segunda-feira, outubro 19, 2009



Para esta gente, o capital é o verdadeiro deus. E, junto com o industrialismo e o neoliberalismo, formam a Santíssima Trindade...


Antípodas
O antropólogo (Francês) Pierre Clastres estudou sociedades tribais por quase todo o mundo. Quando ao típico sistema de lideranças que encontrou, concluiu o seguinte:
“os chefes não dispõem de autoridades, nem poder de coerção, nem tampouco dos meios para fazer prevalecer ordens. Os chefes não são comandantes; os restantes membros da tribo não se sentem obrigados a obedecer.(...) Os chefes apenas contam com o prestígio que as suas sociedades lhes outorgam, a fim de restaurarem a ordem harmoniosa. (...) O que qualifica um homem para ser chefe é a sua competência técnica, o seu talento como orador, a sua perícia como caçador e a sua habilidade para coordenar. (...) Em nenhum circunstância a tribo permite que a superioridade técnica se transforme em autoridade política.
(...) O chefe é responsável pela manutenção da paz e da coesão solidária entre o seu grupo tribal. Ele deve pacificar as brigas e resolver disputas – nunca recorrendo à força que, aliás, não possui, mas baseando-se somente no seu prestígio, na sua oratória e no seu sentido de justiça. Mais do que um juiz que lavra sentenças, ele é o árbitro que visa a reconciliação. (...) A segunda característica fundamental é a sua generosidade, que é tanto uma obrigação moral quanto um modo ...
Entre os Inuit, quem parte a comida é sempre o último a servir-se.
Segundo Francis Huxley, “a obrigação de um chefe é ser generoso e tentar providenciar tudo o que o seu povo lhe pede. Em algumas tribos os chefes são facilmente reconhecíveis porque são os que têm menos posses e usam as roupas mais pobres. Eles têm que ofertar os seus bens e zelar para que não haja assimetrias sociais significativas.” Nestas circusntancias, os chefes jamais forçam os seus pares a fazer algo contra a sua vontade. Imaginem o privilégio de viver toda uma vida sem receber ordens (sobretudo quando são dadas por um qualquer cretino desrespeitador, obcecado por pequenos – e podres! – poderes)
e sabendo-se importante para o bem estar de toda a comunidade que, igualmente, cuidam de nós...
Para sermos completamente honestos, devemos referir que em muitas sociedades tribais nem existem termos, menos ainda estatutos, equivalentes ao que consideramos chefes. Para os índios iroqueses, os líderes tribais são designados por hoyawnah, que significa “boa mente; o pacificador”. Estes indivíduos consideram-se apenas serventes, directamente acessíveis a todos. Quaisquer decisões relevantes para a comunidade são discutidas abertamente em local próprio e todos têm o mesmo direito de expressar a sua opinião e vontade. Tampouco existe um poder executivo que se sobreponha às vozes discordantes. Sem que haja um processo de voto, um acordo unânime é imprescindível. Isso pode levar bastante tempo, mas tal não constitui um problema para sociedades que não são moldadas pela Megamáquina, onde as pessoas têm expectativas aceleradas e uma crônica falta de tempo; o egoísmo é premiado e a ambição despeada.

Respondendo a Jerry Mander, o líder indígena Lyons, refere-se (reportando-se à Grande Lei da Confederação Iroquesa) àquelas que considera serem as mais importantes qualidades de um chefe: “ compaixão; paciência; observância e respeito às leis naturais; empenho no processo (de discussão pública) mais do que no fim em si; coragem; justiça; generosidade; uma natureza benigna, não se impondo demasiado aos demais; compromisso e amor pela sétima geração de crianças por nascer; e dedicação à via espiritual. Os chefes não podem ser cristãos ou estarem ligados a quaisquer outras instituições de cariz confessional.
(estas e outras informações essenciais podem ser encontradas no livro “In the Absense of the Sacrade”, de Jerry Mander)

Isto tem tudo que ver com a “ética” dos nossos políticos, não é?pois, pois... Nós é que permitimos que nos tratem como um rebanho cego a caminho do matadouro!

Sem comentários: