O que acontece aos povos dendrofóbicos…
A expansão do império romano pela Anatólia e por todo o Norte de África, permitiu-lhes construir de raiz faustosas cidades à medida dos seus sonhos arquitectónicos e imperialistas. Éfeso é um bom exemplo disso, com as suas amplas avenidas e abundância de colunas coríntias, estátuas de inspiração helénica, anfiteatros, aquíferos e sistemas de esgotos eficientes, etc… Éfeso era também um importante porto para todas as rotas comerciais que se desenvolviam no Mar Mediterrâneo. As suas privilegiadas características edafo-climáticas (a bacia do Mediterrâneo estava a tornar-se mais quente e húmida naquela época), possibilitaram uma intensa actividade agrícola, logo se convertendo num dos principais celeiros de Roma.
Os romanos necessitavam de muita madeira (ex.: para a construção de casas e de barcos; para a fundição de metais; para aquecimento dos seus banhos públicos e para fins culinários, etc…), tanto quanto de terras agricultadas. Assim, empenhavam-se em arrotear maciçamente as florestas que medravam onde decidiam estabelecer as suas colónias.
Para além de se situar na orla marítima, Éfeso beneficiava ainda do abastecimento constante de água potável que o rio Caester trazia das montanhas. O problema é que, com a eliminação das florestas circundantes, cada estação chuvosa castigava a cidade e os seus campos agrícolas com enxurradas medonhas, que arrastavam toda a manta morta e outros detritos de todas as dimensões, depositando-os na foz. Com o passar dos anos, esses detritos fluviais assoreados, transformaram zonas húmidas (onde antes a pesca era abundante e se podia navegar) em lodaçais cada vez maiores – que eram propícios à expansão da malária (a doença que se tornou num dos principais factores da queda do império romano). Também afastaram Éfeso (e outras cidades portuárias do império, que sofreram um declínio semelhante) do mar, tornando-a pouco atraente para o comércio marítimo. (Por incrível que pareça, o que resta dessa cidade situa-se hoje a 11 Kms do mar!)
Mais ensinamentos da floresta
Na selva Amazónia, por cada hectare podemos encontrar até 300 espécies [diferentes] de árvores. Este prodígio da biodiversidade acontece porque se trata de um ecossistema muito competitivo e propício ao desenvolvimento de uma quantidade incrível de formas de vida que se esforçam por ocupar outros tantos nichos ecológicos. É a terra das oportunidades para a vida – incluindo muitos parasitas das árvores e agentes patogénicos (ex. fungos e bactérias). Se, ao invés de optarem pela dispersão, cada espécie de árvore concentrasse os seus efectivos em determinadas áreas, tornar-se-ia presas fáceis para as doenças, bem como para os reveses aleatórios dos factores abióticos (ex.: inundações, intempéries, fogos, terramotos, …)
À medida que nos encaminhamos para latitudes mais setentrionais, a biodiversidade tende a diminuir. Assim, verificamos que, no que respeita à quantidade de espécies autóctones de árvores, os trópicos albergam 60 mil; os neotrópicos concentram metade desse valor; o reino Unido tem 39; e o Canadá, com áreas de bosque pristino de maiores dimensões do que qualquer país europeu, apenas tem 9.
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