domingo, julho 15, 2007

drogas

As drogas que mais matam em Portugal - o álcool e o tabaco - são legais. Aliás, em todo o mundo o tabaco mais mata mais pessoas do que todas as outras drogas combinadas.
Em Inglaterra as restrições (severas, se comparadas com Portugal) ao consumo de álcool nos pubs (ex.: não servem bebidas alcoólicas depois das 23h) não foram decretadas pelos efeitos do álcool contra a estabilidade e harmonia familiar e social, mas sim por ter sido considerado um mal para a indústria militar durante a Segunda Guerra Mundial.
Todos sabemos que a criminalização do comércio e consumo de álcool nos EUA (a "Lei Seca" da década de 30) fez com que aumentasse o seu consumo(clandestino) e, principalmente, o preço do "fruto proibido", enriquecendomafias e corrompendo o governo (ex.: os políticos que mais lucravam com ocomércio ilícito de álcool eram os maiores defensores da manutenção dessaproibição). A situação mantém-se hoje em dia; apenas mudou o nome e a constituição química das drogas estigmatizadas e das socialmente aceites.
Dólares p´rà veia!...
Um relatório elaborado pela Agência das Nações Unidas para o Controlo da Droga e Prevenção do Crime (ONUDC) e publicado em 2005, refere que o mercado das drogas ilícitas rende 320 mil milhões de euros anuais (mas algumas ONG especializadas no assunto afirmam que o montante real ascendo aos 400 mil milhões de dólares), valor que supera a riqueza produzida em cerca de 90% dos actuais países. Dentro do volume de negócios dos bens de primeira necessidade, o multibilionário sector dos têxteis mobiliza verbas inferiores às do narcotráfico que representa 8% de todo o comércio.
De forma branqueada ou não, este dinheiro entra nocircuito financeiro em que esta sociedade se apoia. Se esses capitais fossemsuprimidos de um dia para o outro, a nossa economia entraria em colapso, ecertamente que veríamos muitas respeitadas instituições e figuras públicas"insuspeitas" entrar em pânico enfrentando a ruína.Quando no anos 80 rebentou o escândalo de que o Banco do Vaticano estavaenvolvido na lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de drogas noMediterrâneo, o que mais surpreendeu e embaraçou (pela celeuma que causou na opinião pública) os poderes políticos que assediam os votos dos católicos,foi a sinceridade cínica de um bispo de Roma chamado Marcincus (que é o principal suspeito na plausível teoria do assassinato de João Paulo I) que, ao ser confrontado com estasacusações, retorquiu : «a Igreja não se sustenta com Avé-Marias...»
O supracitado relatório da ONUDC adianta que existem pelo menos 200 milhões de consumidores de drogas ilícitas, o que corresponde aproximadamente a 5% da população mundial com idades compreendidas entre os 15 e os 64 anos.

