segunda-feira, agosto 29, 2011


Maquinações político-partidárias...

“Não acreditar em Deus é um atalho para a felicidade”
Artigos, Ateísmo — por Mário César em 5 de janeiro de 2011 às 10:00 Fonte: Revista Veja.

Por: Marco Túlio Pires


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Em novo livro, o filósofo e neurocientista americano Sam Harris propõe a criação de uma ‘ciência da moralidade’ para acabar de uma vez por todas com a influência da religião

Quando o filósofo americano Sam Harris soube que o atentado ao World Trade Center em Nova York (Estados Unidos), no dia 11 de setembro de 2001, teve motivações religiosas, a briga passou a ser pessoal. Harris publicou em 2004 o livro A Morte da Fé (Companhia das Letras) — uma brutal investida contra as religiões, segundo ele, responsáveis pelo sofrimento desnecessário de milhões. Para Harris, os únicos anjos que deveríamos invocar são a ‘razão’, a ‘honestidade’ e o ‘amor’.

Ao entrar de cabeça em um assunto tão delicado, o filósofo de 43 anos conquistou uma legião de inimigos e deu início a uma espécie de combate literário. Em resposta à repercussão de seu primeiro livro, que levou à publicação de livros-resposta sob as perspectivas muçulmana, católica e outras, os ataques de Harris à fé religiosa continuaram em 2006, com o lançamento do livro Carta a Uma Nação Cristã (Companhia das Letras).




"A Ciência é capaz de dizer o que é certo e o que é errado", diz Sam Harris
Criado em um lar secular, que nunca discutiu a existência de Deus e nunca criticou outras religiões, Harris recebeu o título de Doutor em Neurociência em 2009 pela Universidade da Califórnia (Estados Unidos). A pesquisa de doutorado serviu como base para seu terceiro livro, lançado em outubro de 2010: The Moral Landscape (sem edição brasileira). Nele, Harris conquista novos inimigos, dessa vez cientistas.

Agora, Harris tenta utilizar a razão e a investigação científica para resolver problemas morais, sugerindo a criação do que ele chama de “ciência da moralidade”. Ele afirma que o bem-star humano está relacionado a estados mentais mensuráveis pela neurociência e, por isso, seria possível investigar a felicidade humana sob essa ótica — algo com que a maioria dos cientistas está longe de concordar.

A ciência da moralidade substituiria a religião no papel de dizer o que é bom ou mau. Esse ‘novo ateísmo’ rendeu a Harris e outros três autores proeminentes — Daniel Dennet, Richard Dawkins e Christopher Hitchens — o título de ‘Cavaleiros do Apocalipse’.

Em entrevista ao site de VEJA, Harris explica os pontos mais sensíveis de sua argumentação, e afirma que descrer de Deus é um atalho para a felicidade.

Por que a moralidade e as definições do bem e do mal não deveriam ser deixadas para a religião? O problema com relação à Religião é que ela dissocia as questões do bem e do mal da questão do bem-estar. Por isso, a religião ignora o sofrimento em certas situações, e em outras chega a incentivá-lo. Deixe-me dar um exemplo. Ao se opor aos métodos contraceptivos, a doutrina da Igreja Católica causa sofrimento. É coerente com seus dogmas, embora eles levem crianças a nascerem na pobreza extrema e pessoas a serem infectadas pela aids, por fazerem sexo sem camisinha. Através das eras, os dogmas contribuíram para a miséria humana de maneira tremenda e desnecessária.

Nem toda moralidade é baseada em religião. Existe uma longa tradição de pensamento moral secular por meio da filosofia. O que há de errado com essa tradição? Não há nada de errado com ela a não ser o fato de que a maior parte das discussões filosóficas seculares são confusas e irrelevantes para as questões importantes na vida humana. Deveria ser consenso o apreço ao bem-estar humano. Se alguma coisa é má, é porque ela causa um grande e desnecessário sofrimento ou impede a felicidade das pessoas. Se alguma coisa é boa, é porque ela faz o contrário. Mas existem filósofos seculares batendo cabeça em debates entediantes, dizendo que não podemos falar de verdade moral. Segundo eles, cada cultura deve ser livre para inventar seus ideais morais sem ser perturbado por outros. Isso é loucura. Hoje reconhecemos que a escravidão, que era praticada por muitas culturas, era fonte de sofrimento. Nesse caso, deixamos para trás o relativismo. Por que não podemos fazer o mesmo em outros casos?

