causa, bem como o seu povo têm especial apreço, ou mesmo uma obsessão mórbida, pelos hímens fresquinhos...
PB

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