A OCDE calcula que metade do dinheiro proveniente do narco-tráfico passa pelos bancos norte-americanos. Quando Reagan era Presidente dos EUA, os promotores de justiça federal e os tribunais, intrigados pelo enorme afluxo de capitais (às instituições financeiras de Miami) de origem obscura e pelos crescentes rumores que apontavam para o tráfico ilícito de drogas, iniciaram uma investigação com o objectivo de apurarem as origens desse dinheiro (que até tem servido para custear acções da CIA…). Mas o governo (na pessoa do Vice Presidente George Bush sénior), cedendo ao lóbi dos banqueiros, ordenou a interrupção dessas investigações, boicotando ainda a aprovação de leis (no Congresso) contra a lavagem de dinheiro.
Aquando da queda do Bloco Soviético, os EUA também enfrentavam problemas económicos graves (nomeadamente um galopante défice comercial e fiscal bem como uma crise do sector agrícola que só tinha paralelo com o período da “grande depressão”), enquanto que o capitalismo japonês se revelava mais eficiente e ameaçador. Em 1989, Bush sénior, dando continuação à estratégia de Ronald Reagan e fazendo um agrado à direita cristã, lançou uma campanha mediática destinada a desviar a atenção da economia para o problema das drogas (ilegais)++++. Com esse pretexto, as autoridades policiais puderam espezinhar os direitos civis dos contestatários às políticas governamentais, enquanto que no estrangeiro as agências secretas ligadas ao Pentágono e o exército aniquilavam qualquer oposição aos interesses corporativos e geoestratégicos do império. As forças rebeldes passaram a ser vistas pela opinião pública como meros traficantes de droga (anos antes eram “comunistas” e actualmente são “terroristas”…).
++++ - Vale a pena mencionar uma ironia tragicómica da cruzada anti-drogas (ilegais) liderada pelo casal Reagan. A primeira dama, Nancy, escolheu para representar o papel de soldado-estrela nessa guerra de fantochada uma adolescente chamada Drew Barrymore, que já tinha conquistado em Hollywood o estatuto de actriz prodígio. Esta miúda representava bem demais (e nesse tempo a opinião pública ainda o desconhecia) a hipocrisia histérica da América conservadora, incapaz de olhar com profundidade para a raiz dos seus males. Enquanto a menina Drew Barrymore era chamada à Casa Branca, a fim de fazer declarações aos média apelando aos jovens para se absterem das drogas, ela era consumidora de marijuana desde os 10 anos de idade; com apenas 12 anos já estava viciada em cocaína e aos 14 tentou suicidar-se, cortando os pulsos, tendo sido salva in extremis…


Nesse tempo já os técnicos de saúde estado-unidenses calculavam que o tabaco cobrava anualmente umas 300 mil vidas, enquanto que as vítimas mortais do álcool poderiam ser umas 100 mil. Mas “apenas” eram atribuídas 3500 mortes anuais às drogas duras. A histeria que as sucessivas administrações republicanas criaram à volta da marijuana parecia de todo injustificada, pois, dos 60 milhões de consumidores estimados para aquele país, nem uma morte foi registada. Aliás, vários estudos revelaram que um número considerável de fumadores de “erva” (pot) tornaram-se consumidores de cocaína e de crack, porque, com a guerra às drogas, tornou-se muito mais fácil ter acesso às drogas ditas duras.
A hipocrisia era evidente, pois o governo protegia a indústria tabaqueira (e continua a fazê-lo) – que já comercializava cigarros com um aditivo muito tóxico destinado a acentuar a dependência da nicotina. Chegaram mesmo a criar uma comissão para estudar a possibilidade de impor sanções económicas à Tailândia, por o seu governo ter tentado restringir as importações e a publicidade ao tabaco NA. Em nome do “mercado livre”, os EUA tornaram-se nos maiores traficantes de drogas (legais e ilegais) do mundo.
O consumo do tabaco diminuiu drasticamente na América do norte exclusivamente por iniciativa popular; as fortes campanhas anti-tabágicas e de mudanças de atitudes e de hábitos culturais associadas a esse vício agressivo para toda a gente, foram feitas à revelia do governo (mais interessado em defender a multimilionária indústria do tabaco do que a saúde pública).

