Porque cargas d’água é que se celebra o nascimento de Cristo a 25 de dezembro?
Em 275 o imperador Aureliano decretou que o dia de Mitra (25 de Dezembro) seria a festividade oficial do império. No ano 320, o Papa Silvestre, sob os auspícios do imperador Constantino, instituiu o aniversário de Jesus Cristo a 25 de Dezembro.~~Tal carece por completo de provas históricas (começando pela mera existência do filho encarnado de Jeová). A intenção da Igreja Católica foi a de aproveitar o facto de os romanos festejarem o solstício de Inverno (nesse aspecto, o seu calendário estava uns dias atrasado/desfasado) num festival denominado Saturnalia que poderia mais facilmente ser adoptado ao cristianismo do que suprimido. Entre os romanos estava fortemente implantado o culto do «
Sol Invictus» ou ainda «
Dominus Invictus». (
Dominus significa Senhor. Assim,
O Senhor é o sol.)
Havia então vários cultos em voga cujas bases mitológicas poderiam servir com facilidade o propósito de Constantino e dos seus bispos.
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O investigador Michael Molnar, um crente em Jesus e na bíblia, diligentemente estudou os fenómenos astronómicos que possam corresponder ao que os evangelhos referem para o nascimento de Cristo, e chegou à conclusão que Júpiter era a “estrela de Belém” e que o Messias nasceu a 17 de Abril do ano 6 a.C..
Mas se Cristo existiu de facto, então porque é que nenhum dos seus contemporâneos escreveu sobre ele? Certamente que Pilatos e/ou os seus administradores escreveriam algum apontamento (mesmo que como referência anedótica) por terem crucificado «o Rei dos judeus». E se Cristo teve mesmo esse destino, podemos concluir que era um líder rebelde pouco ou nada relevante para os opressores romanos. A prova disso é que os seus seguidores não foram crucificados.
Por então, João Baptista era muito mais popular e influente do que o Cristo imaginado pelos crentes.No século III, o mitraísmo (uma religião derivada do zoroastrismo, com influências sincréticas da Pérsia, Índia e Roma) rivalizava em popularidade com o cristianismo em ascensão. O culto de Mitra é anterior a Cristo e une, na sua simbologia mitológica, antiquíssimos cultos ao deus Sol e ao deus Touro. Os seus seguidores acreditavam que Mitra nasceu de uma virgem, numa gruta, a 25 de Dezembro. As solenidades referentes à sua morte e ressurreição ocorriam por altura do que agora chamamos Páscoa.
Uma refulgente estrela de Leste pressagiou a sua vinda e foi ajudado por pastores nas suas primeiras horas como um mortal de humilde condição social. Como não podia deixar de ser, surgiram magos para homenagear a sua natureza divina com a oferta de ouro, incenso e mirra.
Por influência do Zoroastrismo, Mitra representava o campeão do bem na luta contra o mal. Tendo sido enviado à Terra para nos salvar, na qualidade de filho do sol, Mitra teve que sacrificar a sua vida nessa missão de sacrossanto altruísmo. A sua derradeira ceia foi na companhia de 12 seguidores que, no final da cerimónia, foram convidados a comer o seu corpo e a beber o seu sangue. 3 dias após ter morrido, Mitra ressuscitou.
Este deus tinha a designação de «Senhor» e acreditava-se que lhe cabia julgar os mortos; os escolhidos ficariam junto de si, os outros seriam condenados ao sofrimento eterno no submundo.
Na doutrina de fé do mitraísmo sustentava-se a ideia do “pecado original” e nos seus sacramentos havia a partilha do pão e do vinho.
Para os judeus (afectos ao judaísmo) o dia sagrado da semana era, e é, o Sábado (destinado exclusivamente ao descanso, à oração e a outros ritos religiosos e de socialização espiritual), obediência às leis de Moisés. O cristianismo romano (ou catolicismo apostólico) trocou o Sábado pelo Domingo na sua liturgia. Pois bem, o Domingo era o dia sagrado para os mitraístas – os mais devotos/sectários dos quais usavam uma cruz tatuada na testa… (Este era simultaneamente um símbolo solar e de fertilidade.)
Na iconografia sagrada deste culto, Mitra era comummente representad@ com um disco solar à volta da sua cabeça – tal como Cristo seria pintado até aos dias de hoje.
