quinta-feira, julho 20, 2006

A onda de calor que acabamos de viver foi a pior dos últimos 65 anos.
Os verões infernais (como o que conhecemos em 2003, ao qual não sobreviveram 35 mil europeus) vieram para ficar. Isto faz com que usemos e abusemos dos aparelhos de ar condicionado, que, devido à libertação de CFCs (clorofluorcarbonetos ) destruidores da camada de ozono, farão com que o clima aqueça ainda mais...
A seca que conhecemos no final dos anos (19)80, início dos 90, foi apenas uma pequena amostra do que nos está reservado para um futuro próximo… As precipitações irão diminuir e até ao final deste século a costa portuguesa verá o mar subir 50 cm. Será que não há maneira de levarmos estes problemas cruciais/vitais a sério, a não ser quando já é tarde demais?
Durante o século XX a temperatura aumentou 0,6 graus centígrados. Entrados no séc. XXI , as previsões mais optimistas apontam para um aumento de 1,5 Cº (o que terá consequências devastadoras), mas as mais pessimistas (e igualmente plausíveis) elevam a terrífica fasquia para um aumento de 6 Cº até ao termino deste século. A Europa, nas últimas duas décadas, tem vindo a enfrentar um clima em convulsão com desastres em catadupa (ex.: inundações, desmoronamentos, secas, incêndios,...). O clima sempre fez das suas, mas é inegável o agravamento da situação. Se tudo isto se deve a um aumento de 0,6 Cº na temperatura média global, imaginem o que acontecerá com o aumento em 6 Cº até ao final do presente século...
Devido a este problema global, na Costa Rica já se extinguiram 12 das suas 18 espécies endémicas de anfíbios.

A organização Greenpeace alerta que as alterações climáticas, até meados deste século, cobrem a vida a um milhão de espécies. Só em 2003 perderam a vida 150 mil pessoas e houve prejuízos na ordem dos 50 biliões de euros. Nesse ano, restringindo-nos apenas à Europa e à onda de calor que a assolou, 20 mil pessoas morreram e os agricultores queixaram-se de terem perdido colheitas no valor de 8.170 milhões de euros.
Por sua vez, a Agência Europeia do Ambiente, num relatório de 2004, afirma que, globalmente, a Europa (com destaque para a Rússia e para a Península Ibérica) será dos locais mais afectados pelas alterações climáticas, podendo deixar de ter invernos frios lá para 2080.
Mesmo que cessássemos neste instante e definitivamente todas as actividades lesa-natura, isso não impediria de sofrermos as consequências de todo o mal que já fizemos. Soltámos os nossos piores demónios e agora não podemos dizer-lhes que se comportem. Os cientistas alertam para que, se a humanidade quer salvar-se aos desabridos desastres “naturais” que nos estão reservados, devemos reduzir – já! – em 60% as nossas emissões de CO2. O Protocolo de Quioto apenas pede aos países signatários uma redução de 5,2% dos gases com efeito de estufa. Os países da U E comprometeram-se a reduzir em 8% essas emissões até 2008 ou 2012 (ex. Portugal deveria reduzir em 27%, enquanto que para França a meta é a estabilização das emissões em zero). Desde que foi assinado, o maior emissor mundial de gases com efeito de estufa (responsáveis por 25% das emissões globais destes gases, e de 36,1% no que se refere ao dióxido de carbono), os EUA, aumentaram as suas emissões (de CO2) em 20%...
A cada ano que passa, verifica-se um aumento galopante das vítimas de desastres naturais. Em 2003 as catástrofes meteorológicas e geológicas cobraram as vidas de 77 mil pessoas e deixaram 255 milhões a indagarem-se como poderão refazer as suas vidas. Os países ricos perceberam que não estão imunes a estas desgraças – triplicaram o número de vítimas ocorridas em 2002.
Como refere o Relatório Mundial de Catástrofes, elaborado pela Cruz Vermelha em 2003, « O crescimento da população urbana, a deterioração do meio ambiente, a pobreza e as doenças, combinados com o perigos sazonais, como as secas e as inundações, geram situações de adversidade crónica.»