Você parece sugerir que a tolerância a outros credos não é uma virtude, como a maioria pensa. Por quê? É um posicionamento inicial muito bom. A tolerância é a inclinação para evitar conflito com outras pessoas. É como queremos que a maioria se comporte a maior parte do tempo quando se depara com diferenças culturais. Mas quando as diferenças se tornam extremas e a disparidade na sabedoria moral se torna incrivelmente óbvia, então, a tolerância não é mais uma opção. A tolerância à intolerância nada mais é do que covardia. Não podemos tolerar uma jihad global. A ideia de que se pode chegar ao paraíso explodindo pessoas inocentes não é um arranjo tolerável. Temos que combater essas coisas por meio da intolerância às pessoas que estão comprometidas com essa ideologia. Não acredito que seria possível sentar à mesa com, por exemplo, Osama Bin Laden e convencê-lo que a forma como ele enxerga o mundo é errada.

Por que a ciência deveria ditar o que é certo e o que é errado? Temos que reconhecer que as questões morais possuem respostas corretas. Se o bem-estar humano surge a partir de certas causas, inclusive neurológicas, quer dizer que existem formas certas e erradas para procurar a felicidade e evitar a infelicidade. E se as respostas corretas existem, elas podem ser investigadas pela ciência. Chamo de ciência o nosso melhor esforço em fazer afirmativas honestas sobre a natureza do mundo, tendo como base a razão e as evidências.

O que é a ciência da moralidade e o que ela quer conquistar? É a ciência da mente humana e das variáveis que afetam a nossa experiência do mundo para o bem ou para o mal. Ela pretende discutir, por exemplo, o que acontece com mulheres e garotas que são forçadas a utilizarem a burca [vestimenta muçulmana que cobre todo o corpo da mulher]. São efeitos neurológicos, psicológicos, sociológicos que afetam o bem-estar dos seres humanos. Com a burca, sabemos que é ruim para as mulheres e para a sociedade. Se metade de uma sociedade é forçada a ser analfabeta e economicamente improdutiva, mas ter quantos filhos conseguir, fica óbvio que essa é uma estratégia ruim para construir uma população que prospera. O objetivo é entender o bem-estar humano. Assim como queremos fazer convergir os princípios do conhecimento, queremos que as pessoas sejam racionais, que avaliem as evidências, que sejam intelectualmente honestas e que não sejam guiadas por ilusões. A Ciência da Moralidade pretende aumentar as possibilidades da felicidade humana.

O senhor afirma que há um muro dividindo a ciência e a moralidade. No que ele consiste? Existem razões boas e ruins para a existência desse muro. A boa é que os cientistas reconhecem que os elementos relevantes ao bem-estar humano são extremamente complicados. Sabemos muito pouco sobre o cérebro, por exemplo, para entender todos os aspectos da mente humana. A ciência espera um dia responder essas questões e isso é muito bom. A razão ruim é que muitos cientistas foram confundidos pela filosofia a pensar que a ciência é um espaço sem valores. E a moralidade está, por definição, na seara dos valores. Esse muro não será destruído enquanto não admitirmos que a moralidade está relacionada à experiência humana, que por sua vez está relacionada com o cérebro e com a forma pela qual o universo se apresenta. Ou seja, por elementos que podem ser investigados pela ciência.

Quais avanços científicos lhe fazem pensar que, agora, a moralidade pode ser tratada a partir do ponto de vista do laboratório? Temos condição de dizer quando uma pessoa está olhando para um rosto, ou uma casa, ou um animal, ou quais palavras ela está pensando dentro de uma lista. Esse nível cru de diferenciação de estados mentais está definitivamente ao alcance da ciência. Sabemos quando uma pessoa está sentindo medo ou amor. Por causa disso podemos, em princípio, pegar uma pessoa que diz não ser racista, colocá-la em um medidor e verificar se ela está falando a verdade. Não apenas isso, podemos descobrir se ela está mentindo para si mesma ou para as outras pessoas. A tecnologia já chegou a esse nível, mas não conseguimos ler a mente das pessoas com detalhes. É possível que futuramente possamos descobrir coisas sobre a nossa subjetividade de que não temos consciência, utilizando experimentos científicos. E isso tudo se relaciona ao bem-estar humano e o modo como as pessoas ficam felizes e como poderemos viver juntos para maximizar a possibilidade de ter vidas que valham a pena.

Por que deveríamos confiar a educação dos nossos filhos aos valores científicos? Os cientistas não se transformariam, com o tempo, em algo como padres, mas com uma ‘batina’ diferente? Cientistas não são padres. Os médicos, por exemplo, agem sob o pensamento da medicina, que, como fonte de autoridade, não se tornou arrogante ou limitou a liberdade das pessoas de maneira assustadora. É uma disciplina que está concentrada em entender a vida humana e minimizar o sofrimento físico. Seu médico nunca vai até você ‘pregar’ sobre os preceitos da ciência, você vai até ele quando precisa. Pais que se deixam guiar por dogmas religiosos não dão remédios aos filhos e os deixam morrer. Na ciência não existem dogmas. Qualquer afirmação pode ser contestada de maneira sensata e honesta.

O que dizer dos experimentos neurológicos que sugerem que a crença religiosa está embutida nos nossos cérebros? Não acho que a crença religiosa esteja embutida no cérebro humano. Mas digamos que esteja. Façamos um paralelo com a bruxaria. Pode ser que a crença em bruxaria estivesse embutida em nossos cérebros. A bruxaria matou muitos seres humanos, assim como a religião. Todas as culturas tradicionais acreditaram em algum momento em bruxas e no poder de magia e, na verdade, a crença na reza possui um conceito semelhante. Algumas pessoas dizem que sempre acreditaremos em bruxas, que a saúde humana será afetada pela ‘magia’ de vizinhos. Na África, muitas pessoas realmente acreditam em bruxaria e isso é terrível porque causa sofrimento desnecessário. Quando não se entende porque as pessoas ficam doentes, ou porque as crianças morrem antes dos três anos, você está num estado de ignorância que a crença em bruxaria está suprindo uma necessidade de maneira nociva. Superamos isso no mundo desenvolvido por causa do avanço da Ciência. Sabemos como a agricultura é afetada, por exemplo. Entendemos os fenômenos meteorológicos e a biologia das plantas. Não é algo que a religião resolve, e sim a ciência. Mas costumava ser assim. A crença na regência de um deus sobre a lavoura era universal.

As pessoas deveriam parar de acreditar em Deus? Se eu acho que as pessoas deveriam parar de acreditar no Deus da Bíblia? Com certeza. Da mesma forma que as pessoas pararam de acreditar em Zeus, em Thor e milhares de deuses mortos. O Deus da Bíblia tem exatamente o mesmo status desses deuses mortos. É um acidente histórico estarmos falando dele e não de Zeus. Poderíamos estar vivendo num mundo onde os suicidas muçulmanos se explodiriam por causa de ideias dos deuses do Monte Olimpo. A diferença entre xiitas e sunitas muçulmanos é a mesma diferença entre seguidores de Apolo e seguidores de Dionísio.

O senhor sempre foi ateu? Nunca me considerei um ateu, nem mesmo ao escrever meu primeiro livro. Todos somos ateus em relação a Zeus e Thor. Eu era um ateu em relação a eles e ao deus de Abraão. Mas nunca me considerei um ateu, como a maioria das pessoas não se considera pagã em relação aos deuses do Monte Olimpo. Foi no 11 de setembro de 2001, dia do atentado ao World Trade Center em Nova York, que senti que criticar a religião publicamente havia se tornado uma necessidade moral e intelectual. Antes disso eu era apenas um descrente. Eu nunca havia lido livros ateus, ou tivera qualquer conexão com a comunidade ateísta. O ateísmo não é um conceito que considere interessante ou útil. Temos que falar sobre razão, evidências, verdade, honestidade intelectual — todas essas coisas são virtudes que nos deram a ciência e todo tipo de comportamento pacífico e cooperativo. Não é preciso dizer que você é contra algo para advogar em favor da honestidade intelectual. Foi justamente isso que destruiu os dogmas religiosos.

O senhor cresceu em um ambiente religioso? Cresci em um ambiente completamente secular, mas não havia crítica às religiões ou discussões sobre ateísmo, existência de Deus etc. Quando era adolescente, fiquei muito interessado em religiões e experiências religiosas. Coisas como meditação, por exemplo. Aos vinte, comecei a estudar espiritualidade e misticismo. Ainda me interesso por essas coisas, mas acho que, para experimentar, não precisamos acreditar em nada que não possua evidencias suficientes.

Como o senhor se sente em ser rotulado como um dos ‘Quatro Cavaleiros do Apocalipse’? Estou muito feliz com a companhia! É uma honra. A associação não me desagrada de forma alguma. Acho que os quatro lucraram por terem sido reunidos e tratados como uma pessoa de quatro cabeças. Em alguns momentos é um desserviço porque nossos argumentos não são exatamente os mesmos e não acreditamos nas mesmas coisas em todos os pontos. Mas tem sido útil sob o ponto de vista das publicações e admiro muito os outros cavaleiros — os considero mentores e amigos. A parte do apocalipse tem um efeito cômico.

Se o senhor tivesse a chance de se encontrar com o Papa para um longo e honesto bate-papo, qual seria sua primeira pergunta? Gostaria de falar imediatamente sobre o escândalo do estupro infantil dentro da Igreja Católica. Acho que o Papa é culpável por tudo que aconteceu. A evidência nesse momento sugere que ele estava entre as pessoas que conseguiram fazer prolongar o sofrimento de crianças por muitos anos. Acho que ele trabalhou ativamente para proteger a Igreja do constrangimento e no processo conseguiu garantir que os estupradores tivessem acesso às crianças por décadas além do que deveria ter sido. O Papa deveria ser diretamente desafiado por causa disso. Contudo, é algo que seu status como líder religioso impede que aconteça. Ele nunca seria protegido dessa forma se ele estivesse em qualquer outra posição na sociedade. Imagine o que aconteceria se descobrissem que o reitor da Universidade de Harvard [uma das universidades americanas mais respeitadas do mundo] tivesse permitido que empregados da universidade estuprassem crianças por décadas e ele tivesse mudado essas pessoas de departamento para protegê-las da justiça secular? Ele estaria na cadeia agora. E isso é impensável quando se fala do Papa. Isso acontece por que nos ensinaram a tratar a religião com deferência.

quinta-feira, agosto 11, 2011


You can’t Google it and get it back
Why the death of tribal languages matters
by Joanna Eede

“You say laughter and I say larfter,” sang Louis Armstrong. The difference is subtle. Across the world, however, from the Amazon to the Arctic, tribal peoples say it in 4,000 entirely different ways.

Sadly, no one now says “laughter” in Eyak, a language from the Gulf of Alaska, whose last fluent speaker died in 2008, or in the Bo language from the Andaman Islands, for its last remaining speaker, Boa Senior, died in 2010. Nearly 55,000 years of thoughts and ideas— the collective history of an entire people— died with her.

Most tribal languages are disappearing faster than they can be recorded. Linguists at the Living Tongues Institute for Endangered Languages believe that on average, a language is disappearing every two weeks. By 2100, more than half of the more than 7,000 languages spoken on Earth—many of them not yet recorded—may disappear. The pace at which they are declining exceeds even that of species extinction.



As tribal peoples are evicted from their lands, as their children are taken away from their communities and forced into education systems that strip away traditional wisdom, as wars, urbanisation, genocide, disease, violent land-grabs and globalisation continue to threaten tribal peoples with extinction, so the world’s tribal languages are dying. And with the death of tribes and the extinction of their languages, unique parts of human society become nothing more than memories.

In Western Brazil, among the endlessly dry, yellowing soya fields of Rondônia state, where smoke billows on the horizon and the smell of burning wood hangs in the air, there still exist small fragments of lush, intact rainforest. Here the five remaining members of the once-thriving, and isolated, Akuntsu tribe live.

Their diminished population is due to the building of a major highway through Rondônia in the 1970s, which resulted in waves of cattle ranchers, loggers, land speculators and colonists occupying the state. The settlers were hungry for land, at any price. Cattle ranchers bulldozed the forest home of the Akuntsu, tried to hide the destruction, and employed gunmen to murder the inhabitants. The surviving members fled into the forest, where they remained, traumatised, until contact was made in the mid-1990s. Since then, linguists have been working with the tribe in an effort to understand their language. The hope is that one day the Akuntsu will not only be able to recount their tragic story in detail, but will be able to share the knowledge and insights embedded in their words.




There are now just five surviving Akuntsu. When they die, the tribe will become extinct.
The fate of tribal languages is the same across the world. Before Europeans arrived in America and Australia, hundreds of complex languages were spoken in each country. Today, neither the Yurok language of California nor the Yawuru of Western Australia has more than a handful of speakers. Among the Blackfoot tribes of the northwestern plains of North America, it is rare to find a person under the age of 20 speaking the mother tongue, Siksika; most speakers are dwindling groups of elderly people. When languages become the preserve of the old, the knowledge systems inherent in them become endangered; for the rest of the world, this means that unique ways of adapting to the planet and responding creatively to its challenges go to the grave with the last speakers. In a world of ecological uncertainty, such information is no small loss.

In fact, many of the world’s tribal languages are not spoken to children. Preventing a tribe from communicating in its language has long been a policy deliberately adopted by dominant authorities in order to marginalise tribal ways of life. From the 1950s to 1980s, the Soviet authorities in Siberia tried to suppress the traditions of the country’s tribal peoples by sending tribal children to schools that did not teach their own languages; some children were even punished for daring to speak them.

In Canada, Inuit children were taken away from their homes, sent to residential schools, and beaten for communicating in their mother tongue. “I didn’t expect to get strapped at that time, but I did,” said George Gosnell, an Inuit man, “I went to the principal’s office and I got strapped for using our languages.” In Canada’s Innu communities, although some teaching is now carried out through the medium of Innu-aimun, the Innu language, most is conveyed in English or French. “The kids don’t understand us these days we when use old Innu words,” an Innu man told a Survival International researcher, “and we can’t translate, because we don’t understand.”


Understanding is everything, however, in harsh environments. To understand a language and the knowledge and information held within it is to survive: land, life and language are intimately related for most tribal peoples. Encoded within their vocabularies and passed down the generations are the secrets to surviving in the deserts of Africa, the ice-fields of the Arctic or the rainforests of Papua New Guinea. “I cannot read books,” said the Gana Bushman Roy Sesana from Botswana. “But I do know how to read the land and animals. All our children could. If they couldn’t, they would have died long ago.”

The languages of Bo, Innu-aiman, Penan, Akuntsu, Siksika, Yanomami and Yawuru are rich in the results of thousands of years of observation and discovery and aspects of life that are central to the survival of the community – and the wider world. “The hunter gatherer way of being in the world, their way of knowing and talking about the world, depends on detailed, specific knowledge,” says anthropologist Hugh Brody, while linguist K. David Harrison, in his book When Languages Die writes, “When we lose a language, we lose centuries of human thinking about time, seasons, sea creatures, reindeer, edible flowers, mathematics, landscapes, myths, music, the unknown and the everyday.”



Clive W. Dennis/SurvivalMost tribal languages, however, cannot be found in books. Or on the Internet. Or for that matter in any form of documentation, because most of them have been orally conveyed. But this, of course, makes them no less valid, or relevant. Oral languages record their own parallel stream of history. “Australia’s true history is never read,” wrote an Aboriginal poet, “But the black man keeps it in his head”—a thought echoed by the Bushman woman Dicao Oma when she said simply, “We have our own talk."

Similarly, the Bolivian Kallawaya, itinerant healers who are thought to have been the naturopathic healers for Inca Kings, and who still travel through the Andean mountain valleys and highland plateaus in search of traditional herbs, also have their own “talk”; a secret family language that has been handed down from father to son, or grandfather to grandson. Some believe the language, called Machaj Juyai or “folk language,” to be the secret language of the Inca Kings, linked to the languages of the Amazonian forest, to which the Kallawaya once travelled to find material for their treatments.

In the age of technology, there is some hope of revival for Kallawaya and other fading languages of the world. One encouraging example is Quecha, the most widely spoken indigenous language in South America. It has long been in slow decline but is being revived after Google launched a search engine in Quechua, Microsoft produced versions of Windows and Office in the language, and the scholar Demetrio Túpac Yupanqui translated Don Quixote into his own mother tonguge. Documenting and saving ancient languages is thus entirely possible, and can actually be facilitated by the latest communication technologies: mobile phone texts, social networks and iPhone apps.

In the end, the death of tribal languages matters not only for the identity of its speakers—a language is, as the linguist Noam Chomsky said, “a mirror of the mind”—but for all of us, for our common humanity. Tribal languages are languages of the earth, suffused with complex geographical, ecological and climatic information that is rooted in locale, but universally significant. The very fact that the Inuit people of Canada have no one word for snow, for example, but are able to name many different types, demonstrates just how attuned they are to their environment, and therefore to potential changes in it—a skill that, arguably, many urbanised people have lost now that they are that more removed from the natural world.



But languages are also rich in spiritual and social insights–ideas about what it is to be human; to live, love and die. Just as natural cures to humanity’s illnesses are waiting to be found in plants in the rainforest, so many ideas, perceptions and solutions about how humans engage with each other and with the natural world already exist, in the tribal languages of the world. Languages are far more than mere words: they amount to what we know, and who we know ourselves to be. Their loss is immeasurable. In the words of Daniel Everett, linguist, author and Dean of Arts and Sciences at Bentley University, “When we lose tribal knowledge we lose part of our ‘force’ as Homo sapiens. There is a inestimable loss of expression of humor, knowledge, love, and the gamut of human experience. One ancient tradition, a world of solutions to life is lost forever. You can’t Google it and get it back.”

“They say our language is simple, that we should give up this simple language of ours and speak your kind of language,” wrote Inuit Simon Anaviapik. “But this language of mine, of yours, is who we are and who we have been. It is where we find our stories, our lives, our ancestors; and it should be where we find our future, too.”


Porque os americanos ainda não gostam dos ateus?
O artigo abaixo é uma tradução do que foi publicado dia 29/04/11 no The Washington Post por Gregory Paul e Phil Zuckerman. Dá uma idéia de como é o pensamento geral sobre os ateus nos Estados... Unidos e, consequentemente, de como deve ser aqui, no maior país católico do mundo.

Porque os americanos ainda não gostam dos ateus?
Muito depois de os negros e os judeus terem feito grandes progressos, e até mesmo enquanto homossexuais ganham respeito, aceitação e novos direitos, ainda há um grupo que muitos americanos não gostam: os ateus. Aqueles que não acreditam em Deus são amplamente considerados imorais, perversos e raivosos. Eles não podem se juntar aos escoteiros. Soldados ateus são classificados potencialmente deficientes quando não marcam suficientemente "espiritual" em avaliações psicológicas militares. Pesquisas mostram que a maioria dos americanos se recusam ou são relutantes em se casar com, ou votar em não-teístas; em outras palavras, os não-crentes são uma minoria a qual ainda é comumente negados em termos práticos, o direito de assumir o cargo político, apesar da proibição constitucional da exclusão religiosa.

Raramente denunciado pelo mainstream, esta discriminação anti-ateu impressionante é instigada por conservadores cristãos, que estridente - e incivilizadamente - declaram que a falta de fé piedosa é prejudicial à sociedade, tornando os não crentes intrinsecamente suspeitos e de segunda classe.

É essa aversão instintiva de ateus justificada? Nem perto disso.

Um crescente conjunto de pesquisas em ciências sociais revela que os ateus, e pessoas não-religiosas em geral estão longe de serem os seres repugnantes que muitos supõem que elas sejam. Em questões básicas da decência moral e humana - questões como o uso governamental da tortura, a pena de morte, a punição física em crianças, o racismo, o sexismo, a homofobia, o anti-semitismo, a degradação ambiental ou direitos humanos - os irreligiosos tendem a ser mais éticos do que seus colegas religiosos, especialmente em comparação com aqueles que se descrevem como muito religioso.

Considere-se que ao nível social, as taxas de homicídio são muito menores em países laicos como o Japão ou a Suécia do que nos muito mais religiosos Estados Unidos, que também tem uma parcela muito maior da população na prisão. Mesmo dentro deste país, os estados com os maiores níveis de freqüência à igreja, como a Louisiana e Mississippi, têm taxas de homicídio significativamente maior do que em estados muito menos religiosos como Vermont e Oregon.
Enquanto indivíduos, os ateus tendem a pontuação elevada em medidas de inteligência, principalmente na habilidade verbal e alfabetização científica. Eles tendem a criar seus filhos para resolver problemas racionalmente, para fazer a sua própria opinião quando se trata de questões existenciais e obedecer a regra de ouro. Eles são mais propensos a praticar sexo seguro do que os fortemente religiosos, e são menos prováveis de serem nacionalistas ou etnocêntricos. Eles valorizam a liberdade de pensamento.

Enquanto muitos estudos mostram que os americanos laicos não se saíram tão bem quanto os religiosos quando se trata de certos indicadores de saúde mental ou bem-estar subjetivo, novos estudos estão mostrando que as relações entre o ateísmo, o teísmo, saúde mental e o bem-estar são complexas. Afinal de contas, a Dinamarca, que está entre os países menos religiosos na história do mundo, consistentemente apresenta-se como a mais feliz das nações. E os estudos de apóstatas - pessoas que eram religiosos, mas mais tarde rejeitaram sua religião – se mostraram mais felizes, melhores e liberados em suas vidas pós-religiosas.

Não-teísmo não é sempre “balões e sorvetes”. Alguns estudos sugerem que as taxas de suicídio são maiores entre os não-religiosos. Mas as pesquisas que indicam que os americanos religiosos estão em melhor situação pode ser enganosa, porque incluem entre os não-religiosos os indecisos que são tão propensos a acreditar em Deus, enquanto os que são ateus convictos possuem os mesmos índices dos crentes devotos. Em inúmeros indicadores respeitados do sucesso da sociedade - as taxas de pobreza, gravidez na adolescência, aborto, doenças sexualmente transmissíveis, obesidade, uso de drogas e a criminalidade, bem como a economia - níveis elevados de laicidade são consistentemente correlacionados com resultados positivos em países de primeiro mundo. Nenhuma das avançadas democracias laicas sofre dos males sociais combinados visto aqui na América Cristã.
Mais de 2.000 anos atrás, quem escreveu o Salmo 14 alegou que os ateus são tolos e corruptos, incapazes de fazer qualquer bem. Estereótipos negativos dos ateus ainda estão vivos e bem. No entanto, como todos os estereótipos, eles não são verdadeiros - e talvez eles nos dizem mais sobre aqueles que os propagam do que aqueles que são difamados por eles. Assim, quando pessoas como Glenn Beck, Sarah Palin, Bill O'Reilly e Newt Gingrich se engajam na política da "divisão e destruição" com a difamação dos ateus, eles o fazem em negação da realidade.

Como acontece com outros grupos de minorias nacionais, o ateísmo está em crescimento rápido. Apesar do fanatismo, o número de não-teístas americanos triplicou como proporção da população em geral desde 1960. A tolerância das gerações mais jovens para as intermináveis disputas religiosas está diminuindo rapidamente. Pesquisas projetadas para entender a relutância em admitir o ateísmo descobriram que cerca de 60 milhões de americanos - um quinto da população - não são crentes. Nossos compatriotas não-religiosos devem receber o mesmo respeito que outras minorias.

Gregory Paul é um pesquisador independente em sociologia e evolução. Phil Zuckerman, professor de sociologia na Pitzer College, é o autor de "Sociedade sem Deus."

Link original:
http://www.washingtonpost.com/opinions/why-do-americans-still-dislike-atheists/2011/02/18/AFqgnwGF_story.html