Até que enfim começo a ouvir propostas cheias de bom senso e de voluntarismo por parte da comunidade alpiarcense no sentido de salvarmos o nosso paul! A criação de um ou mais grupos de trabalho com essa finalidade é um passo tão indispensável quanto urgente. Tenho muitas reticências quanto à capacidade e a disponibilidade de as pessoas cooperarem - mesmo estando em causa o destino de um rico património natural que os homens e mulheres de amanhã jamais nos perdoarão se não dermos o nosso melhor para que também possam dele desfrutar (não apenas os filhos dos ricos…)!
Perdoem a minha sinceridade, mas se a perpetuação e protecção do paul depender apenas da boa vontade dos alpiarcenses, duvido muito que consigamos alcançar esse objectivo.
Ainda por cima, agora todas as partes interessadas parecem temer estar associadas a mim, sobretudo devido aos meus polémicos ataques à autarquia. Eu nunca estive minimamente interessado em protagonismo, e se neste momento desaparecesse do mapa, suponho que já poderia me orgulhar de ter conseguido chamar a atenção de todos vós para a importância do tesouro natural que têm à porta, plantando as sementes de um movimento cívico apartidário que o pretende salvar da especulação imobiliária, do turismo elitista e insustentável e de outras negociatas execráveis a que a ganância deste executivo camarário se aferra com unhas e dentes (de vampiros).
Contribui ainda para a reflexão de assuntos novedosos para a maioria (pelo menos no que toca ao meu estilo de abordagem); forneci informações que poderão ajudar a construir argumentos e até projectos de cariz ambiental; e dei apoio (mais uma vez como voluntário) a algumas professoras da escola EB 2,3/S José Relvas que estão a fazer um trabalho excepcional.
Se falhei como estratega (é muito cedo para tirarem essa conclusão, até porque ainda nem joguei os meus trunfos de peso…), pelo menos demonstrei que o temor e a subserviência aos políticos é a negação do poder que todos temos nas mãos (claro que não me refiro à inutilidade dos votos no circo eleitoral) quando nos unimos em torno de causas nobres e ousamos ser reivindicativos quando percebemos que a nossa qualidade de vida vai muito além das intoxicações lúdicas proporcionadas pelos média e pelo consequente consumismo hedonista e irresponsável.
Não me canso de repetir que os políticos apenas respeitam os nossos interesses quando a (forte) mobilização popular os força a tal (de contrário, a maioria dos políticos limita-se a obedecer aos interesses corporativos e partidários que lhes sustentam as carreiras e lhes arranjam sinecuras ).
Se aceitam que a autarquia ou outros poderes instituídos com interesses egoístas recusem negociar comigo ou com qualquer outra pessoa que eles não simpatizem mas que demonstrem serem pessoas idóneas para lutar pelo bem comum/comunitário, então é porque aceitam a derrota à priori, debruçando-se (às arrecuas e de calças na mão…) ante a presença de quem pagam (através dos impostos) para que nos sirva. De qualquer maneira, eu vou ser sempre uma voz activa e crítica neste processo. Por isso, mais vale aceitarem o contributo da minha experiência, da minha inteligência e do meu voluntarismo idealista. (Provavelmente deve-se à minha abordagem agressiva, rebelde e iconoclasta o facto da autarquia ter posto travões a alguns dos seus projectos dementes, refazendo a sua estratégia para nos foder enquanto enchem os bolsos.)
Assim como eu tenho que gramar com políticos (tantas vezes imbecis e até corruptos) nos quais não votei mas que se julgam no direito de decidir por mim em matérias que em muito influenciam a minha qualidade de vida, eles também vão ter que me aturar nestas negociações!
Quem acha que que eu ando a ser manipulado (?!?) ou que me limito a agir como um franco atirador, atirando bocas inconsequentes apenas para satisfazer a minha costela de agitador compulsivo, demonstra uma ingenuidade pouco inteligente. De facto, eu tenho movido diligências junto de ONGs credíveis e com algum poder, bem como junto de técnicos muito competentes, tanto os que são independentes como os que trabalham para o Estado. O passo seguinte será tentar atrair a atenção dos média nacionais para o que se está a passar no paul da Gouxa/dos Patudos.
Várias vezes neste espaço virtual expus uma série de ideias e de passos - perfeitamente exequíveis – que considero a melhor evolução para o paul. A fim de preparar o terreno para esses projectos sustentáveis, primeiramente precisamos que o ICN consiga um estatuto - efectivo ! – de protecção legal para esta zona húmida.