Nem as maiores potências da actualidade poderão suportar os custos das reconstruções, dos desalojados, dos refugiados, das colheitas perdidas, do esgotamento dos recursos naturais catástrofe após catástrofe – que também farão derrocar as bolsas e todo o mercado de valores especulativos.
A cada ano que passa agrava-se a situação das calamidades naturais. As empresas seguradoras (mesmo estando sedeadas em paraísos fiscais) vão perdendo a capacidade de indemnizar os seus clientes (que são as vítimas mais abastadas e que com relativa facilidade transferem os seus investimentos à procura do lucro fácil por todo o mundo), tendo declarado 2004 como o pior ano de sempre para o seu negócio.




As fronteira político-administrativas que os homens traçam nada significam para a biosfera.Chuvas ácidas que destroem extensas áreas de floresta no Canadá sãocausadas maioritariamente pela poluição estado unidense. A Noruega é vitimado mesmo problema, mas desta feita os vizinhos-vilões são a Rússia, a Polónia, a Alemanha e o Reino Unido.Num estudo efectuado nos anos (19)80, em que se analisaram as concentrações de vários tipos de substâncias perigosas bioacumuláveis no leite de duaspopulações de mulheres que viviam em ambientes opostos. A conclusão foi que as mulhers Inuit (esquimós) tinham concentrações 5 a 8 vezes mais elevadas dos poluentes rastreados do que as nova iorquinas. Como é isso possível, se os povos do Árctico praticamente não poluem o seu entorno e vivem frugalmente? É que as correntes oceânicas que carregam parte substancial das descargas poluentes dos norte americanos convergem para o Árctico. Os Inuit quilibram-se periclitantemente no topo da pirâmide trófica, poisalimentam-se quase exclusivamente de animais marinhos, com destaque para os degrande porte. (A propósito, as belugas encontradas mortas na Baía de Hudson são tratadas como resíduos tóxicos pelas autoridades canadianas...)Vários Micro-Estados insulares do Oceano Pacífico estão em risco eminente dedesaparecer devido à subida das águas marinhas, além de nas últimasdécadas serem assolados por intempéries que se abatem sobre a micronésia com uma intensidade e frequência como não há memória.
Em todo o mundo, 100 milhões de pessoas vivem a menos de um metro acima do nível do mar. Os oceanos deverão subir (mais por dilatação térmica do que devido ao degelo das calotas polares), até 2100, entre 10 e 88 cm (comparativamente aos valores de 1990). Isto será o suficiente para alagar pelo menos 100 mil quilómetros quadrados de costa.
A quantidade de CO2 emitida por estes povos é irrisória no quadro geral das alterações climáticas, mas num futuro próximo serão eles a pagar a pior factura dos excessos do mundo industrializado.
O Japão é das nações industrializadas que mais deveria levar muito a sério esta ameaça global, pois, mais do que perder cerca de 90% das suas praias de areia com a subida eminente das águas oceânicas, os solos dos seus maiores centros urbanos e industriais já se encontram abaixo do nível do mar. na Holanda trava-se uma luta idêntica contra o mar e contra o tempo. Se os 500 milhões de euros que têm que acrescentar à já avultada verba destinada à manutenção e reforço dos seus diques não surtir os efeitos desejados, 10 milhões de holandeses terão que emigrar. Os seus vizinhos alemães terão também que gastar mil milhões de euros para proteger 3,2 milhões de compatriotas/habitantes das terras baixas.
O clima temperado de que beneficia a Europa deve-se, em grande parte, àcorrente do Golfo do México, que, calcula-se, nos aporta uns 30% do calorabsorvido nos trópicos, junto à linha do equador. Mas as maiores dádivas danatureza, que consideramos bens adquiridos, podem desaparecer rapidamente.Suponho que nem ao presidente da General Motors restam dúvidas de que somos osprincipais responsáveis pelo efeito de estufa que faz o planeta "suar pelasestopinhas". Mas, para além de se construírem novas fábricas de aparelhosde ar condicionado e de protectores solares, pouco fazemos para contrariaresta situação aflitiva - países como a Rússia até a consideram benéfica,sonhando com um aumento da sua produção de culturas agrícolas, com destaque para os cereais. Mas o problema não é para brincadeiras e já estamos a enfrentar calamidades (ex.: secas, intempéries cada vez mais