terça-feira, dezembro 21, 2010


Tenho que admitir que, infelizmente, não estou bastante informado sobre o projecto de monitoramento de onças-pintadas/jaguares na região de Porto Jofre, mas parece-me que o pessoal do Ibama (e da fazenda S. Bento?) pisaram na bola... Isto porque o ecoturismo conseguiu a proeza de engajar população local e investidores na conservação dos felinos em causa – simplesmente porque os deixaram de perseguir com armas de fogo, lucrando substancialmente com a sua presença e facilidade de avistamento – como em nenhum outro local do mundo . É um processo que dura há vários anos e esperemos que continue no rumo certo. O sucesso desta empreitada depende principalmente da capacidade das onças se acostumarem à presença humana, deixando de nos considerar uma ameaça letal.
Agora começaram a capturar as onças, colocando-lhes coleiras com dispositivos electrónicos de rastreamento à distância (creio que via satélite). Poderiam – e deveriam – tê-lo feito em qualquer outra região do Pantanal, onde as onças são mais perseguidas, tornando-se animais extremamente sigilosos ao ponto de quase nada se saber sobre eles. Ou então, na ilha de Taiamã, interdita ao turismo.
Creio que o trauma da captura e o desconforto das coleiras é muito pior do que o assédio dos turistas – factor de perturbação mínimo, ao qual a onças demonstram pouco ou nenhum stress. Diariamente as lanchas de turismo se aproximam das onças – não raras vezes em demasia, desrespeitando elementares regras de segurança, devemos admiti-lo. Mas as onças mostram-se tão indiferentes que até adormecem virando as costas para os observadores da natureza. Passam horas nessa indiferença segura. Como reagirão daqui para a frente, pensando que a qualquer momento aqueles estranhos poderão sedá-las, subjuga-las e colocar-lhes coleiras?!... não lhes será difícil vingarem-se nos turistas e até nos pescadores tradicionais...

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