quarta-feira, abril 21, 2010


Ruínas
Estou num ermo rodeado por automóveis
Que asseguram a clandestinidade do sexo,
Mas é a antítese da vida que eles representam.
Observo as cabras tasquinhar um magro sustento,
Onde outrora homens se curvaram perante um trono.
Tusso a poeira do que [já] foi um senhor da guerra.
Empurrado pela civilização até à borda do abismo,
Aí não encontro os morangos de que falaram os mestres,
Como consolo para o desespero... Resta a redenção
Do riso e do amor – mesmo nesta empedernida solidão.
Ah, eu nunca me encontro só na natureza que me sustenta!
Nenhum pássaro canta para alegrar a Primavera.
Só uniformes esperam o meu regresso.
Eles não sobem até às fontes onde bebo,
Mas me alcançam envenenando a chuva...

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