frequentes e intensas, surtos de cólera e propagação de doenças tropicais por todo omundo, morte dos recifes de coral, subida do nível dos oceanos,desaparecimento dos glaciares, ...)que ultrapassam largamente os precáriosrecursos de que dispomos para as colmatar. Todos os meios técnico-científicos se revelam ineficazes para interpretar com exactidão a complexa dinâmica da biosfera, prevendo o seu comportamento a longo prazo.Ao contrário do que é aceite pela maioria das pessoas preocupadas com estes fenómenos, é possível que o aquecimento global até empurre a Europa para uma nova era glaciar, antes que finde o século XXI. Com o derretimento dos gelos polares, conjugado com o aumento da evaporação e consequente precipitação sobre o oceano, a corrente quente do Golfo do México poderá ser de tal modo afectada - pela diluição da salinidade e pela colisão comuma outra corrente fria vinda do Árctico - que chegue ao ponto de serinterrompida.Apesar da Idade do Gelo ter findado há mais de dez mil anos, a partir do séc. XIV, e durante cinco séculos, a Europa viveu uma pequena/moderada era glaciar que teve o seu apogeu no final do século XVI. (Um dos mistérios ainda poresclarecer é o facto do início dessa era de frio generalizado coincidir com o aparecimento e alastramento da "peste negra".) Do outro lado do Atlântico,os E.U.A. viveram uma das piores secas de que há registo histórico
Estudos recentes demonstram que as mudanças de temperatura sempre foram frequentes e abruptas, podendo ser observadas até em períodos inferiores aduas décadas.Um número crescente de cientistas (inspirados pela teoria revolucionária deWally Broecker) crê que as oscilações climáticas se relacionam sobretudocom as mudanças de comportamento das correntes oceânicas. São teorias que necessitam de ser averiguadas, mas muitas outras hipóteses estão em aberto.Para aqueles que ainda estão em fase de autonegação, escondendo a cabeça na areia face às mudanças climáticas e alinhando pela posição da administração Bush e dos seus “cientistas” de bolso, basta pensarem com um pouco de bom senso. Cada vez que um grande vulcão explode, a quantidade de cinzas e gases que são expelidos para a atmosfera durante um par de semanas é o suficiente para provocar alterações climáticas drásticas à escala global. (Vejam o exemplo de Tambora, um vulcão na Indonésia cuja erupção no séc. XIX fez com que na Europa e na América do Norte não houvesse Verões durante uns 3 anos, o que inviabilizou as principais colheitas, causando a fome a muita gente.) Bem, a acção desses vulcões é mínima comparado com as (pelo menos) 7 gigatoneladas só de CO2 (o principal gás com efeito de estufa) que a actividade humana produz anualmente – já levamos mais de um século de industrialização global.
Com isto tudo, é fácil concluir que o que mais precisamos na Europa mediterrânea (uma das regiões que sofrerá as piores consequências do aquecimento global – começando pela escassez de água) é de autarcas caciqueiros que, devido a negociatas levianas, se empenhem em nos hipotecar o futuro com projectos lesa natura – tais como os campos de golfe ! – para uma elite desfrutar e o resto da sociedade pagar um preço demasiado pesado a médio e longo prazo. Se os cidadãos “comuns” não se organizarem a fim de travarmos estas filhasdaputice escusam de contar com a “boa vontade” e “consciência social e ambiental” dos políticos, dos técnicos, dos média e dos magistrados. Temos que exigir que a autarquia cumpra os objectivos da Agenda 21 Local!!!

PB

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro amigo
Que tal para um próximo post abordar o tema "gastos desnecessários"
Tendo como base o gasto de papel feito pela câmara, quando cada pessoa que se dirija aos serviços de tesouraria ou outro ter de levar uma folha tamanho A4 para receber umas simples assinaturas e devolver o dito papel na portaria, ao menos, se queriam fazer um controle das pessoas que vão á Câmara, reduzissem o tamanho da folha para por exemplo: A6.
Mas é caricato ir á Câmara pagar uma simples mensalidade de refeições escolares e para dobrar uma esquina ter que levar uma folha enorme.
Já pensei em recusar tal folha, porque acho que em parte sou eu que pago tal folha, mas com todo o desenrolar na net (blogs), considero que haja medo por parte de quem manda.