sexta-feira, julho 14, 2006

«Ninguém cometeu um maior erro do que aquele que não fez nada só porque poderia fazer muito pouco...» - E. Burk

Segundo a ONU, globalmente a desertificação está a processar-se a um ritmo 16 vezes superior ao que a natureza tem capacidade para regenerar a sua fertilidade, o que se traduz num prejuízo anual de 44 mil milhões de dólares. Por seu turno, a WWF diz que estamos a consumir mais 25% dos recursos naturais do que é possível à mãe natureza repor. Temos ainda que ter em consideração que, a cada ano que passa, acrescentamos mais de 80 milhões de pessoas à população mundial, e que, pela primeira vez na história, mais de metade das pessoas vivem em cidades – que não produzem os seus alimentos. A terra e a água são bens cada vez mais escassos, e a merda dos políticos esquecem-se que tudo – mesmo tudo! – provém dos recursos naturais.
Nos últimos 30 anos a temperatura média em Portugal aumentou 1,5 ºC. Para os leigos, ou desatentos, tal não parece muito, mas foi o suficiente para que nos 8 anos precedentes o mundo vivesse os 5 anos mais quentes alguma vez registados. E isto é uma pequena amostra do que aí vem…
O nosso maior especialista em clima, o Prof. Duarte Santos, assevera que não tardará muito para que os actuais 10 dias médios em que, anualmente, a temperatura se mantém acima dos 35 ºC (à sombra…), passem a ser 60 ou 70 dias anuais…
Em Maio de 2004 o ministério da Saúde acabou por reconhecer que a onda de calor de 2003 tinha feito muito mais vítimas do que aquelas que o governo queria admitir, perfazendo os 1953 mortos só no nosso país.
A vaga de calor de 2005 foi responsável por despesas que duplicaram o antigo record para estas calamidades registado em 1998.
As maiores ondas de extinção maciça que a Terra já sofreu estiveram intimamente ligadas a aumentos brutais da temperatura global…
Acabou de sair um relatório científico independente que realça estes factos e urge à tomada de medidas (políticas) que tenham um efeito drástico na poupança da água. Como resposta, os nossos autarcas promovem campos de golfe, cimento e alcatrão à força toda!... deve ser para cumprir algumas alinhas que resolveram acrescentar sub-repticiamente à Agenda 21… Sarcasmos à parte, esta atitude suicidária não se deve apenas à notória falta de consciência social e ambiental, para além de uma estupidez crassa, típica dos nossos autarcas; trata-se sobretudo de ganância filha-da-puta e de estarem reféns dos lóbis que lhes financiam as carreiras políticas. O clientelismo e as negociatas predatórias são quem mais ordena (seja a vila loira ou morena…).
Os campos de golfe são essencialmente jogadas de especulação imobiliária. Ninguém no seu perfeito juízo pensa que um em Alpiarça será economicamente viável, e muito menos ecologicamente sustentável – ainda por cima a ser implantado nas margens de um dos pauis mais interessantes do país e numa região cujos aquíferos já estão poluidíssimos!
No início da década de 90, o Eng. Carlos Melancia, usando a sua enorme influência política e corporativa, conseguiu inaugurar um campo de golfe em terrenos de reserva Agrícola nacional (e propostos para Reserva Ecológica nacional) em pleno Parque Natural da Serra de S. Mamede, no sopé do Marvão (que em breve deverá ser considerada uma povoação património da humanidade). Nos 58,71 hectares de terrenos terraplanados e artificialmente arrelvados, foram destruídos dezenas de sobreiros enormes (supostamente uma “espécie protegida”) , o que levou à demissão do director da referida “área protegida”, pois cansou-se de vociferar em vão contra o projecto que escarnecia da Lei. Estava ainda prevista a construção de 100 apartamentos e 35 moradias para endinheirados, e ainda um hotel.
Na altura, cheguei a ouvir o Sr. Melancia ter o supremo desplante de avaliar o grau de “desenvolvimento” dos países pela relação entre o nº de buracos (dos campos de golfe) por cada habitante!... (Concomitantemente, os acessores de cavaco Silva diziam que «quanto mais lixo se produz per capita, mais desenvolvido é o país»…)
A elite de escroques está absurdamente desfasada da realidade do “cidadão comum”, apenas lhes interessando encher os bolsos com o máximo de celeridade à custa de danos a terceiros e ao ambiente. É tão simples quanto isso.
O caso do Melancia em Portalegre criou um precedente gravíssimo. Apesar de o seu campo de golfe e de toda a oferta de camas que o acompanha estar num sítio extremamente privilegiado (que já atraia imensos turistas), revelou-se um fiasco económico; os poucos golfistas que lá aparecem não fazem despesas suficientes para cobrir os custos de manutenção;
até o hotel (de 4 estrelas)está actualmente à venda… Não obstante, a construção de vivendas ligadas ao campo de golfe nunca parou até aos dias de hoje…

Esta autarquia prepara uma golpada semelhante.
Estas filhasdaputices irresponsáveis são transversais a todas as cores político-partidárias. Por ex., no Redondo (bastião de “dinossauros” vermelhuscos) a autarquia recentemente conseguiu fazer um campo de golfe com moradias para ricos e até um centro comercial no meio de um montado, à volta da maior barragem local. As leis devem vir em papel macio e absorvente…
Em Sesimbra estão a implementar algo semelhante mesmo em zona de rede Natura 2000.
Aqui ao lado, na área circundante à Reserva Natural do Paul do Boquilobo, os autarcas não fazem por menos: o projecto turístico que acalentam prevê um nº de fogos superior ao que existe para toda a população de Almeirim, doidos com a perspectiva de deitarem as garras a fundos da comunidade europeia e ao investimento estrangeiro (uma vez que o projecto pretende acomodar hordas de reformados nórdicos).
Do Algarve é melhor nem falar… Por ora.
Quando é deixamos de ter autarcas megalómanos, gananciosos, clientelistas e com uma esperteza terceiro-mundista que só lhes permite planear o futuro imediato repleto de negociatas?!

à medida que a Srª vereadora Vanda Nunes se vai chegando ao gabinete do Presidente (e, na qualidade de seu pitbull de “confiança”, rosna e morde a toda a concorrência pelo poleiro, enquanto lambe a mão que lhe atira uns ossitos…), vai deixando as (ir)responsabilidades ambientais para o Eng.º Ferrerinha. Este último, com o seu carisma de gafanhoto e o absoluto desprezo e ignorância por essas temáticas (e quem no executivo camarário não sofre desse mal?), nem parece perceber que essa jogada interna (uma mera manobra de diversão para aliviar a pressão sobre a vereadora) apenas o irá queimar… Assim, a Drª Vanda poderá continuar a acalentar o sonho de vir a comandar a autarquia, apesar de, mesmo dentro do PS local, ser actualmente tão popular quanto um peido num elevador, já pouco lhe valendo a sua “simpatia de vaselina” da qual se valia para engabelar crédulos.
O Dr. Rosa do Céu é que sacudiu completamente essa água (inquinada) do seu capote, não querendo mais estar associado às palhaçadas "ambientais" da autarquia. Ele bem saberá os podres que tem para esconder relativamente aos resíduos varridos para debaixo do tapete, à (falta de) qualidade da água, ao projecto imobiolário para o paul, etc, etc... O pelouro do ambiente vai começar a dar-lhes mais trabalho do que o habitual coçar das micoses enquanto esperam pelos cheques...
Agora os recursos naturais passam apenas a ser recursos turísticos, e esta autarquia só pensa no turismo para as elites – que nunca chegarão, mas, entretanto, esses projectos megalómanos e insustentáveis (tanto economicamente como ambientalmente) vão enchendo os bolsos à família e aos compadres de Sua Majestade que dominam o lóbi do cimento e da especulação imobiliária…
Enquanto debitam hipocrisias e generalidades inócuas sobre o paul dos Patudos na edição de Junho do «Alpiarça (des)Informa» , pelo menos poderiam ter feito o frete de ir até lá, pois das 4 fotos que publicaram ao se referirem ao nosso paul, apenas uma correspondia a essa zona húmida.
Por falar em fotos, que fique bem claro que a Srª vereadora se apropriou indevidamente de 15 diapositivos originais (de qualidade profissional) que são da minha autoria. Em mais de 2 anos que estão em sua posse já teve oportunidade de os usar para o fim a que é suposto se destinarem, e de mos devolver. Juro que este furto de colarinho branco não ficará impune !...

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