Concomitantemente, devemos pressionar a autarquia a abortar os projectos contra natura (ex.: campo de golfe, condomínio luxuoso, lagoa artificial para motas d’água, hotel e outros absurdos que querem implantar lá mas que ainda nem se atreveram a divulgar publicamente) e para que se empenhe em erradicar do paul as suas principais fontes de poluição.
O mecenato, as ONG e as universidades também deverão ter uma intervenção activa neste processo.
Estou convencido de que o grupo de escuteiros que está a ser criado em Alpiarça pode e deve ter um papel preponderante, mas é um absurdo pensar-se que estão em condições de liderar o processo. Se eles forem honestos (e não tenho razões para duvidar disso), reconhecê-lo-ão sem que os egos ou os interesses de grémio saiam beliscados. Gostaria de os ver activos e cumprindo o potencial do seu (auto)publicitado espírito cívico .
Até me falaram que uma das (futuras) dirigentes locais dos “escutas” está a tirar o mestrado numa temática qualquer relacionada como ambiente. Óptimo. Suponho que isso será uma mais valia não apenas para os seus companheiros paramilitares, mas também para todos nós. Se ela estiver disposta a colocar os seus conhecimentos e a sua energia criativa ao serviço da comunidade e do Bem Ambiental, isso deveria orgulhar-nos a todos e ajudá-la a cumprir o seu potencial. Se, ainda por cima, for simpática, então é um jackpopt para Alpiarça. Não obstante, certamente que nada no seu treino académico a preparou para as lutas conservacionistas a sério.
Os alegados “valores ambientais” que se supõe possuírem os escuteiros não passam de publicidade enganosa. Infelizmente, os escuteiros portugueses (independentemente de se são ou não papa-hóstias) não têm qualquer tradição ou formação em projectos de conservação da natureza, nem sequer de educação ambiental. (Já me vão cair em cima mostrando-me estatutos, manuais anacrónicos e projectos pontuais, descontextualizados, mal elaborados e pior conduzidos, mas eu já tenho muitos anos de experiência em lidar com carradas de escuteiros de todo o país, como para saber do que estou a falar.)
Alguns amigos meus e muitos outros conhecidos que se tornaram competentes técnicos de ambiente passaram pelos escuteiros. Nem um deles jamais me disse bem dessa experiência e, acima de tudo, todos concordam em como não aprenderam lá nada de válido sobre a natureza – pois os seus chefes não sabiam, nem queriam saber, a ponta d’um corno sobre essas temáticas.
É um facto inquestionável que os escuteiros nem sequer sabem andar no campo, fazendo uma algazarra que perturba tanto os verdadeiros ecologistas como toda a vida selvagem. Muito pior, com a arrogância típica dos militares (até porque muitos chefes de escuteiros são uns frustrados por não terem conseguido chegar ao topo da parasitária carreira militar, e aliviam essa frustração com prolixas ordens à garotada…), costumam dizer que os escuteiros não precisam de ter lições de campo de ninguém!
Continua válida aquela velha definição de que os escuteiros não passam de «um grupo de meninos vestidos de parvos, guiados por um parvo vestido de menino»… Está mais do que na hora de mudarem de atitude e de objectivos! Bem, cada um que coma do que gosta.
Sempre tive horror a fardas (apesar de muito boa gente as usar), sejam militares, académicas ou industriais. Mal consigo controlar a náusea quando vejo crianças em uniformes paramilitares com um monte de símbolos fascisóides e trabalhando para as medalhinhas e para subirem numa hierarquia vertical, que não passa de uma cadeia de comandos vazios. Parecem-me óbvias as arrepiantes semelhanças com a Mocidade Portuguesa e com a sua irmã, a Juventude Hitleriana. Pior ainda se estão ligadas à Igreja Católica – que fez um asqueroso aproveitamento do escutismo, até porque o seu fundador era um militar protestante. (Será mais uma reminiscência do “espírito dos Templários”?!)
Durante os vários anos que passei na Serra da Lousã e no Tejo Internacional tive o desprazer de contactar com centenas de escuteiros provenientes de todo o país e até do estrangeiro. Apenas um dos seus líderes (que pertencia à facção não católica, por sinal) mostrou que tinha interesse e conhecimentos mínimos sobre a vida silvestre portuguesa, além de ter aceite modificar os seus jogos nocturnos por forma a minimizar a perturbação à fauna (que geralmente foge espavorida destes barulhentos campistas “selvagens”, que chegam a juntar-se às centenas onde a Lei diz que o cidadão comum não pode acampar…) .
Na Lousã fartei-me de ver estas tropas em miniatura armadas com catanas a cortar todos os arbustos e árvores jovens que lhes apareciam pela frente nos caminhos serranos. Talvez julgassem que estavam a fazer um trabalho meritório, o problema é que não faziam a menor ideia que é necessário distinguir espécies. Ou seja, não se organizavam para combater a praga das acácias, mas cortavam irresponsavelmente os raros – e protegidos por Lei! – azevinhos, bem como as cerejeira, muitas vezes apenas para treinar a construção de estruturas parvas e inúteis (inclusive cheguei a ver deitarem fora – ao lado de ribeiras de águas limpas – latas ainda com tinta extremamente poluente, que usaram nos acampamentos!)
Na Lousã fizeram tanta merda que já ninguém via com bons olhos a sua presença (maciça). O por episódio de que tive conhecimento foi a vandalização gravíssima de uma escola primária que servia de casa abrigo para os montanhistas e que era por estes mantida em boas condições. Pois um pequeno grupo de escuteiros até arrancou o soalho para queimar na lareira (não estava um frio de rachar e sempre há montes de madeira apropriada para esse fim nas imediações). Para “variar” nenhuma autoridade os responsabilizou por estas barbaridades, nem é por isso que diminuem os copiosos apoios que recebem por todo o lado…
Em teoria, qualquer chefe de escuteiros é contra estas atitudes, mas o certo é que acontecem demasiadas vezes.
Certa feita tive que me dirigir a um dos seus acampamentos (na Sª da Piedade) a fim de lhes pedir que fizessem menos barulho, pois estava a ser insuportável para todos os jovens sob a minha responsabilidade (num campo de férias) que tentavam dormir sabendo que teriam um dia cheio de actividades tão exaustivas quanto gratificantes pela serra, mal o sol raiasse. Vagueie por entre as tendas dos escutas à procura dos seus chefes, o que me deu a desagradável oportunidade de constatar que havia crianças a beber álcool e a fumar dentro das tendas! Pouco depois descobri os adultos (que era suposto tomar conta deles) a fazer o mesmo num café-restaurante que existe lá ao lado…Prefiro acreditar que foi muito azar ter esbarrado acidentalmente em comportamentos que são a excepção e não a regra.
Já que estamos em maré de excepções, vale a pena referir que, embora os escuteiros sempre tenham recusado as ofertas de colaboração que lhes fiz quando era um membro muito activo da Quercus, certa vez fui contactado por um dos seus líderes que planeava um grande acampamento na Lousã e pretendia ajuda para elaborar umas actividades lúdico-didácticas de cariz ambiental, como ele tinha visto no estrangeiro. Eu concordei cheio de entusiasmo, e metemos mão à obra. (Para tal até o cheguei a receber em minha casa, onde apareceu quase 3 horas depois do que tinha combinado, “obrigando-me” a trabalhar para ele até às 2 da manhã, quando eu tinha que me levantar às 6,30h…)
Durante uma semana fiz-lhe toda a papinha (completamente à borla) para que tivesse um amplo leque de actividades validadas por ambas as partes envolvidas.
Quando chegou o dia do tal acampamento de escutas, o tipo deixou de me contactar e tornou-se incontactável. Nem sequer voltou a minha casa buscar o plano de actividades que eu lhe preparara.
Meses mais tarde, encontrei-o na «Feira da castanha e do Mel». Fingiu que não me conhecia, o estupor! Por coincidência, conheci a sua irmã e esta confidenciou-me que o tipo pessoalmente não tinha nada contra mim mas que fora vivamente aconselhado pelos outros chefes de escuteiros a não se meter com a Quercus, pois «não passavam de um bando de fundamentalistas que poderiam por em risco a atribuição de muitos subsídios aos escuteiros» (sic)…
Dos muitos "escutas"que passaram pelo Monte Barata (a quinta que a Quercus possui no T.I.), apesar de utilizarem as instalações à borla (por pura boa vontade dos seus anfitriões), nunca se disponibilizaram em ajudar nas actividades de conservação da natureza e/ou de manutenção da quinta, alegado sempre que tinham pouco tempo para cumprirem todos os objectivos que tinham programado anteriormente… Apenas uma vez, uns garotos escuteiros (que até tinham participado em intercâmbios da Quercus com outras ONGs no estrangeiro) lá apareceram como “civis” e ajudaram a construir uma pequena ponte para o gado ovino.
Não é um balanço muito positivo, pois não?
Quando estive ligado a grupos de espeleologia, os escuteiros eram sempre alvo de piadas mórbidas pelo modo inconsciente como estes iam brincar para as grutas - tendo inclusive morrido alguns nesses disparates. E depois têm outra irritante mania de colocar placas em sua honra em espaços naturais públicos (ex.: topo da ilha do Pico e na na Serra de Gredos; esta última, no seu sopé, não tem um calhau livre de marcas de escuteiros feitas com tinta...).
Porque é que as autoridades estão sempre a apoiar os escuteiros e não os grupos ecologistas/ambientalistas? Porque os escutas são muito bem vistos pela sociedade conservadora (que se emociona até às lágrimas sempre que vê garotos uniformizados, fingindo ser obedientes e leais à pátria em cerimónias cheias de pompa, À semelhança do que acontece quando vêm jogadores de futebol envergando as cores da bandeira nacional, de mão ao peito enquanto se difunde um hino que nos incita a pegar em armas e a marchar contra os canhões…), mas sobretudo porque sabem que os escuteiros jamais fazem “ondas” em termos de intervenção social e são altamente manipuláveis.
Claro que nem tudo é mau. Aproveitando consensual aprovação dos encarregados de educação, para os miúdos, as actividades de escutismo poderão ser uma boa oportunidade de confraternização na natureza. A cooperação também exige alguma disciplina, e é até possível sentirem orgulho em assumir responsabilidades.
Todos precisamos de tempo para crescer, a fim de sabermos qual o nosso papel na sociedade e quais e como são os compromissos e os objectivos que conseguimos alcançar. Se os escuteiros de Alpiarça realmente têm um projecto ambiental original e adaptado às exigências do século XXI, estando também dispostos a colaborar e a receber formação de técnicos e de ONG com muito mais conhecimentos e experiência nessa área, então serão merecedores dos apoios que estão a receber mesmo antes de fazerem algo de relevante. (Por exemplo, em Espanha há muito tempo que os escuteiros assim o fazem; eu até tenho um manual de educação ambiental que resultou da colaboração dos escuteiros com a WWF. Na Suiça vi escuteiros muito bem preparados para fazer educação ambiental, para além de serem especialistas em salvamentos de montanhistas.)
Não sou tão “fundamentalista” e intratável como me querem pintar. Apesar da minha velha antipatia pelo escutismo, mal ouvi que se estava a constituir um grupo em Alpiarça, ofereci a um dos seus principais responsáveis a minha colaboração em regime de voluntariado, e cheguei até (mas não o revelem aos meus biógrafos…) a aconselhar a alguns dos meus alunos a experimentar essas actividades, pois não estava a ver outra oportunidade para eles irem acampar com outros miúdos no nosso paul nos próximos tempos e com o consentimento dos seus pais.
O “homem-bomba” com o qual tive recentemente uma troca de “mimos” neste blog, é um desses futuros chefes de escuteiros alpiarcenses. Neste momento é-me muito difícil acreditar que essa colaboração possa vir a concretizar-se pois, como todos vocês foram testemunhas, ele acha que eu estou a ser manipulado –tanto pela oposição como pela autarquia (não faz a coisa por menos…). Na sua tresloucada teoria da conspiração, essa forças obscuras que fazem de mim um títere conspiram ambas para destruir o nosso paul (eu serei, pois, o arauto da sua destruição?! Será esse o objectivo do meu regresso a Alpiarça?!)… Assevera igualmente que eu estou cá para fazer favores não sei a quem… para um tipo tão obcecado por armas de fogo (que fazem os homens minúsculos terem ilusões de “grandeza” à conta do poder de destruição que manipulam), tem uma pontaria mesmo má…Pelos vistos, não sou o único que deverá moderar a linguagem insultuosa…
Enfim, eu até estou disposto a relevar estes insultos absurdos, se vir da sua parte uma vontade real em lutar pela preservação do paul - mesmo que estejamos em “trincheiras” separadas (mas espero que não opostas…).
Não me venham com hipocrisias querendo fazer-me passar pelo único alpiarcense que não aceita outros pontos de vista. Sei fazer compromissos, mas sei igualmente qual é o ponto a partir do qual os meus ideais me obrigam a ser intransigente. O interesse principal dos políticos locais em relação ao paul é vende-lo a retalho para a especulação imobiliária e para o turismo insustentável e elitista. Por outro lado, é triste constatar que se neste momento fosse dado ao povão todo o poder de decisão sobre o destino do paul, o mais certo é que o convertessem numa barragem rodeada de pistas para “desportos” motorizados e num campo de extermínio total da vida selvagem alvejada com chumbadas provenientes de todo o lado. Se tivessem oportunidade, talvez até caçassem e fizessem garraiadas nos pátios das escolas! Pedir à maioria das pessoas que, do dia para a noite, ganhem uma consciência ambiental que vai contra quase tudo em que fomos formatados durante demasiado tempo pela Igreja, o Estado, os partidos políticos, os industriais e o ensino formal, seria como pedir ao povo alemão que se comportasse da forma descontraída, desenrascada, humorada e festiva que reconhecemos no povo brasileiro.
Estes assuntos são de extrema importância, e por isso deverão conjugar esforços sinergéticos entre os técnicos qualificados (cuidado com a excessiva tecnocratização das informações, até porque os técnicos não costumam ser independentes!), várias ONG (que poderão e deverão integrar membros esclarecidos e reivindicativos das comunidades locais), as escolas e os média. Só assim poderemos obrigar os políticos a agir correctamente, contribuindo simultaneamente para a educação ambiental de toda a população.
Dificilmente encontraremos na história da nossa democracia parlamentar outro Primeiro Ministro que tenha beneficiado de acessores (para as temáticas ambientais) tão competentes quanto os que estão à disposição de José Sócrates. Na prática, o chefe do governo raramente acata esses conselhos, preferindo fazer o que todos os políticos de topo fazem: obedecer aos maiores lóbis corporativos e assegurar um bom pecúlio. Sócrates até deu continuidade à política de Barroso/Lopes de matar lentamente o Instituto de Conservação da Natureza pelo qual já ninguém nutre a menor simpatia...
Há poucas semanas, Fernando Ruas, que é o presidente da C.M. de Viseu, assim como da Associação Nacional de Municípios (esta última, no mais das vezes, comporta-se como uma autêntica máfia..), a propósito de uma multa (irrisória) que uns fiscais do Ministério do Ambiente (M.A.)aplicaram a uma junta de freguesia do seu concelho, declarou à comunicação social que as autarquias e as juntas de freguesia deveriam correr à pedrada os fiscais do M.A. mal os vissem aparecer nos seus feudos. (Ao ouvir isso o presidente cá do burgo deve ter tido orgasmos múltiplos, gravando estas declarações escabrosas e terceiro-mundistas em DVD, a fim de servirem de “motor de arranque” para as suas noites românticas…) Na altura, Ruas frisou que estava plenamente consciente do teor das suas palavras polémicas e repetiu-as. Volvida uma semana, já com as orelhas quentes e com o nome (ligeiramente) enxovalhado nos média, eu o dito pelo não dito, pretendendo fazer passar por estúpidos, que levam tudo muito à letra, os seus críticos. São estas bestas os responsáveis por o país se ter transformado num imenso eucaliptal e, logo que o calor aperta, num mar de chamas; bem como os que exigem que todo litoral português seja descaracterizado e entregue à especulação imobiliária. (Recordemos que Portugal, entre 1990 e 2000 foi o país da U E que mais descaracterizou o seu litoral, tendo cimentado e destruído mais 34% da nossa costa.)
Nas muitas sessões de sensibilização ambiental que tenho feito pelo país fora, já deu para notar que aqueles que são mais expeditos e picuinhas em apontar contradições entre o discurso e modo de vida dos ambientalistas , querendo à força toda mostrar ao mundo todo que não se tratam de pessoas imaculadas nem de “Messias verdes” (nunca conheci nenhum ecologista/ambientalista que tivesse a estulta veleidade de assumir tal papel impossível de sustentar na nossa sociedade), são os que não mexem uma palha pela defesa do património natural, mas que depois, quando a merda chega aos seus quintais, vão para as sedes das ONG (que tanto gozo lhes tinha dado denegrir geralmente sem saber do que estavam a falar) fazer exigências que nem um exército de anjos conseguiria cumprir.
Quem se expõe de peito aberto dizendo o que pensa, está invariavelmente sujeito a uma avalanche de críticas. Caso eu me preocupasse muito com isso, não sairia de casa ou atirar-me-ia de um penhasco. Lembram-se de eu aqui ter feito referência a um filósofo alemão que disse « a cabeça dos outros é um lugar demasiado tenebroso para aí encontramos a nossa felicidade»? Pois, essa é uma das minhas máximas favoritas.
PB
1 comentário:
Caro senhor.
Também partilho a mesma opinião em relação aos escuteiros. Pelo que vi das pessoas que os dirigiam há uns dias na reserva, nunca vão passar de papa-óstias, nem são pessoas para afrontar o poder instituído, antes pelo contrário.Foi por começar a consultar o seu Blog que tomei consciência da riqueza ambiental que tenho à porta.Talvez um dia Alpiarça lhe agradeça.
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