sábado, maio 08, 2010
Enquanto preso, Hitler leu o primeiro grande texto eugenista alemão Grundriss der menschlichen Erblichkeitslehre und Rassenhygiene (O Fundamento da Hereditariedade Humana e da Higiene Racial) publicado em 1921 e escrito por três importantes eugenistas alemães: Erwin Baur, Fritz Lenz e Eugen Fisher, todos aliados da eugenia americana, que tinham por mentor a Charles Davenport, o principal eugenista americano. Logo, as idéias eugenistas destes se fundiram ao nacionalismo alemão, que começou a demandar destes especialistas estudos mais detalhados da aplicação de leis eugenistas nos EUA.
Disse ele a Davenport, em uma correspondência: “Sob o novo governo (1920) nós temos uma comissão consultiva para a higiene da raça... [que] no futuro passará adiante novas leis do ponto de vista eugenista.” (Carta, Erwin Baur para Charles B. Davenport, 24 nov. 1920, APS B:D27 – Davenport & Baur, apud Edwin Black, op. cit. p. 439).
Hitler mostrava um grande conhecimento de eugenia norte americana, seja por escrito, seja em conversas particulares. Em Mein Kampf, ele declarou:
“A exigência de que pessoas defeituosas podem ser impedidas de procriar descendências igualmente defeituosas parte da razão mais cristalina e, se sistematicamente executada, representa o ato mais humano da humanidade” (Hitler, Mein Kampf, v.I cap. X, p. 255, apud Edwin Black, op. cit. p. 443).
“O Estado dos Povos deve estabelecer a raça no centro de toda vida. Precisa tomar cuidado para mantê-la pura... Precisa cuidar para que somente os saudáveis tenham filhos; pois existe apenas uma única desgraça: deixar que alguém, a despeito da própria doença e deficiência, traga crianças ao mundo... É necessário que sejam declarados incapazes para procriar todos os que são doentes de modo visível e que herdaram uma doença e podem, dessa maneira, passá-la adiante, e colocar isso em prática.” (Hitler, Mein Kampf, v.II cap. II, p. 403-404, apud Edwin Black, op. cit. p. 443)
“A prevenção da faculdade de procriadora e da oportunidade para procriar, da parte dos fisicamente degenerados e mentalmente enfermos, durante um período de seiscentos anos, não somente libertará a humanidade de uma incomensurável desgraça mas levará a uma recuperação que hoje parece escassamente conceptível... O resultado será uma raça que, pelo menos, terá eliminado os germes da nossa atual decadência física, e consequentemente, espiritual.” (Hitler, Mein Kampf, v.II cap. II, p.p. 402, 404-405, apud Edwin Black, op. cit. p. 443).
Não é de se espantar que o panteísmo de Hitler o faça enxergar a melhoria racial como melhoria espiritual da humanidade, mostrando uma clara identificação da divindade com a matéria. É interessante, contudo, notar como esta sua afirmação deixa entrever o fundo panteísta da eugenia, que busca implantar a utopia e usa o aprimoramento da raça para a redenção do homem.
E Hitler, nesta sua famigerada obra, elogia o racismo eugenista americano: “[os Estados Unidos], no qual o esforço está sendo feito para usar a razão, ao menos parcialmente. Recusando imigrantes com base no princípio de serem elementos de má saúde, simplesmente recusando certas raças por causa de sua origem, o país esta professando, em passos lentos, um ponto de vista peculiar ao Estado do povo” ((Hitler, Mein Kampf, v.III , p.p. 439-440, apud Edwin Black, op. cit. p. 445).
O que os Estados Unidos implantava lentamente, Hitler queria implantar a passos largos.
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