O deus egípcio Osíris estava igualmente ligado à ressurreição dos seus seguidores (pelo menos dos eu pertenciam à elite egípcia, até que a reformulação tardia do culto o pretendeu democratizar). Acreditava-se que morreu a uma 6ª feira e ressuscitou ao 3º dia. Sem grande surpresa, a sua data de nascimento coincidia com o 25 de Dezembro, à semelhança de outro deus do antigo Egipto chamado Horus. Isis, a mãe de Horus era uma virgem celeste. A constelação de Virgem era representada por uma mulher com um bebé nos braços – tal e qual as Virgens católicas…
Um deus pelo qual os gregos (não apenas os debochados & boémios) tinham especial apreço era Dionísio. Mais tarde os romanos adoptaram esse deus dando-lhe a designação de Baco. À semelhança de Mitra, os poetas associavam-no a um touro. Apis era também o deus touro (filho de Osíris). Os hebreus que, segundo o relato bíblico do Êxodo, saíram do Egipto adoravam-no (veja-se o episódio da adoração do bezerro dourado no meio do deserto).
Este culto estava intimamente associado a Osíris. Assim , também o aniversário de Dionísio se celebrava a 25 de Dezembro e o seu nascimento (numa gruta ou estábulo) merecera a anunciação de uma estrela e a visita de 3 generosos magos. Dionísio (que tinha por cognome o«Salvador da Humanidade») era fruto da união do maior dos deus, Zeus, com uma virgem mortal, Sêmele, a princesa de Tebas. Esta ficou grávida. O problema é que Zeus tinha uma esposa divina, Hera, que ficou furibunda com esse adultério do marido (para agravar a ofensa, foi consumado com um ser inferior). Com zelo homicida, a esposa traída tomou providências para eliminar a criança híbrida – ainda no ventre da sua rival terrena. Zeus interveio a fim de salvar o seu filho, que se agarrava à vida no corpo assassinado da sua mãe. Recorrendo a uma estrambótica cirurgia de último recurso, Zeus, à laia dos cavalos-marinhos, arranja maneira para que o restante período de gestação do bebé se desenvolva dentro da coxa do pai – e é por aí que o pare!...
Mas hera logo desferiu outro ataque conta Dionísio , cujo corpo foi estraçalhado, sobrando apenas o seu coração latejando miraculosamente. Com ele Zeus conseguiu que Perséfone (esposa de Hades, deus das trevas e da escuridão, identificado como o diabo e o inferno cristãos) clonasse Dionísio no seu ventre materno. Deste modo, Dionísio nasceu duas vezes. Quando morreu, o seu corpo foi devorado pelas Bacantes.
Dionísio/Baco simboliza o arrebatamento da liberdade, do apelo telúrico; a comunhão com o nosso lado mais selvagem e hedonista; a rejeição das convenções, dos preconceitos e da moralidade tacanha (que actualmente identificamos com os valores burgueses); a luxúria desbragada; o triunfo dos sentidos sobre o racionalismo e os medos da vida; a redenção espiritual para os libertários, desprendidos do materialismo e das ambições de poder político na coisa pública.
Daqui se pode concluir que este deus seria o último que serviria de inspiração aos primeiros cristãos na construção mitológica de Jesus Cristo. Não obstante, consta que Dionísio era seguido por
12 apóstolos; fez uma entrada triunfal montado num burro; ao morrer, desceu ao inferno (tal como aconteceu a Cristo na versão de alguns evangelhos agnósticos), de onde regressou à companhia dos mortais volvidos 3 dias. A seguir, foi para o céu.
Um dos seus truques mais aplaudidos era a transformação de água em vinho.
O plágio dos cristãos é tão óbvio que até enjoa…
A recorrente alusão de que estes deuses, enquanto símbolos solares que andaram entre nós expostos na fragilidade da carne, tinham por homens-sombra 12 fiéis parece-me uma alusão às 12 constelações & signos do Zodíaco babilónico. Tampouco é um mero acaso que o seu nascimento se situe no solstício de Inverno (quando, no hemisfério norte, é mais necessário combater as trevas com a esperança da prosperidade soalheira que chegará daí a uns meses) e que a sua ressurreição “aconteça” sempre na Primavera, estação que simboliza o renascimento/renovação da natureza.
PB