sexta-feira, julho 20, 2007

A propensão para experiências místicas e os privilégios (em termos de equilíbrio psíquico e físico*) que acarretam é, tanto quanto sabemos, uma singularidade exclusiva da nossa espécie. Os circuitos neurológicos e toda a sua complexa química cerebral estão adaptados/aptos à espiritualidade.
Uma nova ciência, chamada neuroteologia, assumiu a difícil tarefa de perceber como e porquê. Essas investigações pioneiras, iniciadas em 1970 pelo psiquiatra e antropólogo Eugene d´Aquili,estão essencialmente a ser conduzidas pelo Dr. Persinger e pelo Dr. Newberg. Ao que apuraram, o transe místico e a consequente epifania processa-se com a hiperestimulação dos lóbulos temporais, ao mesmo tempo que os lóbos parietais (onde se situa a autoconsciência e a orientação tempo-espacial) quase cessam a sua actividade. (Claro que várias outras partes do cérebro estão envolvidas neste processo, mas têm um papel menos preponderante que as anteriormente citadas.) Quando o ego deixa de se comportar como um monólito obcecado com o sucesso da sua sobrevivência física, e a percepção da realidade deixa de estar centrada na análise das informações transmitidas pelos nossos sentidos, os indivíduos sentem o poder da mente expansiva e uma comunicação ao mesmo tempo una e transcendental com o universo (aquilo a que os devotos católicos chamam de "união mística").
Existem suficientes registos científicos que demonstram que a epilepsia dos lobos temporais, quando se manifesta em ataques agudos, pode levar os pacientes a experimentarem alucinações temporais.Sabemos agora que as actividades geomagnéticas extraordinariamente intensas (como acontece com as auroras boriais/austrais com todas as tempestades geomagnéticas e correntes eléctricas a que estão associados estes fenómenos) originam um aumento significativo de experiências místicas. É possível induzir artificialmente essas experiências "místicas" / transcendentais através da exposição a campos electromagnéticos. A maioria dos voluntários testados deste modo tiveram visões sobrenaturais e sobretudo sentiram a presença de entidades invisíveis.

*Os indivíduos religiosos geralmente são mais felizes, saudáveis, serenos e, logo, menos sujeitos aos efeitos nefastos do stress, o que lhes permite terem vidas mais longas .A médica pedagoga Maria Montessori observou que as crianças às quais é dada a oportunidade de exercitarem (num ambiente tranquilo e sem interrupções) a mente através de longos períodos de contemplação e de concentração, após estes exercícios introspectivos, geralmente experimentam um bem estar extraordinário e demonstram um desejo de ajudar os outros. No final do dia seria bom que os seus encarregados de educação lhes incutissem o hábito de reflectirem sobre os acontecimentos mais marcantes, perquirindo-oscom uma lupa moral (válida apenas para as relações humanas) que realce a importância de cultivar a amizade e os seus ritos e de agirmos de acordo com os nossos melhores valores e de consciência tranquila/apaziguada, mesmo que uma sociedade enferma premeie (com poder) quem faz exactamente o contrário.Os adultos deverão estar sempre disponíveis para discutirem estes assuntos quando solicitados pelas crianças.


PB

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