terça-feira, dezembro 15, 2009





Através da sua filosofia pseudocientífica, René Descartes consolidou uma ideia há muito defendida pela Igreja: que a mente é uma entidade com vida própria, independente do cérebro/neurofisiologia; sobretudo via a necessidade de desassociar a mente do restante corpo físico. Essa epistomologia cavou, ou aprofundou o fosso que separa o ser dos objectos degradantes, perecíveis, ilusórios, impuros; enfim, da natureza e da nossa fragilidade animal . Apesar de ter ficado conhecido como “o rei da dúvida”, o seu questionamento obsessivo não o livrou de dar continuidade a preconceitos que são basilares das religiões abraâmicas (seguindo também a tradição platónica). Assim, Descartes “confirmou” até para os laicos que apenas os homens tinham “alma”, assim como sensibilidade e verdadeiros sentimentos. Os animais (ditos irracionais) não passariam de máquinas para nosso usufruto, numa hierarquia monolítica e irreconciliável.
Este filósofo teve uma fortíssima influência na cultura Ocidental, e ainda hoje os conservadores algo empedernidos insistem nesta visão. Felizmente que até a ciência já confirmou que entre a nossa espécie e os outros animais (pelo menos os vertebrados) a base emocional é a mesma, apenas divergindo em graus de complexidade e intensidade.
É chocante, mas pude constatar que, nos dias que correm, no Pantanal bem como noutras regiões do Brasil, se castram cavalos com extrema crueldade; sem anestesia; nem sequer suturam a ferida. A única “caridade” que condescendem (meramente por razões económicas) aos eqüinos é uma injecção de antibiótico. Enquanto um cavalo é barbaramente mutilado, as próximas vítimas são obrigadas a assistir bem ao lado, tremendo de pavor.

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