A legalidade ou ilegalidade das drogas é uma arbitrariedade cultural. As drogas sempre foram utilizadas pelos humanos em todas as suas culturas. Na verdade, existem numerosas espécies de animais que, para alterarem os estados emocionais e a percepção sensorial, recorrem intencionalmente às drogas que encontram nos seus habitats naturais.Nas comunidades tribais (o modus vivendi natural ao homem) o papel das drogas psicotrópicas é o de auxiliarem as pessoas a alcançarem e exploraremregiões obscuras e místicas da psique. A ingestão dessas substânciasgeralmente obedece a rituais imbuídos de profunda espiritualidade quereforçam a sua comunhão com o universo, acrescentando dimensões eperspectivas à cosmologia tribal. Podem ainda tratar-se de estimulantesdestinados a aguçar alguns sentidos (ex.: os mais importantes para a caça),ou a servirem de lenitivo à fadiga e à fome.Ao contrário do que acontece na nossa civilização, os povos tribais que vivemem harmonia com a natureza e com o seu ambiente social, não recorrem àsdrogas procurando meras alienações embrutecedoras e degradantes, nem o fazem por hedonismo fútil, irresponsável e auto-destrutivo. Eles conhecem ospesarosos efeitos das inevitáveis ressacas tão bem quanto as suasresponsabilidades perante as respectivas comunidades. Para comprovarmos averacidade destas afirmações, basta compararmos os efeitos sociais eclínicos que a planta da coca tem nas culturas andinas por oposição à nossasociedade...Sabendo-se hoje que os psicotrópicos (como, por ex., a cocaína) estimulampontos do nosso cérebro e respectivas reacções bioquímicas análogas ao queexperimentamos no estado psicológico que conhecemos por amor, não admira que haja tantos toxicodependentes.(É curioso que tantos toxidependentes tenham grandes dificuldades em atingir orgasmos, mesmo que não sofram de disfunções que os impeçam de consumar as relações sexuais.) As pessoas estão demasiado carentes efrustradas. Entre nós, as drogas são, pois, mais um sintoma da enfermidadesocial, não a sua causa principal. Este grave problema deve ser abordado, nãoatravés da repressão jurídica e policial (que só agrava o problema,patrocinando os cartéis de criminosos milionários e estigmatizando quemnecessita de ajuda), mas sim através de uma perspectiva sociológica eclínica.


Plano Colômbia (PC)
Desde que o início do “Plano Colômbia” que a produção e o comércio de drogas mais do que duplicou. A intensificação da produção de narcóticos tem sido proporcional à intensificação das fumigações com desfolhantes, assim como o aumento da produção de petróleo colombiano é proporcional à presença militar NA.

Dos seus 40 milhões de habitantes, 30 milhões vivem na penúria, barbaramente oprimidos. O racismo mancha todo o tecido social, sendo osafro-americanos os menos respeitados.
A ONU afirma que a Colômbia tem a 3ª maior população de refugiados do mundo


A população está subjugada pelo medo e, com razão, não tem qualquer confiança nas instituições estatais.
Os massacres e o desalojamento de campesinos é uma estratégia dos militares e dos paramilitares que querem o livre acesso e controlo das zonas com os recursos naturais mais apetecíveis (ex.: madeiras e petróleo)para as corporações multinacionais. Que a Colômbia seja um dos países onde os órgãos estatais são mais corruptos, só facilita essas negociatas.
As populações locais, bem como todas as ONGs no terreno, asseveram que os paramilitares e os miltares são a mesma merda. Se por um lado a Casa Branca fornece mercenários (via empresas privadas) para fazerem o trabalho sujo, sem incriminarem demasiado os políticos e o exército, por outro lado o governo colombiano serve-se dos paramilitares para os mesmos propósitos.
Basta taxar de “narcotraficantes” os campesinos pobres e os guerrilheiros (que, ainda por cima, são “esquerdistas”), para que Washington e Bogotá se sintam com “legitimidade moral” (aos olhos das minorias que detêm o poder no mundo) para lhes fazerem as maiores atrocidades. Quaisquer opositores políticos (ex.: sindicatos, ONG humanitárias e ambientalistas, líderes estudantis e religiosos, etc…) são considerados membros ou simpatizantes da guerrilha e, como tal, têm que ser eleminados.
Os raptos e as extorsões também se tornaram um negócio para as várias facções da guerrilha.

Entre 1978 e 2001, forampulverizadas (regularmente) 200 mil ha de plantações de coca e 60 mil ha depapoilas do ópio.A Monsanto tem sido a principal empresa fornecedora de agroquímicos para o PC, tal como o tinha feito com o seu “agente laranja” intensamente/maciçamente fumicado sobre o Vietname e sobre o Laos. Estima-se que esse pesticida esteja na origen de 50 mil casos de más formações de crianças nascidas nesses países do sudeste asiático, além de uns 100 mil casos de cancros entre residentes e soldados NA que por lá combateram. Actualmente o Vietname é considerado o país mais contaminado com dioxinas de todo o mundo.Um dos químicos mortíferos mais utilizados é uma versão mais agressiva(cuja fórmula é mantida em segredo) do Round up (além de 4 milhões delitros de Glifosato, Paraquat, Tebuthiuron, Imazapyr e Garlon-4). Assim, aMonsanto enriquece utilizando a Colômbia como um gigantesco campo deexperiências (tão bom como qualquer zona de guerra), sem quaisquerrestrições e com total impunidade quanto ao atentado ambiental e àsviolações dos direitos humanos. Os muitos milhares de toneladas de venenosque têm sido despejados sobre a selva tropical (bem como sobre as culturasagrícolas de subsistência e sobre os pobres agricultores que nada têm a vercom as drogas) são naturalmente escoados para a bacia do amazonas, como senão bastasse a poluição provocada pelos laboratórios de campanha utilizadospelos narcotraficantes na produção de cocaína e que despejam nas linhasd´água gasolina, éter, acetona e ácido sulfúrico.No meio de toda esta devastação, os traficantes são deixados em paz...Osobjectivos dos governos de Washington e de Bogotá são outros, como adianteveremos.O PC foi implementado sem sequer ter sido discutido no Parlamento colombiano. E No Senado NA o debate centrou-se sobre quais as empresas que iriam receber osmelhores contratos. Os milhares de milhões de dólares gastos com o PC servemfundamentalmente para subsidiar a indústria militar estado-unidense.Também a U E contribuiu (com uns 500 milhões de dólares) para esta "guerraao narcotráfico". Mas quase toda esta "ajuda" monetária passa porcréditos bancários, o que contribui para o aumento da enorme dívida externada Colômbia - país onde 30 (dos 40) milhões de habitantes vive napenúria. A ONG Transparência Internacional considera a Colômbia como osétimo país mais corrupto do mundo, tanto no que se refere aos organismopúblicos como ao sector privado. Por ouro lado, a Colômbia aparece em terceiro lugar (a seguir a Israel e aoEgipto) na lista dos países mais apoiados militarmente por Washington.Falta um dado essencial nesta equação: a Colômbia é o 7º maior fornecedor de petróleo dos EUA, e, fora do Médio Oriente, neste aspecto só perde para a Venezuela (país que, apesar de estar com relações conflituosas com o império, continua a fornecer-lhes o precioso combustível.
As empresa yankees(apoiadas pelo exército e pela NAFTA***) controlam essa exploração e arrecadam 75% dos lucros do petróleo colombiano.(O acordo inicial era de 50% para as corporações petrolíferas yankees e outro tanto para o governo de Bogotá, mas este último perdeu força negocial.)
***O Acordo de Livre Comércio das Américas é o culminar de uma política NA que peretende o monopólio do comércio e dos recursos naturais da América Central e do Sul através do estupro de quaisquer inconveniências político-legais de soberania nacional. O Tio Sam sempre disponibilizou os serviços mafiosos do seu exército para garantir às suas corporações o saque e exploração dos seus “vizinhos de baixo”. A OMC vem, assim, consolidar legalmente o que as armas, o FMI e o BM iniciaram.

Em 2002, a administração Bush deixou (parcialmente) cair a máscara da sua"luta contra o narcotráfico" e contra as forças insurrectas (comunistas!)na Colômbia, assumindo a operação militar como sendo parte da sua "lutacontra o terrorismo".*-+ Entretanto, os paramilitares colombianos, em estreitaassociação com o exército, gozam de carta branca para intimidar e massacrara sociedade civil (em especial as comunidades que vivem em zonas que cobiçadas pelas indústrias madeireiras e petrolíferas...). Os EUA até lhes fornecem mercenários (via empresas privadas subcontratadas pelo Pentágono) para esta guerra secreta. (Convém termos em mente que ogeneral que comanda o exército colombiano bem como muitos dos seus subordinados foram formados na Escola dasAméricas...) O Presidente Andrés Pastana mantinha negociações com os rebeldes no sentido de por fim ao conflito que devasta o país há vários anos, mas, quando em 2002, recebeu de Washington mais uma choruda verba destinada à “luta contra a insurreição e o terrorismo”, abandonou o diálogo com rebeldes. O investimento dos narcodólares na Colômbia baseia-se muito no latifúndioassociado às explorações agropecuárias, que destroem a selva e expulsam opequeno campesinato.
*-+ A linguagem dos políticos é cuidadosamente estudada e polida para iludir a opinião pública. Por exemplo, a administração de W. Bush baniu as expressões "guerra ao Iraque" e "aquecimento global" – substituindo-as por "guerra ao terror" e "alterações climáticas", respectivamente – por sugestão do "mago" da publicidade política Frank Luntz. Este jovem yuppy ajudou Giuliani (ex-Presidente da autarquia de Nova Iorque), Berlusconi (..Itália) e W. Bush a conseguirem importantes vitórias políticas, apenas pela sua habilidade em manipular eufemismos e os média. Mas é claro eu Luntz, como um (muito bem sucedido) profissional amoral (?) é considerado inimputável das consequências para a comunidade dos enganos que engendra. Provavelmente ele também trabalharia para causas em favor do bem comum se as forças de contra-poder pudessem pagar os seus honorários principescos, aceitando lutar com as mesmas armas do sistema. Há muitas formas de prostituição, e a que opera nas esquinas não é a mais degradante nem a mais ameaçadora para a sociedade…

Como é óbvio, os que dirigem o império americano estão pouco preocupados com a expansão do narcotráfico. Muito pelo contrário. A CIA tem, aliás, um longo historial de fomento da produção de drogas ilegais, de protecção aonarcotráfico e de utilização dos narcodólares para financiar as suasguerras que, supostamente, têm um fundamento ideológico, mas que, naprática, apenas servem os interesses do seu complexo militar-industrial.- French Conection , assim denominada porque a CIA deu continuidade às ligaçõesperigosas que os serviços secretos franceses mantinham com as tribos que lutavam contra os comunistas e que eram simultaneamente produtoras de ópio e de heroína. Os serviços secretos ajudaram-nas a exportar a droga para a Europa.

A heroína (muitas vezes era oculta em sacos mortuáriosdestinados ao transporte de soldados falecidos em combate no Vietname) era traficada pela CIA em aviões do governo.
Enquanto escalava a tensão da Guerra Fria, a Europa, relutantemente, ia perdendo as suas colónias, que se transformaram em campos de guerra. A França contava com o auxílio dos EUA para manter o “seu” Vietname. Mas internamente a opinião pública francesa opunha-se àquela luta armada imperialista. Essas vozes opositoras faziam-se ouvir sobretudo através do Movimento Trabalhista, que fazia uso do finca-pé grevista/das greves e tinha o apoio dos intelectuais e dos estudantes. A CIA em conluio com alguns respeitados sindicalistas (em “missão patriótica contra os comunistas europeus”) e com a máfia, puseram em prática um plano destinado a enfraquecer e a desacreditar os trabalhistas franceses. Em troca, a Máfia exigiu o restabelecimento do comércio de heroína que tinha sido reprimido com sucesso pelos governos fascistas. (Noam Chomsky, 02)
- No Laos (durante toda a década de 60 e início dos anos 70) juntaram-se aoschefes tribais na produção de heroína , cujas receitas reverterammaioritariamente para financiar as forças anti-comunistas do Vietname do Sul.
(Um relatório da CIA elaborado em 1971 concluiu que 34% dos soldados NA destacados no Vietname do sul eram consumidores de cocaína…)
- No Afeganistão (durante a década de 80), apoiaram aqueles que agora consideram terroristas e combatentes inimigos, na produção de ópio, actividade que custeou asactividades de guerrilha contra a ex-URSS.
Quando os Talibãs apoderaram-se do governo, porque desejavam o reconhecimento internacional e apoios finaceiros que lhes permitissem sobreviver ao embargo económico, erradicaram (em 2001) a cultura das papoilas. (Como recompensa, a Grã Bretanha entragaram-lhes um milhão de libras e os EUA contribuiram com uma quantia semelhante.) nesse ano a produção de ópio baixou drasticamente para 185 toneladas.
Com a invasão do Afeganistão pelas tropas ao serviço da administração Bush, em 2001 a CIA ajudou a Aliança do Norte a voltar à cultura e tráfico da heroína para financiar aluta contra os talibãs e a Al Qaeda.
Os ingleses estavam então a liderar um programa de erradicação das papoilas, seguindo uma política de não confrontação. Como consequência, em 2002, a produção de ópoio subiu para 3200 tl e a área agrícula ocupada pelas papoilas multiplicou-se por 10. Em 2004, o Afeganistão estava a exportar 4 mil tl de ópio. Enquanto isso, o governo NA gastou 200 mil euros por hectare no seu programa de “erradicação” das papiolas, que apenas funcionou em 200 hectares.
O novo Presidente do Afeganistão, Karsay, apelou a uma jihad contra o ópio e a heroína, mas nesta luta perdida mandam os interesses escondidos da opinião pública. A corrupção é total (incluindo as autoridades provinciais afegãs e oficiais do exércit dos EUA), mas os menos culpa têm são os próprios agricultores. É preciso Ter em conta que o exército soviético destruiu a economia rural daquele país; os solos são muito pobres e os acessos (que poderiam facilitar o escoamento de produtos hortícolas legais) são quase inexistentes; os agricultores passam fome (situação que se agravou com o embargo internacional contra o governo dos talibãs) e muitos estão presos a um sistema de dívidas contraídas com os traficantes de droga. Quem lhes propociona alternativas economicamente viáveis ao ópio?
Os narcodólares também financiaram os Contras nicaraguenses
desde a década de (19)60 que algumas agências governamentais NA têm inundado com drogas duras (que foram inicialmente distribuídas apreços muito atraentes) os guetos onde vivem maioritariamente negros pobres e outros desfavorecidos sociais, como estratégia para enfraquecer a oposição política das classes mais desfavorecidas e contestatárias.

Nem tudo o que se refere às actividades humanas nas selvas colombianas são más notícias.
A comunidade indígena, liderada pela tribo Ingano e contando com o apoio de várias ONG ambientalistas e da comunidade científica internacional, conseguiu finalmente que as autoridades governamentais assinassem com eles um tratado que lhes permite fazer a gestão do Parque Nacional do Alto Fragua-Indiwasi.
Este é umprecedente muito importante em que a comunidade não indígena e/ou urbana reconhece aos povos da selva o direito de decidirem o destino das terras que habitam – em harmonia – Há muitas gerações em áreas consideradas protegidas pela sua espantosa biodiversidade (que não incluía os humanos). Ainda por cima este parque poderá transformar-se num santuário pacífico dentro de um país devastado por conflitos armados. Para além dos nossos tratados legais e dos complexos de superioridade típicos da sociedade urbano-industrial, este reconhecimento dos direitos dos indígenas deveria simplesmente tratar-se de os deixarmos em paz para viverem da maneira que consideram melhor para si, como, aliás, sempre o fizeram até serem invadidos pelos ocidentais. Mas nos tempos que correm a sociedade globalizada pretende que os seus maiores desafios civilzacionais sejam compartilhados por todos, e assim vê como um “projecto-piloto” com a obrigatoriedade de mostrar mais valias sócio-económicas baseadas na produtividade capitalista, não tanto na felicidade (não contabilizável nem comercializável) dos indígenas. As cidades condescendem em conceder esta benece aos indígenas desde que vejam benefícios para si mesmas (ex: turismo, investigação científica, comércio de produtos da selva,…).

Xando

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